Turismo literário no Ceará: dicas de locais para visitar e conhecer referências da literatura
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Com histórico de inovações artísticas, Ceará tem lista numerosa de lugares que entram para o roteiro de quem ama literatura. Confira dicas de locais para conhecer na capital e nas cidades do interior. Cadeira de balanço da escritora Rachel de Queiroz, na fazenda ''Não me Deixes'', em QuixadáTV Verdes Mares/ReproduçãoSe você pretende viajar pelo Ceará e pesquisar dicas do que fazer, facilmente encontrará listas com as melhores praias e experiências gastronômicas. São opções que encantam os turistas pela qualidade e diversidade. No entanto, o que poucos recordam na hora de montar um roteiro é que o estado é rico em referências literárias. Do Ceará, brotaram autores de destaque para a literatura nacional e manifestações culturais que moldaram a arte brasileira. LEIA TAMBÉM: Cordelistas do Ceará driblam mudanças sociais para manter produção viva: 'Toda atividade cultural é uma resistência'Cearense Socorro Acioli tem primeiro e terceiro livros mais vendidos na Flip 2023Você consegue identificar autores brasileiros apenas por trechos de suas obras? Faça o QUIZ e descubraO terreno é fértil para o turismo literário, que proporciona experiências de viagens nos cenários que aparecem nos livros, nos lugares ligados aos autores e personagens ou até mesmo nos locais que permitem aprender mais sobre a literatura.Nesta reportagem, o g1 traz histórias e exemplos de locais para incluir em um roteiro literário com base em obras e autores clássicos e contemporâneos (ver abaixo). Aviso aos viajantes: a lista é só um ponto de partida, pois há sempre mais a descobrir nas páginas de cada obra cearense. O pioneirismo do CearáPadaria Espiritual era formada por escritores, desenhistas, pintores e músicos ReproduçãoO Centro da capital cearense é repleto de referências. Ele abriga histórias dos tempos em que os boêmios e entusiastas das artes movimentavam os cafés, as praças e até os bondes que cortavam as ruas da cidade. Três décadas antes da Semana de Arte Moderna de 1922, os rapazes que integraram a Padaria Espiritual construíram um movimento artístico irreverente e singular no Ceará. Pesquisadores apontam que não houve relação direta ou influência entre os dois movimentos. No entanto, a agremiação cultural criada no Ceará em 1892 teve repercussões importantes para a literatura e para as publicações das décadas seguintes. Mesmo com esta relevância, a Padaria Espiritual não tem um espaço físico de memória na Fortaleza atual. Nos roteiros a pé organizados pelo turismólogo e educador Gerson Linhares, ele apresenta o movimento com o auxílio de fotos antigas quando passa pela Praça do Ferreira, onde ficava o local de reuniões dos "padeiros": o Café Java. Os percursos do programa Fortaleza a Pé usam fotos antigas para auxiliar a contar a história da cidadeReproduçãoAli perto, Gerson guia os visitantes também para conhecer o prédio da Academia Cearense de Letras. E apresenta uma informação importante: fundada em 1894, ela é a mais antiga das academias de Letras do país. Isso quer dizer que, além de abolir a escravidão antes do resto do Brasil, o Ceará também foi um pioneiro na criação de sua entidade literária máxima. O surgimento da academia brasileira só veio em 1897. As contribuições do estado para a literatura não são bem aproveitadas pelo turismo local, opina Gerson Linhares. Ele atua há 30 anos elaborando percursos que valorizam uma educação voltada para o patrimônio histórico. "O que temos há bastante tempo é muito mais voltado para o 'sol e praia'. O Ceará deveria investir mais em uma política pública de apoio e de incentivo, para ter mais editais e estimular roteiros culturais e essas visitações, até para os próprios cearenses. De que adianta ter muitos visitantes e não apresentar um referencial cultural? As agências de turismo levam para locais que estão novos, no auge, mas muitos outros ficam esquecidos, como a Casa de José de Alencar", exemplifica o educador. Divulgando o programa Fortaleza a Pé nas redes sociais, o turismólogo realiza 30 roteiros diferentes apenas no Centro para que os participantes conheçam