Justiça Militar decreta prisões de dois cabos acusados de participar do furto de 21 metralhadoras de quartel na Grande SP
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Exército cumpriu mandados de prisões na última sexta (23). Militares estão presos preventivamente por suspeita de envolvimento no desaparecimento de armamento em 2023. Comando Militar do Sudeste investigava crimes de furto, peculato, receptação e extravio das armas. 8 metralhadoras foram encontradas pela Polícia Civil do Rio (foto à esquerda); e 9 armas acabaram achadas pela polícia de Carapicuíba, Grande São Paulo. Todas as 17 foram furtadas do quartel do Exército em Barueri, região metropolitanaLeslie Leitão/TV Globo e Polícia Civil/DivulgaçãoA Justiça Militar decretou as prisões de dois cabos acusados de participarem do furto das 21 metralhadoras de um quartel, em setembro do ano passado, no Arsenal de Guerra São Paulo (AGSP) em Barueri, na região metropolitana. A informação foi apurada nesta segunda-feira (26) pela reportagem.O Exército cumpriu na última sexta-feira (23) os mandados de prisões contra os dois militares. Desde então eles estão detidos no 2º Batalhão de Polícia do Exército, em Osasco, na Grande São Paulo. A reportagem não conseguiu localizar as defesas deles para comentarem o assunto.Procurado para comentar o assunto, o Comando Militar do Sudeste (CMSE) confirmou as prisões, mas não divulgou quais são suas patentes ou nomes e nem por quais crimes eles estão respondendo."O Comando Militar do Sudeste informa que a Justiça Militar da União decretou a prisão preventiva de 2 militares suspeitos de envolvimento na subtração das armas do Arsenal de Guerra de São Paulo. O mandado foi cumprido em 23 de fevereiro, sexta-feira. A audiência de custódia foi realizada no dia seguinte, tendo o Juízo competente decidido pela manutenção da segregação cautelar dos suspeitos", informa o comunicado do CMSE.Segundo fontes da reportagem, um dos presos é um cabo que foi motorista do então tenente-coronel que comandava o Arsenal de Guerra quando ocorreu o desaparecimento das armas. Segundo a acusação, o cabo usou o carro oficial do comandante do AGSP para transportar o armamento furtado.O oficial não teve participação no crime, mas foi substituído por outro diretor após o sumiço do armamento. O Comando Militar do Sudeste apurava os crimes de furto, peculato, receptação e extravio. O Inquérito Policial Militar (IPM) do caso foi concluído no dia 16 de fevereiro com o indiciamento de militares e civis. O CMSE não informou, porém, quantas pessoas foram indiciadas e por quais crimes. Exército conclui inquérito e indicia militares e civis acusados de furtar 21 metralhadoras de quartel em SPAo menos oito pessoas, sendo seis militares e dois civis, chegaram a ser investigadas por causa do furto das armas. Dezenove metralhadoras foram recuperadas, outras duas ainda são procuradas (saiba mais abaixo). O IPM foi encaminhado primeiro ao Ministério Público Militar, que decidirá se há elementos para denunciar os investigados. Depois, o seu posicionamento seguirá para a Justiça Militar, que avaliará se há ou não indícios para incriminar as pessoas acusadas e torná-las rés no processo. O CMSE não respondeu se houve denúncia ou pronúncia dos militares acusados. E nem informou o que aconteceu com os civis que foram indiciados. O Exército alega que divulgar quaisquer outras informações ferem o sigilo judicial do processo.Se forem punidos, os militares poderão receber penas de até 50 anos de prisão, cada um, e depois serem expulsos do Exército. Militares que furtaram metralhadoras do Exército podem receber pena superior a 50 anos de prisãoAtualmente, 160 militares ainda estão aquartelados no Arsenal de Guerra de BarueriReprodução/TV GloboAo todo, 13 metralhadoras antiaéreas calibre .50 e oito metralhadoras calibre 7,62 sumiram. O desvio só foi descoberto mais de um mês depois, em outubro de 2023, durante recontagem das armas. As câmeras de segurança do local haviam sido desligadas no dia do crime. Por esse motivo, não há imagens do momento do furto.21 metralhadoras do Exército são furtadas de arsenal da base militar em Barueri, Grande SP; 13 delas podem derrubar aeronavesDe acordo com a investigação do Exército, militares furtaram as metralhadoras para negociar com traficantes de drogas ligados a facções criminosas, como o Comando Vermelho (CV), no Rio, e o Primeiro Comando da Capital (PCC), em São Paulo. Exército ia cercar Rocinha quando armas apareceramMetralhadoras furtadas iriam para facções criminosasCom a ajuda do Exército, as polícias do Rio de Janeiro e de São Paulo recuperaram 19 dessas armas. Outras duas continuam sendo procuradas.Exército recupera 19 e procura mais duas armas10 armas encontradas no RioMetralhadoras recuperadas pela Polícia Civil do RJReproduçãoDez metralhadoras