Jovem de Rio Preto perde vaga na USP após não ser considerado pardo por banca: 'Frustação grande'
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Moisés Carrasco da Silva, de 17 anos, foi aprovado no Provão Paulista para cursar engenharia civil no campus da USP em São Carlos (SP). Avaliação da banca foi por chamada de vídeo e considerou que o jovem não é pardo, por isso, não pode ingressar na universidade pela cota racial. Moisés Carrasco da Silva teve a matrícula cancelada após passar por comissão de heteroidentificação da USPArquivo PessoalUm jovem de 17 anos, morador de São José do Rio Preto (SP), foi desclassificado de uma vaga para cursar engenharia civil no campus de São Carlos (SP) da Universidade de São Paulo (USP), após não ser considerado pardo pela banca de heteroidentificação da universidade.Moisés Carrasco da Silva foi aprovado no curso por meio da nota Provão Paulista e conseguiu a vaga pela política de cotas, já que se autodeclara pardo. Ele passou por uma avaliação on-line, que tem o objetivo de evitar que pessoas que não se enquadrem nos requisitos de raça concorram a vagas pela modalidade de cota racial. Durante a avaliação, Moisés conta que os membros da banca o fizeram diversas perguntas. "Pediam para eu levantar, mudar a luz, acender mais luzes. Encostar na parede. Coisas assim", lembra. No resultado, enviado por e-mail, o jovem soube que sua pré-matrícula havia sido cancelada, com uma justificativa que alegava que ele não seria pardo."Fico muito triste com essa decisão, pois sempre foi um sonho e já estava quase tudo encaminhado, e foi uma frustração grande quando chegou a notícia que cancelaram a minha matrícula", relata Moisés. Moisés junto com a mãe e o irmão. Família é de São José do Rio Preto (SP)Arquivo PessoalOs alunos aprovados pelo Provão Paulista não tiveram direito a passar pela banca presencial. Diferentemente de quem foi aprovado direto pelo vestibular ou pelo Enem.Em nota, a USP disse que a banca online foi criada porque muitos alunos são de outros estados e a internet facilitaria esse trabalho. Disse ainda que a banca analisa apenas aspectos fenotípicos, como cor da pele, tipo do cabelo e formato do nariz e boca e tenta identificar se essas características são das comunidades negras, indígenas ou pardas.Adolescente aprovado na USP pelo Provão Paulista perde vaga no curso de Direito por não ser considerado pardoA família recorreu por e-mail. Enviou documentos, fotos, mas até este sábado (2), não obteve nenhuma resposta por parte da USP. "A gente tenta ligar, nunca consegue falar com ninguém. Agora, vamos atrás de assistência jurídica para continuar tentando recurso", explica Cleber Carlos da Silva, pai de Moisés.Dermatologista classificou Moisés no nível 4 da escala, equivalente à pele morena de acordo com escala de Fitzpatrick Arquivo PessoalA família levou o jovem para passar por uma consulta com uma dermatologista, que utilizou a escala de Fitzpatrick para fazer um laudo classificando Moisés no nível 4 da escala, equivalente à pele morena. A escala estabelece seis categorias de pele em razão de sua resposta à radiação ultravioleta.Além disso, a informação de raça/cor consta como parda em outros documentos de Moisés, como o cadastro de usuário da saúde, da Secretaria da Saúde de São José do Rio Preto. Raça/cor de Moisés consta como parda em documento da Secretaria de Saúde de Rio Preto (SP)Arquivo PessoalAgora, a família pretende reunir o atestado da dermatologista, além de outros documentos, e pedir recurso da decisão. A TV TEM pediu um posicionamento para a USP a respeito do ocorrido, mas não teve um retorno até a última atualização desta reportagem.Outros casosO jovem de Cerqueira César (SP) foi aprovado pelo Provão Paulista no curso de medicina da USP, mas perdeu a matrículaAlison Rodrigues/Arquivo pessoalAssim como Moisés, o estudante Alison dos Santos Rodrigues, de 18 anos, morador de Cerqueira César (SP), também perdeu a vaga no curso de medicina da Universidade de São Paulo (USP) após uma banca julgadora não o considerar pardo.A família do jovem entrou na Justiça para reverter a decisão. Alison, que é de Cerqueira César, foi aprovado na primeira chamada pelo Provão Paulista no curso mais concorrido da USP.Ele descobriu que perdeu a vaga na segunda-feira (26), no que seria o primeiro dia de aula dele, após decisão da banca de heteroidentificação.Segundo a advogada do jovem, Giulliane Jovitta Basseto Fittipald, um processo de tutela antecipada antecedente foi aberto. A ação é uma alternativa processual que permite às partes buscarem medidas provisórias de forma rápida.Estudante de Bauru se autodeclara pardo, porém a banca da USP afirma que ele não atende aos critérios da política de cotasTV TEM/ ReproduçãoGlauco Dalilio do Livramento, estudante de Bauru (SP), também teve a pré-matrícula cancelada. O estudante Gfoi aprovado no curso de direito por meio da nota Provão Paulista e conseguiu a vaga pela política de cotas, já que se autodeclara pardo.Porém, na hora da banca fazer a avaliação, eles cancelaram a pré-matrícula do jovem, alegando que ele não seria pardo. A avaliação foi feita por meio de uma foto e uma vídeo chamada.Veja mais notícias no g1 Rio Preto e AraçatubaVÍDEOS: assista às reportagens da TV TEM