a história do Ceará sob diversos ângulos: as igrejas antigas, as praças, as estátuas. E os roteiros baseados na literatura. Os percursos literários não são feitos apenas na capital. Há roteiros do programa que vão para o interior, falando até mesmo de outros autores que trabalharam a temática do sertão brasileiro, como Ariano Suassuna e Guimarães Rosa. Paixão pelo cenário de um livroA cearense Maria Mendes aprendeu a amar o Theatro José de Alencar depois de ler 'A Bailarina Fantasma'Acervo PessoalA revisora de textos Maria Mendes, de 25 anos, se apaixonou por um livro que encontrou na biblioteca da escola pública onde estudou na adolescência. Ao ler e reler 'A Bailarina Fantasma', da cearense Socorro Acioli, ela se encantou também pelo Theatro José de Alencar. Até então, ela admirava a fachada quando passava em frente ao teatro nas idas ao centro com a mãe. Depois da leitura, sentiu que precisava entrar e ver de perto o que a autora descreveu na obra. Hoje, esse é o lugar preferido dela em Fortaleza. "Mesmo com uma narrativa fictícia, o livro conta com detalhes a construção do teatro. A história e as fotos que o livro tinha, na primeira edição, me deixaram encantada. E esse foi o primeiro livro nacional que me fez querer ler mais e buscar outros livros", partilha Maria. A admiração pela obra trouxe algumas realizações para Maria: assistir espetáculos no Theatro José de Alencar, conhecer a autora Socorro Acioli e utilizar o livro no trabalho de conclusão do curso de Letras. Falta realizar um item na lista: ver a apresentação de um balé no palco principal, em alusão a cenas importantes do livro. Como aluna da Universidade Estadual do Ceará (Uece), ela analisou como os elementos fantásticos de 'A Bailarina Fantasma' podem estimular alunos adolescentes no interesse pela leitura. No trabalho, Maria incluiu uma proposta de visitação ao Theatro com atividades que ajudam a expandir a experiência dos novos leitores. Do clássico ao contemporâneoA praia de Jericoacoara também pode ser destino literário para quem leu o romance da cearense Lorena Portela.Arquivo Diário do NordesteA influência da literatura na cidade começou a ser percebida pela professora e editora de textos Charlene Ximenes pela visão das estátuas da personagem Iracema, de José de Alencar. Ampliando as leituras na graduação, ela passou a ver nas ruas do Centro a memória da produção literária do Ceará e dos pontos de encontro entre os autores da Padaria Espiritual. Como mediadora de leituras, ela tem continuado a descoberta de autores cearenses, buscando mais espaço para obras contemporâneas e escritas por mulheres. Além de querer visitar ainda a estátua que inspirou 'A Cabeça do Santo', da autora Socorro Acioli, Charlene deixa a dica: Jericoacoara é um destino que pode entrar também para um roteiro literário. A vila é um elemento importante no livro 'Primeiro eu tive que morrer', da cearense Lorena Portela. "Quem não conhece Jericoacoara vai ficar extremamente interessado em conhecer porque (o livro) tem uma narrativa bem fluida e, ao mesmo tempo, tem todo o encantamento do que é Jeri. E quem conhece acaba sentindo Jericoacoara (na leitura). Faz muito tempo que eu não vou a Jeri, mas quando eu leio e releio o livro, eu vejo as dunas, eu vejo a Rua do Forró, eu vejo a pousada como ela descreve", conta Charlene. Outra mescla de imaginação e memórias sobre lugares veio com a leitura de 'A Filha Primitiva', de Vanessa Passos. Isso porque a história se passa em Fortaleza, com uma personagem que tem vivências como estudante no bairro Benfica, passando por lugares bastante frequentados por Charlene. Conhecer o cordel para valorizarO Ceará tem locais para conhecer mais a literatura de cordel na capital e no interiorReproduçãoTradicional e popular, a literatura de cordel também é um mundo a ser explorado dentre as riquezas culturais do Ceará. O gênero é reconhecido como Patrimônio Imaterial Brasileiro e tem a própria academia de letras. É possível se aproximar do cordel em eventos e exposições, nas banquinhas onde os folhetos são vendidos ou até mesmo conhecendo tipografias que preservam a produção artesanal de cordel e xilogravura. De acordo com o pesquisador e cordelista Fernando