foram abandonadas por criminosos dentro de veículos no Rio, sendo oito em 19 de outubro e duas em 1º de novembro. No documento da força de segurança fluminense, um policial contou que a Polícia Civil do estado negociou com integrantes do CV, por meio de interlocutores, a devolução das dez armas.Segundo o documento, os traficantes, um de apelido Dedei, e outro, conhecido por Capixaba, estariam de posse das metralhadoras. Segundo o policial, ele suspeita que as metralhadoras foram adquiridas por eles para atacar aeronaves e veículos blindados das forças de segurança. Quem é Capixaba, suspeito de fornecer metralhadoras do Exército à facção de traficantes do RioO agente não informa o que teria sido oferecido em troca. Mas fontes da reportagem disseram que o acordo previa que militares e policiais não entrariam na comunidade onde a facção criminosa atua se, em troca, as armas fossem devolvidas. Procurados pela TV Globo e pelo g1, Exército e Polícia do Rio negaram esse acordo.Polícia Civil recupera no Rio 8 das 21 metralhadoras furtadas do Exército em São PauloExército e Polícia Civil do RJ encontram no Rio mais duas metralhadoras furtadas em SP9 metralhadoras achadas em São PauloNove armas foram encontradas na lama em São Roque, interior paulista, segundo a políciaDivulgação/Polícia CivilOutras nove metralhadoras foram encontradas em 20 de outubro em São Roque, interior paulista. Segundo a Polícia Civil de São Paulo, bandidos que estavam com as armas furtadas trocaram tiros com policiais e fugiram, deixando-as num lamaçal. Nenhum suspeito foi preso e ninguém se feriu.Metralhadoras furtadas do Exército encontradas pela polícia em São Roque, interior de SP, estavam escondidas em lamaçal; veja VÍDEOSegundo o Exército, todas elas são "inservíveis" e não teriam condições de uso. As metralhadoras seriam inutilizadas ou destruídas, de acordo com o Comando Militar do Sudeste.Seis militares e dois civis eram investigadosExército faz operação em busca de armas furtadas de arsenal de quartel em GuarulhosReprodução/TV GloboExército apreende celulares, computadores e máquina de cartões com militares suspeitos de furtarem 21 armas de quartelJustiça Militar decreta quebra dos sigilos bancário e telefônico de sete militares suspeitos de furtar 21 armas de quartel do ExércitoJustiça nega pedido do Exército para prender 6 militares por furto de armas de quartelAinda em 2023, o Comando Militar do Sudeste chegou a pedir as prisões preventivas deles, mas elas foram negadas. O Ministério Público militar e a Justiça militar não concordaram com as detenções por entender que os argumentos e indícios apresentados de que eles cometeram o furto eram insuficientes.De acordo com os investigadores, o furto das metralhadoras no quartel teria ocorrido durante o feriado de 7 de Setembro, mas a descoberta dele só ocorreu no dia 10 de outubro. Um militar notou que o cadeado da sala de armas havia sido trocado e decidiu recontar o arsenal. As câmeras do local haviam sido desligadas junto com a rede elétrica.Exclusivo: militares desligaram intencionalmente rede elétrica do quartel do Exército de onde 21 metralhadoras foram roubadas Furto de armas do Exército: investigação indica que militares desligaram câmeras e usaram carro oficial de diretor do quartelCabo suspeito de transportar 21 armas furtadas do Exército apresenta atestado médico para se ausentar de quartel em SPDois traficantes foram apontados na investigação por terem recebido as armas furtadas.Segundo o Instituto Sou da Paz, este é o maior desvio de armas do Exército desde 2009, quando sete fuzis foram roubados de um batalhão em Caçapava, interior paulista. Clique aqui e se inscreva no canal do g1 SP no WhatsApp MPM investiga 'aquartelamento'Sobe para 19 o número de militares em prisão administrativa no caso do furto de armas do arsenal do ExércitoO Ministério Público Militar investiga também se houve irregularidades durante o "aquartelamento" da tropa após a descoberta do desvio das armas em 10 de outubro de 2023. Militares foram impedidos de sair do quartel até 24 de outubro. A medida é prevista pelo Exército em casos excepcionais, mas a Procuradoria apura se ele foi aplicada de forma legal no caso do furto das armas. Militares chegaram a ter os celulares recolhidos e foram ouvidos no inquérito para passar informações que poderiam levar aos culpados pelo desaparecimento das metralhadoras. O Exército ainda puniu administrativamente 38 subordinados com prisões por terem falhado em não impedir o furto.38 militares são punidos internamente após furto de metralhadoras em quartel de SPUm cabo, que estava sendo investigado com um dos seis suspeitos de participar diretamente do furto, denunciou que todos eles foram agredidos durante o "aquartelamento" no Arsenal de Guerra, segundo sua defesa relatou à época ao g1.