A cada 10 crianças estupradas, 7 são vítimas de pessoas de confiança em Campo Grande, detalha pesquisa
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Segundo a Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (DEPCA), o depoimento da vítima é a peça chave para solucionar o crime e prender os envolvidos. Sala da Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (DEPCA), onde as crianças são ouvidasDébora RicaldeEm Campo Grande, a cada 10 casos de estupro de vulnerável, 7 são cometidos por pessoas de confiança. Os dados são do boletim do Observatório da Mulher, que foi divulgado nesta semana.Conforme a pesquisa, em 2023, a capital de Mato Grosso do Sul registrou 571 casos de estupro de vulnerável, que são os crimes sexuais cometidos contra crianças e adolescentes. A análise do Observatório da Mulher mostra um recorte ainda mais preocupante, apontando que 77% desses casos são cometidos por pessoas de confiança das vítimas.Segundo o delegado adjunto da Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (DEPCA), Pablo Gabriele Farias, a confiança entre a vítima e o abusador é o que aumenta o índice. "Quase todos os casos é alguém que essa criança confia. Esses crimes acontecem, em sua maioria, no âmbito familiar, são cometidos por pessoas de confiaça. Os abusadores se validam de ameaças para manipular a criança", explicou o delegado.Para a polícia, a escuta do depoimento da criança é o que dá início às investigações e, por muitas vezes, o que finaliza o crime. "Além de passarmos por diversos treinamentos, aqui na delegacia as vítimas são acompanhadas por uma equipe multidisciplinar, composta por psicólogos e pedagogos", afirmou.O delegado contou ao g1 que, além de contar com a ajuda de algumas perguntas bases, os investigadores procuram sempre criar um vínculo de confiança com a vítima para que ela se sinta a vontade para relatar o que aconteceu. Viatura DEPCADébora RicaldeMulheres são principais vítimasCom uma média de 100 denúncias por mês, o Conselho Tutelar é, na maioria das vezes, o órgão que recebe a denuncia de casos de abusos sexuais contra crianças e adolescentes. Conforme o presidente da associação de conselheiros tutelares de Mato Grosso do Sul, Adriano Vargas, alguns cuidados são necessários a cada denúncia. "Quando chega a denúncia a gente vai analisar a situação para ver até onde aquilo é verdade, até onde a gente precisa acompanhar aquela situação de forma imediata. Para ver se é uma situação flagrante que a gente precisa acionar a polícia para coletar um material. Depois a gente precisa afastar aquela criança de onde ela vive, porque ela pode estar correndo um risco, ela pode estar dentro de casa com o próprio violador ali dentro com uma própria conivência do responsável ou da responsável, então temos que analisar tudo para ver o quanto ela está bem ou não dentro da casa dela e a partir desse momento começar a tomar as medidas de proteção", informou o presidente. O recorte do Observatório da Mulher aponta que em 90% dos casos de abuso, as vítimas são do sexo feminino. E, conforme explica o conselheiro, o principal indício do abuso é a mudança brusca de comportamento."O abusador normalmente tenta transferir a culpa para a criança. Por isso, é necessário que os responsáveis estejam atentos a mudança de comportamento, normalmente elas ficam irritadas ou então muito queiras", esclarece Adriano.Rede proteção às vítimasEm Campo Grande, após o crime é oferecido para as vítimas uma rede de proteção como acompanhamento sociofamiliar, psicológico, de saúde, escolarização e todas as outras dinâmicas que também são importantes para garantir e tentar amenizar o sofrimento que a criança está passando. "A criança que ela é vítima é diferente de um adulto. Em 90% dos casos, os abusos acontecem dentro de casa, dentro da família. E agora tem tido um 'boom' muito grande, principalmente nesse último ano, devido a toda exposição que teve em relação a área da infância como caso da menina Sophia e também por conta do retorno da pandemia", finalizou o presidente do conselho.Para denúncias, veja os serviços abaixo:Endereço: a DEPCA fica na Rua 25 de Dezembro, 474;Contato: (67) 3323-2500; Funcionamento: de segunda a sexta-feira, das 7h30 às 17h30.Plantão: o "Plantão DEPCA" fica na Rua Soldado Polícia Militar Reinaldo de Andrade, n. 167, Tiradentes. O telefone para contato é (67) 3318-9000. O local funciona de segunda a sexta-feira, no período noturno, a partir das 17h30, além de fins de semana e feriado.Veja vídeos de Mato Grosso do Sul: