Pesquisadores estudam fauna parasitária de pirarucus do Rio Granda, na bacia do alto Paraná
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Projetos devem levantar também dados sobre dieta, origem, fatores de estabelecimento e impactos da espécie exótica invasora na área. Imagens áreas de um dos "braços" do Rio Grande, na bacia do alto Rio ParanáMárcio Campos / TGA introdução de espécies fora de sua área nativa pode culminar em processos de invasões biológicas, que podem alterar relações ecológicas nas novas áreas de distribuição, incluindo interações entre parasitas e hospedeiros.Pesquisadoras da Unesp decidiu avaliar a comunidade parasitária do pirarucu (Arapaima gigas) em uma área de distribuição não-natural, mais especificamente no Rio Grande, bacia do alto Paraná, no estado de São Paulo.Para saber se há divergências nessa comunidade, ela será avaliada também na área de ocorrência natural do peixe. Isso será feito com base na determinação da origem dos indivíduos invasores. Segundo estudo preliminar, na bacia do alto Paraná, existem aproximadamente 74 espécies de peixes não-nativos, sendo o registro do pirarucu um dos mais recentes. Nesse cenário, o parasitismo pode influenciar o processo de invasão auxiliando ou limitando a expansão de seus hospedeiros.Bacia do Prata é formada pelos rios Paraguai, Paraná e UruguaiKmusser / WikipediaPara os cientistas, informações sobre parasitas, dieta, origem do invasor e fatores que possam influenciar o sucesso do estabelecimento do peixe amazônico no bacia do alto Paraná são essenciais para subsidiar medidas de manejo local da espécie. Uma das hipóteses do projeto é que a fauna parasitária do pirarucu apresentará maior riqueza de espécies em sua área de distribuição natural em relação a área de distribuição não-natural. Além disso, a dieta dele também deve apresentar diferenças entre as áreas, em decorrência da oferta de diferentes itens alimentares e estrutura dos hábitats. Para o estudo, serão analisados no mínimo 60 espécimes de A. gigas, sendo 30 da área de distribuição natural e 30 da área de distribuição não-natural. Paralisado desde maio de 2023, o projeto conduzido por Lilian Casatti e Lidiane Franceschini deve ser retomado em maio deste ano.O pirarucu é uma espécie invasora que não possui predadores naturaisPaulo Augusto/TGAprofundamentoOutro projeto que ainda será iniciado, e que inclui as pesquisadoras citadas, pretende caracterizar atributos biológicos relacionados à introdução do pirarucu no alto rio Paraná. São eles: origem da população doadora de propágulos (grupo celular que formará um novo indivíduo), variabilidade genética populacional, ecologia trófica (cadeia alimentar), fauna parasitária, período reprodutivo, fecundidade e potencial invasor. Pirarucu é o maior peixe de escamas em água docemanimiranda / iNaturalistApós a coleta desses dados, será testada a hipótese da fusão invasora, que diz respeito a interações positivas entre espécies invasoras, facilitando seu estabelecimento mútuo no novo ambiente e causando um aumento do impacto ecológico e até acelerando o número de novas invasões. Além dessa hipótese, outras também devem ser estudadas. O projeto conta com a participação dos pesquisadores Igor Paiva Ramos (Unesp Ilha Solteira), Fábio Porto Foresti (Unesp Bauru), Jean Ricardo Simões Vitule (UFPR), Mário Luís Orsi (UEL), Fernanda Simões Almeida (UEL) e Juan Antônio Balbuena (Universidade de Valência).VÍDEOS: Destaques Terra da GenteVeja mais conteúdos sobre a natureza no Terra da Gente