Decisões do novo governo argentino impactam inflação
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O novo governo diz que quer acabar com essas distorções na economia e cortar gastos públicos para combater a inflação. Javier MilleiReprodução/TV GloboNa Argentina, o fim do controle de preços e a desvalorização da a moeda em relação ao dólar tiveram um impacto na inflação.Adesivos com números brancos sobre os antigos preços que estavam em preto. O quadro de giz também é uma solução para uma Argentina que viu a inflação disparar em dezembro."Os preços estão descontrolados", afirma um argentino.Lorena diz que é uma loucura, que os aumentos são diários, que um dia está um preço e no outro já mudou: "Continuamente. Passa a manhã e o preço já aumentou. Passa o outro dia, é outro".Consultorias apontam que os preços subiram em média de 25 a 30% em dezembro. Em novembro, a alta havia sido de 12,8%. No discurso de posse, o presidente Javier Milei havia dito que as primeiras medidas que o governo tomaria fariam que a inflação aumentasse ainda mais.O novo governo decidiu que não iria mais represar ou controlar os preços da economia. Colocou fim ao tabelamento de itens básicos nos supermercados. Também desvalorizou o peso em 54% para que se aproximasse da cotação das ruas.Uma argentina entrevistada diz que está tudo muito caro. O macarrão, arroz, leite... Isso que ela foi num supermercado que, em teoria, é barato, mas que ela se surpreendeu com os preços. O macarrão, por exemplo, subiu de 350 pesos a 1000 em um mês. O preço da massa para pizza mais do que dobrou desde o fim de novembroO óleo de girassol subiu 400%, agora custa 4.105, equivalente a 25 reais; e a embalagem de café solúvel, 57%.Maximiliano, que trabalha num açougue, disse que percebeu que houve queda no consumo de carne. Deu para notar bastante que as pessoas buscaram cortes mais econômicos.O economista Hernán Letcher explica que, no caso da carne, a desregulação da economia faz com que preço local passe a ser o mesmo do preço internacional, já que os produtores podem vender para o mercado local ou exportar. E que isso teve muito efeito sobre os preços nos últimos dias.Economistas afirmam que ao longo dos últimos anos, a Argentina passou por diferentes programas de controle de preços e congelamentos que, no máximo, impediram uma inflação ainda maior.O novo governo diz que quer acabar com essas distorções na economia e cortar gastos públicos para combater a inflação.O economista Hernan Letcher pondera que essa desregulação da economia, somada à desvalorização e a política de cortes públicos, irá pesar nos bolsos dos assalariados argentinos e que os aumentos de salário não conseguem acompanhar. A perda de poder aquisitivo impacta de uma forma maior nas pessoas que ganham menos.O mega decreto de desregulação da economia tem 366 artigos e entrará em vigor na sexta-feira (29). O decreto se manterá vigente enquanto o Congresso analisa o texto.Os parlamentares não podem sugerir mudanças, ou é aprovado na íntegra, ou rechaçado.Ao menos 10 ações de inconstitucionalidade já foram apresentadas à Justiça para barrar o decreto.Durante a tarde desta sexta, presidente argentino publicou um novo decreto demitindo 7 mil funcionários públicos contratados em 2023.