Paixão, o gênero ainda é alvo de preconceitos principalmente por causa do desconhecimento do público. "Ao conhecer, ao se aproximar dessa literatura através de uma banquinha, quando algum autor pode estar ali apresentando, o público passa a valorizar muito mais essa literatura e admirar quando percebe que ela tem muito mais elementos do que se imagina", comenta o cordelista. Paixão ressalta que aprender sobre os padrões de rimas, as sílabas poéticas e as estruturas dos versos é uma oportunidade de apreciar o talento dos poetas populares. Confira obras e locais que podem inspirar roteiros literários no Ceará: Iracema, de José de Alencar (1865)Atualmente, Fortaleza tem cinco estátuas que homenageiam a personagem IracemaGerson Linhares/Acervo PessoalEla tem nome de praia, data no calendário municipal e estátuas espalhadas por Fortaleza. Iracema é a mulher indígena que protagoniza o livro de José de Alencar e virou símbolo da história do Ceará e da capital. As estátuas estão em sedes administrativas ou pontos frequentados por ela em suas andanças: o Mucuripe, a Praia de Iracema, a Lagoa da Messejana e o Palácio Iracema. O turismólogo Gerson Linhares é entusiasta da construção de uma nova estátua na Lagoa da Parangaba, acompanhada de memorial para acolher visitantes. Bica do Ipu também é um dos cenários que aparecem em 'Iracema'Sema/DivulgaçãoUm questionamento comum entre os cearenses é como Iracema conseguia tomar banho de mar em Fortaleza e ir andando até a Bica do Ipu, na Serra da Ibiapaba, para tirar o sal do corpo. De fato, é tarefa impossível. Tanto que nem aparece no livro. A caminhada até lá é um exagero que ficou no imaginário local, mas a referência à região existe na obra: Iracema nasceu na serra e cresceu em meio às "matas do Ipu". O local hoje fica dentro de área de proteção ambiental, com trilhas, esportes de aventura e banho, além da contemplação da queda d'água da Bica do Ipu, com 130 metros de altura. A Normalista, de Adolfo Caminha (1893)Em Fortaleza, as antigas sedes da Escola Normal também são uma referência ao romance de Adolfo CaminhaGerson Linhares/Acervo Pessoal'A Normalista' foi o romance de estreia do cearense Adolfo Caminha, que também foi um dos fundadores da Padaria Espiritual. Nele, o autor narra a vida de Maria do Carmo, que estudava na antiga Escola Normal do Ceará.A primeira sede da Escola Normal ainda existe no Centro de Fortaleza. Ela fica ao lado direito do Theatro José de Alencar, abrigando atualmente a sede do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).A partir de 1923, a Escola Normal funcionou no prédio onde hoje fica o Colégio Estadual Justiniano de Serpa, localizado na avenida Santos Dumont. A instituição funcionou neste local até 1958. Alguns outros pontos citados no romance de Caminha são várias ruas do Centro com seus nomes originais, como a antiga Rua Formosa (hoje Rua Barão do Rio Branco), o Passeio Público e o bairro Benfica (lugar um pouco afastado e de abundante vegetação na época). As Três Marias, de Rachel de Queiroz (1939)O Colégio da Imaculada Conceição aparece no romance 'As Três Marias', de Rachel de QueirozGoogle Maps/ReproduçãoA vida de três amigas que se conheceram em um internato católico de Fortaleza é o centro do romance 'As Três Marias'. A instituição era o Colégio da Imaculada Conceição, que ainda existe e fica na rua Santos Dumont, no Centro. O livro se baseia em vivências que a autora teve na instituição, considerada uma das pioneiras para o ensino de meninas no Ceará. A Bailarina Fantasma, de Socorro Acioli (2010)A construção e o funcionamento do Theatro José de Alencar, em Fortaleza, são elementos importantes do livro 'A Bailarina Fantasma'Saulo Roberto/ SVM'A Bailarina Fantasma' é um exemplo de quando a cearense Socorro Acioli escolheu cenários reais do Ceará para criar a sua ficção. Neste romance, ela parte de uma lenda conhecida entre os moradores de Fortaleza: a de que o espírito de uma bailarina costuma aparecer no Theatro José de Alencar, no centro da cidade.Com o livro, é possível passear pelos detalhes da construção do edifício, com personagens envolvidos nas primeiras obras do prédio e em momentos de reformas. A Cabeça do Santo, de Socorro Acioli (2014)Em Caridade, cabeça da estátua de Santo Antônio foi montada no chão e nunca foi unida ao corpoFantástico/ReproduçãoNo município de Caridade, a cabeça da estátua inacabada de Santo Antônio inspirou mais um livro cearense. Ela existe até hoje e fica na rua Cento e Dois, no Conjunto Habitacional. A obra da estátua nunca deu certo, mas o livro 'A Cabeça do Santo' virou história de repercussão internacional e será adaptado para o cinema. Por causa do calor, o filme vai precisar de uma cabeça cenográfica. Primeiro Eu Tive que Morrer, de Lorena Portela (2021)A vila de Jericoacoara é o cenário do primeiro romance de Lorena PortelaBruno Gomes/SVMÉ possível visitar Jericoacoara também lembrando de uma obra literária: no romance 'Primeiro Eu Tive que Morrer', a protagonista encontra na vila um refúgio quanto está à beira do colapso mental motivado pelo ritmo de trabalho. É nas relações com os moradores e vivenciando as belezas da vila que a personagem encontra caminhos para lidar com as próprias angústias. A Filha Primitiva, de Vanessa Passos (2022)O livro de Vanessa Passos traz lugares do bairro Benfica e do Conjunto PalmeirasBruna SombraO romance da cearense Vanessa Passos foi o vencedor do Prêmio Kindle de Literatura em 2022, trazendo a história de uma geração de mulheres: filha, mãe e avó. A trama acontece em Fortaleza, contemplando lugares dos bairros da capital. Algumas referências são de locais do Conjunto Palmeiras, onde mora a protagonista, e das vivências da personagem como estudante universitária no Benfica, passeando por cenários como o Bosque Moreira Campos e o antigo Cantinho Acadêmico.Oração para Desaparecer, de Socorro Acioli (2023)O livro mais recente de Socorro Acioli faz alusão à igreja que já ficou enterrada em uma duna, em Itarema.ReproduçãoO livro mais vendido na 21ª Festa Literária Internacional de Paraty em 2023 também fala de um pedacinho do Ceará. "Oração para Desaparecer", de Socorro Acioli, traz a história de uma mulher que aparece em uma vila de Portugal sem memórias de onde vem. Na trama, surge a ligação com uma igreja do interior do Ceará. É um lugar real e que também pode ser visitado: a igreja de Nossa Senhora da Conceição, que fica na comunidade de Almofala, na cidade de Itarema. O templo já foi soterrado pelas dunas, ficando encoberto a partir de 1897 e ressurgindo na década de 1940. Academia Cearense de LetrasA Academia Cearense de Letras está situada no Palácio da Luz, prédio construído no Brasil ColôniaGerson Linhares/Acervo PessoalFundada três anos antes da entidade nacional, a Academia Cearense de Letras (ACL) surgiu em 1894. A primeira academia de letras do Brasil se chamava "Academia Cearense" e nasceu em um salão da associação Fênix Caixeiral, que já não tem vestígios físicos. Atualmente, a ACL fica em outro prédio histórico: o Palácio da Luz, situado na Praça dos Leões. O edifício já abrigou também o Palácio do Governo, a Biblioteca Pública do Ceará e a Casa de Cultura Raimundo Cela. Praça do Ferreira e a Padaria EspiritualO local de fundação e encontros para os membros da Padaria Espiritual ficava na Praça do Ferreira e foi demolido.ReproduçãoO Café Java era um dos quatro quiosques que ficavam em cada canto da Praça do Ferreira. Ele ficava na esquina das ruas Guilherme Rocha e Floriano Peixoto. Os quiosques foram demolidos em uma das reformas da praça, realizada na década de 1920. Foi lá o ponto de encontro dos fundadores da Padaria Espiritual, que chamavam o café de "forno" para atividade dos "padeiros": autores como Antônio Sales, Rodolfo Teófilo, Adolfo Caminha e Lívio Barreto.Surgia ali a agremiação cultural que buscava debater novidades da literatura da época e divulgar suas criações por meio do jornal O Pão, que circulou até 1896. Com estatuto próprio, o grupo proibia o uso de palavras estrangeiras à língua portuguesa — no contexto em que Fortaleza tentava se afrancesar — e criticava obras que citavam elementos de fauna e flora que não fossem brasileiros. Casa de José de Alencar Em Fortaleza, a casa onde José de Alencar nasceu é preservada e aberta ao público com visitas guiadasFabiane de Paula/SVMBoa parte da vida do cearense José de Alencar foi no Rio de Janeiro. Mas a casa onde ele