Tragédia no RS: especialistas alertam que medidas de apoio à saúde mental devem começar logo nas primeiras semanas
Força-tarefa com 300 profissionais do SUS - de vários estados, inclusive do Rio Grande do Sul - prestaram esse primeiro atendimento às vítimas das enchentes.
Força-tarefa com 300 profissionais do SUS - de vários estados, inclusive do Rio Grande do Sul - prestaram esse primeiro atendimento às vítimas das enchentes. Diante de tantas perdas no Rio Grande do Sul, um dos desafios é o cuidado com o estado emocional das vítimasDiante de tantas perdas na tragédia no Rio Grande do Sul, cuidar do estado emocional das vítimas é mais um desafio. Especialistas alertam que as medidas de apoio à saúde mental devem começar logo nas primeiras semanas."Não foi fácil, mas também não está sendo difícil. Graças a Deus. A gente sente falta da casa da gente, do cantinho. A gente já é pobre, ainda perde pouco que a gente tem, entendeu? Faz com que o emocional fique ruim. A situação do pessoal todo correndo. Eu me senti em uma guerra. Sabe, eu me senti em uma guerra, sem saber para qual lado ir", diz a dona de casa Margareth Santos Moraes."Foi difícil porque eu moro ali faz 50 anos. Eu fiquei com água já pelo pescocinho. Eu sou pequenininha, mas eu consegui pegar minhas gatinhas, meu cachorro, o velho que não queria vir, queria ficar cuidando da casa lá", conta Santa Edith Lopes - que está abrigada na PUC de Porto Alegre, que está acolhendo 250 pessoas.Christian Haag Kristensen, professor de Psicologia na PUC/RS, destaca a importância do apoio psicológico:"A pessoa tem medo, a pessoa está em choque, a pessoa está ansiosa, a pessoa pode se sentir culpada muitas vezes até porque sobreviveu e outra pessoa, não. Nesse primeiro momento, envolve uma escuta. Você fazer isso de uma forma não invasiva. Ou seja, você não pode forçar a pessoa a falar e, muito menos ainda, ficar forçando a pessoa a se lembrar de forma repetida sobre a tragédia", afirma.Débora Noal, psicóloga da Força Tarefa do SUS, que coordena uma força-tarefa com 300 profissionais do SUS, vindos de vários estados, inclusive do Rio Grande do Sul, para prestar esse primeiro atendimento, destaca a importância do apoio emocional."Quando tem essa sensação de apoio, de acolhimento, de afeto, de troca, de amparo, em algumas semanas, a própria rede faz com que ela sinta que tem ferramentas suficientes para poder subverter esse momento de dor", explica.Desastres anteriores mostraram que pessoas que recebem o apoio psicológico logo nas primeiras semanas terão menos chances de desenvolver um quadro mais grave no futuro. Christian Haag Kristensen, professor de Psicologia na PUC/RS, explica:"Mais notavelmente, vão ser quadros de depressão, transtorno de ansiedade e transtorno de estresse pós-traumático. Eu diria que, talvez, nessa ordem, o que a gente deve esperar encontrar aqui no futuro".Bárbara Vaz Lopes, sobrevivente, compartilha sua esperança:"O que te sobra quando tu perde a vida? Nada. Quando tu perde bens materiais, ainda te sobra a esperança. Para mim sobra a esperança. Esse aqui não é meu fim. Eu tenho um recomeço e eu vou recomeçar", afirma.Ouça os podcasts do FantásticoISSO É FANTÁSTICOO podcast Isso É Fantástico está disponível no g1, Globoplay, Deezer, Spotify, Google Podcasts, Apple Podcasts e Amazon Music trazendo grandes reportagens, investigações e histórias fascinantes em podcast com o selo de jornalismo do Fantástico: profundidade, contexto e informação. Siga, curta ou assine o Isso É Fantástico no seu tocador de podcasts favorito. Todo domingo tem um episódio novo. PRAZER, RENATAO podcast 'Prazer, Renata' está disponível no g1, no Globoplay, no Deezer, no Spotify, no Google Podcasts, no Apple Podcasts, na Amazon Music ou no seu aplicativo favorito. Siga, assine e curta o 'Prazer, Renata' na sua plataforma preferida. BICHOS NA ESCUTAO podcast 'Bichos Na Escuta' está disponível no g1, no Globoplay, no Deezer, no Spotify, no Google Podcasts, no Apple Podcasts, na Amazon Music ou no seu aplicativo favorito.