'Não conseguia acreditar': o fim da saga do casal acusado de transportar cocaína para a Turquia após troca de etiquetas de malas em SP
Ahmed e Malak chegaram a ficar quase 5 meses na prisão.
Ahmed e Malak chegaram a ficar quase 5 meses na prisão. Somente nesta semana, a justiça turca reconheceu que os dois foram vítimas de quadrilhas que atuam no Aeroporto de Guarulhos. O fim da saga do casal acusado de tráfico internacional de drogas na TurquiaO Fantástico tem acompanhado desde o ano passado,a saga de um casal de líbios naturalizados brasileiros, para conseguir se livrar de uma acusação de tráfico internacional de drogas na Turquia. Ahmed e Malak chegaram a ficar quase 5 meses na prisão. Somente nesta semana, a justiça turca reconheceu que os dois foram vítimas de quadrilhas que atuam no Aeroporto de Guarulhos, enviando cocaína ao exterior em nome de viajantes inocentes."Eu estava deitado na cama lendo um livro, quando, de repente, o guarda veio e disse: 'parabéns, você está liberado'. Não conseguia acreditar. Eu pensava na minha esposa: 'Será que ela saiu também'", conta Ahmed. O caso Imagine pegar um voo internacional no Aeroporto de Guarulhos e despachar sua bagagem. Mas, depois da viagem, você é preso em algum lugar do mundo porque trocaram sua bagagem por outra cheia de drogas. Foi exatamente isso que aconteceu com Ahmed e Malak.Em outubro de 2022, o casal de líbios naturalizados brasileiros se mudou de São Paulo para a Líbia, com escala em Istambul, na Turquia. Quatro dias depois da viagem, duas malas com 43 quilos de cocaína foram apreendidas no Aeroporto Turco, com etiquetas em nome de Malak. No entanto, as bagagens não pertenciam a eles. Uma investigação da Polícia Federal do Brasil revelou que as etiquetas foram retiradas de partes de um carrinho de bebê despachado pelo casal em Guarulhos. Ahmed só descobriu o problema quando voltou à Turquia a negócios em maio do ano passado e não pôde mais sair do país. Em novembro, ele e a esposa compareceram à primeira audiência na Justiça."Eu fiz tudo direito. Eu não fugi. Fui estúpido de trazer a minha mulher para cá. Eu prometi para ela que ia ficar tudo bem, e eles nos mandaram para a prisão", relatou Ahmed. Período no presídio Ahmand e a esposa passaram 141 dias em presídios diferentes, afastados dos dois filhos de 2 e 4 anos, que ficaram na Líbia com parentes. "A pior parte para mim na prisão foi um dia em que eu liguei para a minha família pela câmera. Chamei meu filho, de 3 anos para falar comigo e ele disse: 'Não vou conversar com você. Você me abandonou'", relatou Ahmed. Imagens do circuito interno apagadasQuando a Polícia Federal brasileira soube da investigação turca, 7 meses depois do embarque do casal, as imagens do circuito interno já tinham sido apagadas. Segundo os advogados, a falta delas prejudicou a defesa."A companhia aérea é completamente responsável por esse crime, mas também o Aeroporto de Guarulhos tem total responsabilidade pela dificuldade e pela extensão do dano. Se tivéssemos essas imagens asseguradas do crime, se tivéssemos mais câmeras de segurança no Aeroporto isso tudo poderia ter sido prevenido", afirmou a advogada de Ahmed e Malak no Brasil, Luna Provázio Lara de Almeira. A Turkish Airlines não quis se pronunciar sobre o problema com a bagagem deles. A GRU Airport, concessionária que administra o Aeroporto de Guarulhos mandou nota ressaltando que o manuseio das bagagens é de responsabilidade das companhias aéreas. Mas afirmou que colabora com as autoridades públicas no combate a atividades ilícitas.Sobre as câmeras de monitoramento, diz que o Aeroporto conta com 4 mil, sendo 2,4 mil administradas pela concessionária. E que novas medidas para reforçar a segurança estão em análise.Impressões digitais encontradas não eram do casal O Fantástico teve acesso ao processo na Turquia. Na data em que a droga chegou lá, Ahmed e Malak já estavam na Líbia. À Justiça, os policiais turcos disseram que foram informados de que chegariam duas bolsas com drogas. Eles encontraram as bagagens, trocaram a cocaína por areia e puseram as bolsas na esteira. Ninguém apareceu para buscar e as impressões digitais encontradas nas malas não eram do casal. Ahmed e Malak deixaram a prisão no dia 18 de abril e aguardaram o julgamento em liberdade. A absolvição da acusação de tráfico de drogas só aconteceu na última terça-feira (21). Eles estão ao lado dos filhos em Istambul e aguardam liberação para retornar à Líbia. "Você se ver livre para beijar, abraçar os seus filhos é muito bom. Graças a Deus, acabou", compartilhou Ahmed. Outros casos em Guarulhos Além de Ahmed e Malak, o Fantástico também contou detalhes da histórias das goianas Katyna e Janne. Além disso, o programa mostrou o caso de Lucas que teve a mala extraviada em uma viagem para a África do Sul em fevereiro deste ano. A etiqueta dela tinha sido colocada em uma bagagem com drogas que, por um erro dos traficantes, acabou em Brasília. Segundo as autoridades, crimes desse tipo têm acontecido com frequência em Guarulhos."A Polícia Federal trabalha com outros casos, dezenas de casos que estão sob investigação. São vários grupos, várias pessoas, há investigações em curso para desmantelar esses grupos", afirmou o delegado da PF, Dennis Cali. Ouça os podcasts do FantásticoISSO É FANTÁSTICOO podcast Isso É Fantástico está disponível no g1, Globoplay, Deezer, Spotify, Google Podcasts, Apple Podcasts e Amazon Music trazendo grandes reportagens, investigações e histórias fascinantes em podcast com o selo de jornalismo do Fantástico: profundidade, contexto e informação. Siga, curta ou assine o Isso É Fantástico no seu tocador de podcasts favorito. Todo domingo tem um episódio novo. 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