Lula diz que papel do Brasil na Opep+ será o de alertar os produtores de petróleo para o fim dos combustíveis fósseis
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O possível ingresso do Brasil na Opep+, que reúne os principais produtores de petróleo e aliados, como a Rússia, foi anunciado na quinta-feira (30). O presidente Luiz Inácio Lula da Silva discursou na abertura da conferência do clima da Organização das Nações Unidas (ONU), a COP 28, em Dubai, nos Emirados Árabes, no dia 1º de dezembro de 2023ReproduçãoO presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou neste sábado (2), em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, que o ingresso do Brasil na Opep+ será como observador e com o papel de convencer os países produtores de petróleo a se prepararem para o fim dos combustíveis fósseis.A Opep+ reúne os principais produtores de petróleo do mundo e aliados, como a Rússia. O anúncio de que o Brasil vai ingressar no grupo ocorreu na quinta-feira (30), em reunião com a participação do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira."O Brasil não vai participar da Opep, vai participar da Opep+. É que nem eu participar do G7. Participo do G7 desde que ganhei pra presidente da República. Eu vou lá, escuto, só falo depois que eles tomam a decisão. E venho embora. Não apito nada", disse o presidente."A Opep+ acho importante a gente participar, porque a gente precisa convercer os países que produzem petróleo que eles precisam se preparar para o fim dos combustíveis fósseis, e se preparar significa aproveitar o dinheiro que eles lucram para fazer investimento para que os continentes como o africano e a América Latina possam produzir os combustíveis renováveis que eles precisam, sobretudo o hidrogênio verde. Porque se a gente não criar alternativa, a gente não vai poder dizer que vai acabar com os combustíveis fósseis", acrescentou Lula. Antes da fala de Lula, o presidente-executivo da Petrobras, Jean Paul Prates, afirmou que "o Brasil deverá ingressar no grupo de produtores de petróleo Opep+ com um papel de cooperação e observação das decisões, mas sem participar do sistema de cotas de produção"."Eles chamam outros países que não têm direito a voto, e não são impostas cotas a esses países. Jamais participaríamos de uma entidade que estabelecesse cota para o Brasil, ainda mais com o apoio da Petrobras, que é uma empresa aberta no mercado e não pode ter cota", afirmou o executivo.Silveira disse na reunião que o presidente Lula "confirmou nossa carta de cooperação" com o grupo de países produtores de petróleo a partir de janeiro de 2024, e que uma equipe técnica do governo analisa o convite recebido.Segundo o presidente da Petrobras, o Brasil irá analisar as regras de funcionamento da plataforma para tomar uma decisão em junho do próximo ano."Em junho, vai ter outra reunião onde aí certamente, em Viena, o Brasil vai levar e dizer 'olha, eu topo participar, estou dentro'. E aí passar a participar das reuniões como uma espécie de membro observador".Uma das principais resistências para o Brasil participar das cotas é a Petrobras, que busca elevar sua extração no país, para ampliar a oferta de derivados no mercado interno. Além disso, a companhia obtém importantes receitas com exportações de petróleo.O Brasil é o maior produtor de petróleo da América do Sul, com uma produção de 4,66 milhões de barris de óleo equivalente ao dia (petróleo e gás) em setembro.O que são as cotas da Opep+A Opep+, que é responsável por mais da metade da produção de petróleo no mundo, nasceu com o objetivo de coordenar e unificar as políticas de produção e exportação da commodity pelos países membros, visando sempre "salvaguardar os seus interesses, individual e coletivamente", segundo o estatuto da organização.Dessa forma, o que a Opep+ faz, na prática, é determinar quanto de petróleo será produzido para controlar os preços no mercado global. Com uma maior produção, o preço tende a ficar mais barato. Já com uma menor produção, o preço pode ficar mais caro ou se estabilizar.Quando há uma baixa demanda por petróleo no mundo, por exemplo, a tendência é que a produção seja reduzida, para que não haja muito estoque do produto (o que desvalorizaria seu preço). As decisões sobre quanto será produzido são determinadas por cotas - que é o que o presidente da Petrobras disse que o Brasil não terá. Os países membros, com base nas oscilações globais de demanda e preço, recebem cotas sobre qual a quantidade máxima que podem produzir por dia.