nasceu e viveu na infância está preservada e pode ser visitada em Fortaleza. A casa de três cômodos no Alagadiço Novo foi adquirida em 1825 pelo padre José Martiniano de Alencar, pai do escritor. E integrava um conjunto formado por uma casa-grande e uma casa de engenho. Atualmente, o prédio histórico pertence à Universidade Federal do Ceará (UFC) e tem visitas guiadas para o público mediante agendamento no site. O local conta ainda com ruínas arqueológicas, pinacoteca, biblioteca, museu e área verde. Fazenda Não Me DeixesFazenda "Não me Deixes'', da escritora Racheld e QueirozTV Verdes Mares/ReproduçãoApós um percurso de quase 30 minutos para quem sai da sede de Quixadá, a fazenda Não Me Deixes conserva a memória da cearense Rachel de Queiroz, a primeira mulher a ingressas na Academia Brasileira de Letras. O lugar era o recanto preferido da autora e preserva bem os espaços que ajudam a contar a vida dela: a biblioteca, o alpendre, a sala de estar e a cozinha, por exemplo.Memorial Rachel de QueirozEm Quixadá, memorial abriga acervo da vida e da obra de Rachel de QueirozAlex Pimentel/SVMNo Centro de Quixadá, outro espaço celebra a trajetória e a obra de Rachel de Queiroz. O memorial dedicado a ela conta com acervo aberto para visitação na Praça da Cultura e foi inaugurado em 2010, contendo fotografias e objetos da escritora. A edificação é o monumento conhecido como Chalé da Pedra, construído na década de 1920. Casa dos BenjaminsCasa onde Rachel de Queiroz escreveu "O Quinze" fica no bairro Henrique Jorge, em FortalezaJosé Leomar/SVMNo bairro Henrique Jorge, na capital cearense, fica a casa onde Rachel de Queiroz viveu nas décadas de 1920 e 1930. Foi onde ela começou a vida de casada e escreveu o romance "O Quinze", consagrado na literatura nacional. Também conhecida como Sítio Pici, a casa é tombada pelo município desde 2009. O nome Casa dos Benjamins faz referência aos pés de benjamim na frente da casa. Desde a década de 1980, houve projetos e movimentos para transformar o local em equipamento de cultura e memória à escritora, porém nenhuma iniciativa alcançou esse resultado até agora. Atualmente, o imóvel é privado. Casa de Juvenal GalenoA casa do escritor Juvenal Galeno, em Fortaleza, hoje abriga atividades de várias entidades culturaisGerson Linhares/Acervo PessoalA Casa de Juvenal Galeno chama atenção pela fachada colorida e arquitetura preservada em meio à estética caótica das lojas do Centro de Fortaleza, na rua General Sampaio. A residência foi construída pelo próprio poeta, servindo de morada até a sua morte, aos 95 anos. Enquanto o escritor era vivo, a casa já era bastante frequentada por artistas e intelectuais.Criadas neste lar, as filhas do poeta resolveram transformar o lugar em espaço de cultura. Até hoje, a casa abriga as atividades de mais de 20 entidades culturais. O prédio conta com cômodos temáticos, como o Salão dos Espelhos, biblioteca, espaço para eventos, móveis centenários e objetos do acervo do autor. Casa de Rodolfo TeófiloEventos culturais são realizados na casa onde morou Rodolfo Teófilo, em MaracanaúPrefeitura de Maracanaú/DivulgaçãoO escritor, farmacêutico e cientista Rodolfo Teófilo nasceu na Bahia e se considerava "cearense porque queria". Além de ter sido autor de vários livros e de integrar a Padaria Espiritual, ele é considerado o inventor da cajuína e foi um dos responsáveis pela erradicação da varíola no Ceará. A casa onde o autor morou fica no município de Maracanaú, no bairro da Pajuçara. Depois de muitos anos de abandono, o imóvel passou por reforma em 2005 e foi tombado pelo município em 2007. No ano passado, o teto da casa desabou. Com o episódio, moradores reclamaram das condições de preservação do espaço. Neste ano, eventos culturais da Semana Santa e de Natal têm sido realizados no local. Casa de Adolfo CaminhaCasa onde nasceu o escritor naturalista Adolfo Caminha fica no centro de AracatiGoogle Maps/ReproduçãoAutor de "Bom Crioulo" e "A Normalista", Adolfo Caminha é natural de Aracati e foi um dos principais representantes do Naturalismo na literatura brasileira. A casa onde ele nasceu fica no Centro Histórico do município. Em 2023, a Prefeitura anunciou que o imóvel está em fase de