Redemoinho de fogo no Pantanal aumenta alerta e municípios se mobilizam para combater os incêndios

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Redemoinho de fogo no Pantanal aumenta alerta e municípios se mobilizam para combater os incêndios
Conforme o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), 30 brigadistas do Prevfogo de Goiás e Pernambuco chegaram em Mato Grosso do Sul para ajudar nos combates. Depois de um redemoinho gigante de fogo e fuligem ser registrado na região da Reserva Natural Santa Sofia, no Pantanal, às margens do rio Negro, em Miranda (MS), os municípios próximos das áreas de incêndio começaram a se mobilizar, junto do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Prevfogo e Corpo de Bombeiros, para auxiliar no combate.

De acordo com o Ibama, neste sábado (3) mais 30 brigadistas, sendo 15 Goiás e 15 Pernambuco, chegaram no estado ajudar. Atualmente o Pantanal de Mato Grosso do Sul conta com 253 brigadistas do Prevfogo. Sendo 130 na base de Corumbá, 60 no Setor Terena e 62 no Setor Kadiwéu. Além de 4 helicópteros do Ibama.

Vento forma redemoinho de fuligem e fumaça assusta moradores no Pantanal

Ao g1, o tenente dos bombeiros, José Carlos Herculano Gonçalves, informou que novas estratégias foram montadas para que o fogo não avance para a reserva do Parque Estadual do Pantanal do Rio Negro.

"Hoje as frentes de fogo se concentram na região da fazenda Caiman, onde tem bastante gente do Ibama, mas eles pediram apoio ontem e mandamos três equipes dos bombeiros com aeronave. Outra frente é na região da fazenda Bodoquena, deslocamos aeronave lá também, fizemos contato com a propriedade, que mostraram todo o plano de ação na hora que o fogo chegar. Nesse momento o fogo está entrando numa região que não tem como acessar por máquina, meio de transporte terrestre, então estamos montado uma estratégia para combater esse foco em conjunto das propriedades privadas", informou o militar.

Redemoinho de fuligem é registrado no Pantanal.

Reprodução

Mobilização

A aproximação do fogo também aumentou o alerta dos municípios de Aquidauana, Miranda e Anastácio, que estão próximos a região da queimada. Além do trabalho da força estadual de combate, algumas prefeituras também estão se mobilizando para evitar o progresso dos incêndios.

Aquidauana

Embora não possua brigada de incêndio, o prefeito Odilon Ribeiro informou ao g1 que está em contato direto com os produtores da região, acompanhado a situação pronto para colaborar no que for necessário.

"A Prefeitura de Aquidauana tem maquinários de manutenção das estradas/vias todos à disposição, se servirem para o trabalho dos militares nossos maquinários poderão a qualquer momento atender, temos operadores das maquinas à disposição pra atender o chamado que receberem dos militares. Eles [militares] sabem a melhor forma e mais segura de agir e tem nosso apoio à disposição a qualquer momento. Quanto à Saúde pública, nossa rede municipal de saúde tem profissionais à disposição pra atender a população, tanto nas Equipe de Saúde da Família (ESF) quanto no Hospital Regional e Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU). Estamos acompanhando e estamos em alerta pra atendimento, pra ajudar a população que precisar", explicou o prefeito.

A reportagem entrou em contato com o Ibama, informando sobre a disponibilidade do município. "O Comando não recebeu da prefeitura essa possibilidade. O Comando irá entrar em contato", disse o órgão.

Miranda

Em Miranda, o prefeito Fábio Florença disse à reportagem que estão dando apoio ao produtores locais, que possuem maquinários que podem auxiliar no impedimento do avanço do fogo.

"Esse vento está fazendo redemoinho e joga o fogo a muitos quilômetros, por isso a ação tem partido do Governo Federal. Não temos temos mãos nem estrutura para ajudar no combate direto. Mas estamos preocupados, já entramos em contato com o cacique para fazer um aceiro impedir que o fogo entre nas aldeias", explicou o prefeito.

Ao ser questionado sobre a sensação, já que Miranda é um dos municípios mais próximos da chama, Florença explicou que a sensação da cidade é de fogo, com muita cinza. "A saúde ta preparada para atender todos, estamos bem organizados, para dar um total apoio, mas a parte do controle de fogo a gente não tem braço", finalizou.

Anastácio

O g1 entrou em contato com o prefeito do município, mas até a atualização desse material não obteve retorno sobre as ações realizadas.

Queimadas

Fogo consume vegetação na região de Corumbá.

Bruno Rezende

O bioma voltou a queimar há duas semanas. Os focos de calor chegaram a zerar e novos incêndios não foram registrados por cerca de 10 dias na região pantaneira. Porém, as altas temperaturas e a baixa umidade relativa do ar fizeram com que o fogo retornasse na região. Este cenário já era esperado por especialistas.

Neste ano, de 1º de janeiro a 25 de junho, mais de 3 mil focos de incêndio foram registrados no Pantanal. Ao todo, 661 mil hectares foram consumidos pelas chamas (513 mil hectares em MS e 148 mil, em MT), segundo dados da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Os números já superam os registrados no mesmo período de 2020, quando houve recorde de devastação no bioma.

Especialistas explicam que o aumento exponencial dos focos de incêndio no Pantanal ainda em junho é causado pela antecipação da temporada do fogo, que chegaria só entre o fim de julho e agosto, e a exposição do solo seco.

"Esse é um dos piores momentos já registrados no Pantanal, em 2020 o fogo matou diretamente cerca de 16 milhões de animais, e esse ano isso pode ser pior", relata o pesquisador Gustavo Figueirôa.

O estado de Mato Grosso do Sul decretou estado de emergência nas cidades atingidas pelos incêndios.

Um estudo feito pela pesquisadora do Departamento de Meteorologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Renata Libonati, aponta que a atividade humana é a principal causa dos incêndios na região, representando cerca de 84%, seguido por 16% ocasionados por meios naturais.

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