'Simplesmente não dão bola', diz Drauzio Varella sobre resposta de 'big techs' a golpes que usam inteligência artificial

Médico tem imagem e voz usados em vídeo fake feito para vender medicamento que promete curar 100% da artrose, osteoporose e remover dores nos joelhos. Plataformas dizem que retiram conteúdos quando os detectam. 'Simplesmente não dão bola', diz Drauzio Varella sobre resposta de big techs a golpes que usam inteligência artificial

O Fantástico deste domingo (17) trouxe um alerta contra novos golpes digitais, com o uso de inteligência artificial para produção de anúncios falsos com a manipulação de imagem e voz de pessoas anônimas e famosas.

O médico Drauzio Varella é um dos famosos que tem sua imagem utilizada pelos golpistas. Drauzio tentou acionar as empresas de tecnologia, chamadas de big tecs, quando viu nas redes sociais um anúncio com seu rosto e sua voz, mas que ele não havia feito.

"As plataformas recebem dinheiro para poder espalhar, porque senão ninguém ia ver. Então elas são as sócias desses estelionatários. Você tenta entrar em contato com a plataforma, para dizer: olha, não é possível, olha o que está acontecendo, não sou eu, que estou aí. Você não consegue de jeito nenhum, eles simplesmente não dão bola", afirma Varella. "A única solução é processá-las", completa.

Um vídeo manipulado e lançado nas redes sociais utilizando a imagem e a voz de Drauzio, mas falando coisas que ele jamais diria, prometia a cura de 100% da artrose, osteoporose e remoção de dores nos joelhos.

Aposentados caíram no golpe, como Germano Rodrigues, de 66 anos. "Eu sinto assim na junta. Dói. Isso daí, acho que deve ser artrose, essas coisas. E vai perdendo ali a cartilagem. Aí fica osso com osso, é onde que dói. Eu vi o comercial no Facebook", diz.

Ele passou os dados de seu cartão e, com a demora na entrega do medicamento, sua filha desconfiou e foi pesquisar. Descobriu que se tratava de um golpe.

O vídeo foi tirado do ar neste sábado (16) pela rede social TikTok após a rede ter sido procurada pelo Fantástico.

Além do doutor, William Bonner, Luciano Huck, Dráuzio Varella, Marcos Mion, Sandra Annenberg e Ana Maria Braga foram famosos que tiveram suas imagens usadas em anúncios falsos criados por criminosos com inteligência artificial.

Os golpistas usavam a tecnologia para lucrar com anúncios falsos que funcionaram como armadilhas para enganar pessoas nas redes sociais. É uma fraude em cima da outra: uso indevido da imagem, produto falso, golpe financeiro e tudo veiculado na internet.

Além de usar o rosto, os criminosos manipulam a imagem e a voz de pessoas anônimas e famosas em seus anúncios - que eram pagos para serem veiculados, impulsionados e direcionados para públicos específicos.

Mapear esses anúncios fraudulentos é difícil porque não há transparência nas redes sociais. No Brasil, a única que tem uma biblioteca de anúncios com acesso livre a pesquisadores é a Meta, que controla o Facebook, o Threads e o Instagram.

Nesta ferramenta, o Netlab, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), encontrou 7.618 anúncios fraudulentos só relacionados às empresas ou pessoas que trabalham para o Grupo Globo. O dado mais preocupante: 78% delas são fraudes relacionadas à saúde.

O que dizem as big techs

Questionadas na Justiça, as redes sociais alegam que o marco da internet, de 2014, garante a liberdade de expressão. Mas o marco se refere a opinião, não a anúncios. Para propaganda, não há lei específica no Brasil.

Em nota, a Meta afirma que não permite anúncios que promovam atividades fraudulentas, que revisa conteúdos usando tanto inteligência artificial quanto equipes humanas e os remove quando constatadas violações das políticas da empresa. Também afirma que não teve acesso ao relatório da NetLab e que, portanto, não pode fazer comentários específicos a respeito de suas conclusões.

Também em nota, o TikTok respondeu em nota que suas políticas de mídia sintética e manipulada deixam claro que ele não permite mídia sintética que contenha a imagem de qualquer pessoa real que não seja pública e não permite mídia sintética de figuras públicas se o conteúdo for usado para endossar ou violar qualquer outra política.

Além disso, segundo a nota, sempre que qualquer pessoa encontrar algum vídeo com conteúdo que acredite violar suas diretrizes, seja ele a respeito de qualquer assunto, é possível fazer a denúncia dentro do próprio aplicativo. E explica: é só manter o vídeo na tela pressionado e um menu irá aparecer. Após isso, selecionar "relatar" e seguir as instruções na tela.

Veja a reportagem completa abaixo:

Golpes com inteligência artificial usam imagens de famosos e anônimos

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