Tribunal suspende bloqueio de bens e quebra de sigilo de Permínio em processo sobre rachadinha
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Suspensão vale até que a 3ª Câmara de Direito Público avalie o caso. Ministério Público pode recorrer da decisão. Vereador Permínio Monteiro (PSB) de CampinasCâmara Municipal de CampinasO desembargador Paulo Cícero Augusto Pereira, do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), atendeu a um pedido da defesa do vereador Permínio Monteiro (PSB), de Campinas (SP), e suspendeu o bloqueio de bens e a quebra do sigilo bancário do parlamentar. Cabe recurso.A medida tinha sido tomada em janeiro, a pedido do Ministério Público Estadual (SP-SP), pela Justiça de Campinas no processo que apura a suspeita de rachadinha entre o parlamentar e funcionários indicados por ele para cargos comissionados. Com a decisão do TJ, as duas medidas cautelares ficam suspensas até análise final da 3ª Câmara de Direito Público do TJ-SP. O despacho do desembargador foi publicado no Dário Oficial desta segunda-feira (4).Por que a decisão foi revertida?Na decisão que reverteu a medida tomada na primeira instância, o desembargador apontou que o Ministério Público não demonstrou o "perigo de dano irreparável" para justificar bloqueio de bens e que a Justiça de Campinas não fez a oitiva prévia do vereador, item exigido pela lei.Em relação à quebra de sigilo bancário, o desembargador afirmou que os investigados forneceram espontaneamente cópias de seus extratos bancários e, por isso, não havia urgência na medida.O g1 procurou o MP-SP para saber se o órgão vai recorrer da decisão do TJ, mas, até a última atualização desta reportagem, não teve retorno.Suspeita de rachadinhaO esquema conhecido como "rachadinha" consiste no político exigir aos funcionários indicados por ele em cargos públicos parte do salário. Por se tratar de dinheiro público, a prática é crime e também ato de improbidade administrativa.No caso de Permínio, o MP aponta que ele exigia o salário de servidores do gabinete na Câmara Municipal e também de funcionários indicados por ele em cargos comissionados da Prefeitura de Campinas."Apesar das tentativas, é inútil buscar explicar o óbvio: havia - e ainda há - um forte "esquema" criminoso de "rachadinhas" ou "mensalinhos" no âmbito da Administração Municipal e da Câmara Municipal de Campinas, comandado por Permínio Monteiro", diz trecho da ação do MP-SP.À época, o g1 procurou o vereador Permínio para se manifestar sobre a ação, mas não teve retorno. A Câmara Municipal de Campinas disse ao g1 que não iria se manifestar sobre o caso, uma vez que não é alvo do processo.A Prefeitura de Campinas informou em janeiro "que as informações solicitadas pelo Ministério Público já foram repassadas e se coloca à disposição para quaisquer novos esclarecimentos".Outros citadosAlém do vereador, foi alvo da quebra de sigilo bancário um irmão do parlamentar, também investigado por suspeita de participação no esquema, e 18 servidores e ex-servidores comissionados da Câmara e da Prefeitura, de quem Permínio teria exigido a rachadinha. A sede do Ministério Público, em CampinasFernando Pacífico / G1 CampinasExtratos e depoimentosSegundo o Ministério Público, extratos bancários obtidos pela investigação revelaram saques mensais de porcentagem considerável do salário de servidores indicados pelo vereador."Da análise dos extratos obtidos pelo MP verifica-se, de fato, que os servidores indicados pelo Vereador Permínio Monteiro, atuando na Câmara Municipal ou em outros órgãos da Administração Campineira, têm como prática reiterada e uniforme o saque de valores consideráveis de seus vencimentos, tão logo os salários são creditados em suas contas", diz o promotor de Justiça na ação.Enriquecimento ilícitoNa ação de Improbidade Administrativa, a Promotoria de Justiça ainda aponta indícios de que o vereador se enriqueceu ilicitamente e possui uma "vida luxuosa, incompatível com os seus subsídios (salários)". Além disso, o MP aponta que a esposa dele é proprietária de veículos que, somados, valem R$ 195 mil."Dessa maneira, evidenciados os atos de improbidade administrativa que importam enriquecimento sem causa cometidos pelos Requeridos, não resta outra alternativa ao órgão ministerial, senão o ajuizamento da presente ação".VÍDEOS: Tudo sobre Campinas e RegiãoVeja mais notícias da região no g1 Campinas