restauração, devendo conter um memorial para visitação e divulgação de sua obra ao lado da nova Biblioteca Pública. Memorial Patativa do AssaréO Memorial Patativa do Assaré foi inaugurado três anos antes da morte do poeta popular.Antônio RodriguesUm dos principais nomes da arte popular brasileira, o cearense Patativa do Assaré tem um memorial que foi inaugurado em 1999, três anos antes que ele morresse. O casarão com dois pavimentos fica na cidade de Assaré e reúne objetos pessoais, manuscritos, títulos e troféus do poeta. O sobrado que abriga o memorial já teve outros usos no passado, tendo sido a cadeia pública e também um hotel. Casa de Antônio ConselheiroA Casa de Antônio Conselheiro é local onde viveu um personagem da história e da literatura brasileiraTarcísio FilhoNa sede de Quixeramobim, no Sertão Central, fica a casa onde nasceu o líder religioso Antônio Conselheiro. O líder religioso esteve no centro da Guerra de Canudos, tornando-se uma figura importante para a história do Brasil. Ele também virou personagem da literatura ao ser retratado por Euclides da Cunha em "Os Sertões", considerado o primeiro romance-reportagem brasileiro. A residência foi construída por Vicente Maciel, pai do líder sertanejo, e foi tombada a nível estadual em 2005. Atualmente, é equipamento cultural gerido pelo Estado e abriga eventos, exposições e atividades de diversas linguagens, contando também com um anfiteatro desde a última restauração. Lira NordestinaA gráfica Lira Nordestina é uma das maiores editoras da literatura de cordel no NordesteAntônio Rodrigues/SVMA antiga Tipografia São Francisco adotou o nome de Lira Nordestina por sugestão de Patativa do Assaré, e é um espaço consagrado no Brasil para a produção do cordel e da xilogravura. A gráfica está situada em Juazeiro do Norte e existe desde a década de 1930. Atualmente, integra o patrimônio da Universidade Regional do Cariri (Urca). Artesãos de toda a região do Cariri costumam ir até lá para realizar suas impressões. Visitantes e pesquisadores também podem ir até lá para acompanhar os processos da xilogravura, quando os artistas gravam imagens na madeira, e conhecer de perto a gráfica, a oficina de cordel e a loja de artesanato.Museu da EscritaEm Fortaleza, o Museu da Escrita permite uma viagem no tempo com os diversos usos da grafiaFabiane de Paula/SVMUm espaço para passear pela história da escrita, das pinturas rupestres até a comunicação no mundo virtual, é uma atração para o público de todas as idades em Fortaleza. O Museu da Escrita fica no bairro Dionísio Torres e convida os visitantes a uma viagem no tempo nos 15 cômodos de exposição. O museu tem coleções e um grande acervo de peças, incluindo os diversos instrumentos utilizados para escrever, como as máquinas de datilografia e as penas com tintas. Cordelteca da UniforCordelteca fica situada no 1º andar da Biblioteca Central da Unifor e possui acervo com mais de 2 mil títulosAres Soares/UniforA Cordelteca Maria das Neves Baptista Pimentel é um espaço inaugurado em 2019 pela Universidade de Fortaleza (Unifor). O local é dedicado às produções histórico-culturais em formato de cordel. O nome foi escolhido em homenagem à primeira mulher a publicar um folheto de cordel, em 1938. A cordelista teve que usar o pseudônimo Altino Alagoano, formado pelo nome de seu falecido marido e pelo estado onde ele havia nascido.O acervo foi inaugurado com 1.200 mil títulos, disponibilizados para consultas locais pela comunidade em geral. O ponto cultural recebe visitantes de Fortaleza e das cidades do interior do Ceará. Banca do Jesus Sindô no Mercado CentralNo Mercado Central, a banca do cordelista Jesus Sindô é uma chance de conhecer o cordel cearenseGoogle Maps/ReproduçãoO Mercado Central é também um lugar onde o turista pode descobrir a literatura cearense. Na banca do cordelista Jesus Rodrigues Sindaeux, conhecido também por Jesus Sindô, o visitante pode encontrar vários folhetos de autoria do poeta e também de outros artistas cearenses. Quem dá a dica é o cordelista Fernando Paixão: vale a pena para e conversar com o autor, que é natural de Mombaça, para conhecer as características da produção do cordel. Assista aos vídeos mais vistos do Ceará: