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Entenda por que o Mato Grosso do Sul, que quebrou recorde de apreensão de cocaína, é uma das principais portas de entrada da droga no Brasil

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Foto: Reprodução internet
Só em 2023 foram apreendidas 32,6 toneladas de cocaína no estado, 34% das apreensões do país, segundo a PRF. Fronteira com Bolívia e Paraguai, baixa densidade demográfica e ligação direta com grandes centros fazem do estado um dos pontos mais almejados pelas organizações criminosas. Em 2023, Mato Grosso do Sul bateu recorde no número de apreensões de cocaína. Foram 32,6 toneladas apreendidas entre janeiro e dezembro, maior quantidade em quatro anos.

Questões geográficas, demográficas e culturais tornaram o estado rota do tráfico para os grandes centros do país e para o exterior: ao leste estão dois países produtores de drogas, e a oeste, estados com grandes economias e ligação para o oceano Atlântico. Contra isso está a polícia, recorrendo à tecnologia para combater o crime organizado.

Nesta reportagem você vai ler:

Recorde de apreensão de cocaína em 2023

Qual é o principal destino da droga?

MS como rota do tráfico

Fronteira seca como aliada das organizações criminosas

Tecnologia aliada ao combate ao crime

Em Mato Grosso do Sul a polícia prendeu este ano 32 toneladas de cocaína

Recorde de apreensão de cocaína em 2023

De acordo com a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), foram 14.732 toneladas da droga apreendidas pelas polícias estaduais entre 1º de janeiro de 2023 e 6 de dezembro. Já pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), foram 17.903 toneladas no mesmo período.

Em ambas, o número de apreensões foi o mais alto dos últimos quatro anos. Somadas, as apreensões resultaram em 32,6 toneladas.

Os policiais encontraram 1,9 tonelada da droga no tanque de um caminhão.

PRF

O chefe de Operações da PRF em Mato Grosso do Sul, Vinícius Figueiredo, relatou que o índice representa cerca de 34% de todas as apreensões do país, mais de um terço do número nacional. O contrabando de outros produtos ilícitos também foi expressivo.

Segundo Vinícius, foram 640 toneladas de maconha apreendidas pela PRF e outras forças estaduais, cerca de 30% de participação nas apreensões.

Em relação a cigarros, Mato Grosso do Sul é o segundo estado com maior número de apreensões, com 10% de participação, ficando atrás apenas do Paraná.

Veja o número de apreensões de cocaína dos últimos quatro anos:

2020: 9.459

2021:13.567

2022: 27.234

2023: 32.635

Agentes apreenderam cocaína durante abordagem em rodovia de MS

PF/Divulgação

Qual é o principal destino da droga?

Conforme explicou o chefe de Operações da PRF, o principal destino dessa droga são os grandes centros: São Paulo, Rio de Janeiro, Goiás e Minas Gerais.

"Mas principalmente São Paulo e Rio de Janeiro. Sem dúvida, são os dois principais", ressaltou Vinícius.

Apreensão de cocaína cresce em MS após instalação de radar aéreo na fronteira do Brasil com Paraguai

PMR/Divulgação

MS como rota do tráfico

São várias as questões que tornam Mato Grosso do Sul como uma das principais rotas do tráfico. Entre elas estão a legislação dos países que fazem fronteira com o estado, que são Paraguai e Bolívia, assim como a alta produção de entorpecentes nesses países e a localização geográfica de Mato Grosso do Sul, que de um lado tem fontes de produção e, de outro, os consumidores finais.

Também entram nessa conta as oscilações no comportamento das organizações criminosas, algo a que polícia nem sempre tem acesso, como aprimoramento da logística dos grupos criminosos e "guerras" entre facções.

Outros fatores a serem considerados são a baixa densidade demográfica de Mato Grosso do Sul, com poucos municípios; forte base de economia rural com uma zona rural extensa; e a divisa com São Paulo, que possui importantes canais rodoviários, portos e aeroportos que ligam a outros países.

Conforme explicou a PRF, até o aumento na repressão do tráfico em um estado pode influenciar no número de apreensões em outro.

"Por exemplo, no ano passado o Mato Grosso aprendeu muita droga. Quando um lugar está muito fechado, eles começam a utilizar outros modais (de transporte). Então, nesse ano, a gente teve esse elevado número de apreensão. Talvez porque começaram a usar um modal mais rodoviário, que cortasse o nosso estado. E obviamente também é a nossa especialização", apontou Vinícius.

Cocaína escondida dentro de para-choque de caminhonente apreendido em MS

Receita Federal/Divulgação

A Bolívia é o maior produtor de cocaína, e o Paraguai de maconha. O maior número de apreensões de cocaína neste ano foram em Corumbá e Paranaíba, principalmente na BR-262. A reativação de duas delegacias nestas cidades foi fundamental para que as apreensões crescessem, segundo a polícia.

Mais distante, em Paranaíba, houve inclusive apreensões de veículos que cruzaram a fronteira da Bolívia e tentavam seguir para os grandes centros a partir de Mato Grosso do Sul.

MS teve recorde de apreensão de cocaína em 2023.

g1

Fronteira seca como aliada das organizações criminosas

De 79 municípios de Mato Grosso do Sul, 44 ficam na linha de fronteira com os outros países.

Com o Paraguai, são 436, 9 km de extensão de fronteira seca, nome dado às fronteiras que são limitadas artificialmente com pontos de concreto fincados a cada quilômetro. Existe também cerca de 641 km de fronteira fluvial, pelos Rios Estrela, Apa e Paraguai.

Já com a Bolívia, são 401, 9 km de extensão de fronteira, sendo apenas 135,3 km de fronteira fluvial e áreas alagadas do Pantanal.

Soldado do Exército da Bolívia, na fronteira fronteira com o Brasil em MS

Carla Salentim/TV Morena

"O estado faz fronteira com os dois países que são os grandes fornecedores de drogas. No caso do Paraguai, com relação a maconha, e a Bolívia com relação a cocaína. Então, por causa dessa posição geográfica, já tende a ter mais volume", apontou o chefe de Operações da PRF.

Além disso, Mato Grosso do Sul tem sete "cidades-gêmeas", que se caracterizam pela integração urbana com os países vizinhos.

São elas:

Bela Vista e Bella Vista Norte (Paraguai);

Coronel Sapucaia e Capitán Bado (Paraguai);

Corumbá e Puerto Quijarro (Bolívia);

Mundo Novo e Salto del Guairá (Paraguai);

Paranhos e Ypejhú (Paraguai);

Porto Murtinho e Capitán Carmelo Peralta (Paraguai);

Ponta Porã e Pedro Juan Caballero (Paraguai).

"A organização geográfica do MS é estratégica para algumas situações que chamam a atenção dos grupos criminosos para se instalar por aqui. A gente está aqui, mandam para as divisas e da divisa a gente sabe que vai para o exterior, né?", enfatizou a delegada Ana Cláudia Medina, diretora do Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado da Polícia Civil de MS.

Fronteira Brasil e Paraguai entre Ponta Porã e Pedro Juan Caballero

Martim Andrada/ TV Morena

Tecnologia aliada no combate ao crime

Para a PRF, o recorde em apreensões é um sinal positivo sobre a eficácia das operações táticas na fronteira e o impedimento na circulação desses ilícitos no país.

A polícia também aponta que a atuação dos serviços de inteligência tem ganhado destaque na guerra contra o tráfico e se mostrado tão importante quando as ações táticas.

"Nós temos cada vez mais nos integrado, feito operações permanentes seja na própria região pantaneira, seja por estratégias em torno de um modelo aéreo. Então, por mais que as organizações criminosas estejam procurando inovar no jeito de traficar, a polícia consegue desarticular essas inovações. A gente promove não só a apreensão das drogas, mas aprofunda as investigações", destacou Medina.

Al Pacino estava estampado nos tabletes de cocaína.

Reprodução/Jardim MS News

Segundo a delegada Medina, uma forma de impedir a atuação das organizações criminosas, além das apreensões, é descapitalizar estes grupos, bem como fechar empresas de fachada usadas para lavagem de dinheiro.

"A gente não busca só a responsabilização, mas também a descapitalização, que a gente sabe que é uma das formas de enfraquecer o crime organizado. A gente faz o sufocamento financeiro, apreendendo os bens que são obtidos a partir do cometimento de crimes", completou.

Veja vídeos de Mato Grosso do Sul:

G1

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