Ortopedista descreve rotina de cirurgias em Gaza em meio a preocupação com a própria segurança e dos familiares

Médico que atua perto da fronteira do Egito falou sobre a grande quantidade de feridos, a falta de condições para os atendimentos e as mortes de familiares. Ortopedista descreve rotina de cirurgias em Gaza em meio a preocupação com a segurança

Além da falta de leitos, medicamentos e até de energia elétrica nos hospitais, os profissionais da saúde de Gaza precisam lidar também com a preocupação com a própria segurança e a dos familiares.

Perto da fronteira com o Egito, o ortopedista Jamal Abu Helal opera quase sem descanso.

"Um dia, em cinco minutos, chegaram mais de 100 feridos. É tanta gente que nós temos que dar prioridade para os casos mais graves. Se a pessoa tem uma fratura mas dá para adiar a operação, ela fica esperando um, dois ou três dias. São decisões muito difíceis", afirma.

As condições de trabalho também só pioram.

"Não temos mais fixadores externos para fraturas. Usamos uma tala de gesso direto no ferimento aberto, coisa que normalmente não se faz. E o hospital só tem luz nas salas de cirurgia e na UTI", conta Jamal.

Os profissionais de saúde também lidam com as próprias perdas.

"Tem um colega nosso que estava trabalhando quando bombardearam a região onde ele mora. E quando os mortos e os feridos foram trazidos para o hospital, ele descobriu que a filha tinha morrido e que o filho estava com a cabeça machucada. No dia seguinte, esse filho também morreu. Foi terrível", relata o médico.

Hospitais na Faixa de Gaza

Fantástico/ Reprodução

Um mapa da Organização Mundial da Saúde (OMS) indica que, quando começaram os conflitos atuais, havia 33 hospitais funcionando em Gaza. Destes, 22 ficam ao norte do território, região que, na semana passada, Israel mandou esvaziar. Cinco hospitais de fato pararam de funcionar por diversas razões, mas a maioria está aberta.

Já ao sul de Gaza, estão outros 11 hospitais. Eles já estavam superlotados desde o início do conflito e agora ficaram ainda mais cheios porque têm de atender, também, as centenas de milhares de pessoas que se deslocaram do norte para o sul em busca de um pouco mais de segurança. Veja a reportagem completa no vídeo acima.

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