Área de engenharia será protagonista no combate às mudanças climáticas

Nesta terça-feira (8/10), durante a 79ª SOEA, o painel “COP 30: O Papel do Sistema Confea/Crea e Mútua nas Ações Globais de Combate às Mudanças Climáticas” reuniu engenheiros, agrônomos e autoridades em torno de temas que envolvem o papel do Brasil no cenário global de sustentabilidade.

Foto: Blog da Engenharia

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Nesta terça-feira (8/10), durante a 79ª SOEA, o painel “COP 30: O Papel do Sistema Confea/Crea e Mútua nas Ações Globais de Combate às Mudanças Climáticas” reuniu engenheiros, agrônomos e autoridades em torno de temas que envolvem o papel do Brasil no cenário global de sustentabilidade. Isso porque o país se prepara para receber a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30) em Belém (PA) entre os dias 10 e 21 de novembro de 2025.

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Papel da Engenharia

A inovação e o desenvolvimento de tecnologias limpas serão tópicos de grande relevância na COP30. Com isso, a engenharia, em todas as vertentes, será protagonista na construção de soluções práticas que podem transformar a maneira como se produz energia, como se utiliza os recursos naturais e como se desenvolvem as cidades.

O engenheiro florestal Carlos Roberto Sanquetta, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), reforçou a importância de elaborar inventários de emissões de carbono como passo inicial para uma descarbonização efetiva. Segundo ele, é fundamental que cada país, cidade e empresa calcule as emissões para, a partir daí, adotar planos de compensação.

“O melhor é ser carbono negativo, e não zero”, explica Sanquetta, destacando que a remoção de carbono da atmosfera, por meio de práticas como o uso de energias renováveis, compostagem e manejo sustentável dos solos, é o caminho para se alcançar um balanço de carbono positivo.

O Brasil, como protagonista nas negociações climáticas, já se comprometeu a reduzir entre 37 mil e 43 mil toneladas de emissões até 2030, dentro dos parâmetros estabelecidos no Acordo de Paris.

Ferramenta essencial para mitigar mudanças climáticas

O engenheiro agrônomo Clever Briedis, da Universidade Federal de Viçosa (UFV), ressaltou que o manejo correto do solo é fundamental para a conservação dos ecossistemas e para a diminuição da emissão de gases como o metano, um dos principais responsáveis pelo efeito estufa.

Segundo Briedis, o Brasil é o sexto maior emissor de gases provenientes do setor agrícola e do uso da terra, especialmente devido ao desmatamento ilegal e ao uso inadequado do solo.

“Precisamos adotar práticas que reconstituam o solo e promovam a agricultura regenerativa”, afirma Briedis, destacando que o Brasil tem grande potencial para liderar essa transformação no setor agrícola global, aliando a produção de alimentos com a sustentabilidade.

Cooperativismo sustentável

A COP30 também proporcionará espaço para discutir o papel do cooperativismo na promoção de um modelo de desenvolvimento sustentável.

Eduardo Queiroz, coordenador de Relações Governamentais do Sistema OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras), destacou que o cooperativismo tem se mostrado uma solução eficiente para a agregação de valor à produção agrícola, especialmente entre os pequenos produtores e agricultores familiares. “Mais de 50% dos grãos produzidos no Brasil vêm de cooperativas”, afirma.

As cooperativas não apenas aumentam a produtividade e a competitividade dos pequenos produtores, mas também são fundamentais na disseminação de tecnologias e práticas sustentáveis no campo.

“A ONU reconheceu 2025 como o ano do cooperativismo, o que reforça a importância desse modelo para a transição justa e inclusiva que o mundo necessita”, completa.

Adaptação das cidades amazônicas

Outro ponto central das discussões na COP30 será a necessidade de adaptar as cidades amazônicas às mudanças climáticas, promovendo uma economia sustentável e inclusiva.

O engenheiro sanitarista Josué da Costa Rocha, diretor executivo do Grupo Samnit, salientou que a adaptação urbana às mudanças do clima exige uma abordagem ética e orientada para a sustentabilidade, com ênfase na introdução de “competências verdes” nos processos de produção e no consumo consciente.

“A engenharia tem um papel fundamental na adaptação das cidades amazônicas. Precisamos pensar na construção de um futuro que seja compatível com os desafios climáticos, o que envolve, muitas vezes, abrir mão de práticas que trazem prazeres imediatos em prol de escolhas sustentáveis e saudáveis”, reflete Rocha.

Brasil na vitrine global da sustentabilidade

A realização da COP30 em solo brasileiro é um marco que posiciona o país no centro das discussões climáticas globais. Com a Amazônia como pano de fundo, o Brasil carrega a responsabilidade de apresentar medidas concretas e ambiciosas para proteger o bioma que desempenha um papel crucial no combate às mudanças climáticas.

A Amazônia, maior floresta tropical do mundo, é um dos principais sumidouros de carbono do planeta, sendo essencial para a mitigação dos efeitos da crise climática.

Os desafios que o país enfrenta para equilibrar o desenvolvimento econômico com a preservação ambiental estarão em destaque.

Líderes brasileiros têm a oportunidade de reafirmar compromissos internacionais firmados em eventos anteriores, como o Acordo de Paris, além de apresentar novos planos que promovam a redução das emissões de gases de efeito estufa, fomentando ao mesmo tempo a transição para uma economia verde.

Expectativa de compromissos concretos

A COP30 será um momento crucial para que os países atualizem as metas climáticas.

Entre os principais pontos de discussão, estarão o aumento da ambição em relação às metas de redução de emissões dos gases de efeito estufa e a adaptação dos países aos impactos já observados das mudanças climáticas.

A expectativa é que haja avanços significativos no financiamento climático, um tema que tem gerado tensões em edições anteriores da conferência.

Países desenvolvidos, historicamente maiores emissores, são pressionados a fornecer recursos substanciais para ajudar as nações em desenvolvimento a implementar ações de mitigação e adaptação.