Saiba quem são os homens que fazem bico empurrando carros alegóricos no carnaval de SP
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Escolas de samba interessadas contratam empresa que paga até R$ 30 por cada carro que trabalhador empurre da concentração à dispersão em São Paulo. Trabalhadores trocam de camiseta de acordo com a cor da escola. Há também voluntários. Centenas de homens trabalham empurrando carros de escolas de samba no carnaval paulistaO carnaval não vai para frente sem eles: os empurradores de carros alegóricos. Centenas de homens formam a força-tarefa que leva da concentração à dispersão as grandes estruturas pelo Sambódromo do Anhembi, na Zona Norte de São Paulo.Das sete escolas que desfilaram na madrugada de sábado (10), a maior parte dos empurradores era formada por homens contratados em albergues da capital paulista com remuneração de até R$ 30 por veículo empurrado pela avenida. Voluntários de torcidas e integrantes das escolas completam os quadros.Anderson Cardoso Alves é representante da empresa Blue Angel. Segundo ele, os contratados são indicados pelos representantes dos albergues para o "bico".Empurrados de carros no carnaval de SPCarlos Henrique Dias/g1"Geralmente, nós estamos indo agora em albergues, que são os locais mais necessitados. E lá nós pedimos ao representante de cada albergue para contratar de 30 a 80 homens, até formar a quantidade que nós necessitamos para as escolas que nós estamos trabalhando", explica.No Grupo Especial, a empresa presta o serviço para seis escolas e divide os clientes com outra terceirizada. Na noite de sábado, Anderson e colaboradores da Angel tiveram que alinhar as entradas e saídas do Xambódromo com um total de 200 homens contratados. Em cada carro de escola havia um grupo com cerca de 20 a 30 pessoas."A maior parte é de albergue, porém tem muito pessoal que já está acostumado e vem por conta, e a gente filtra. No domingo, deverão ser chamados 260", detalha.Segundo ele, cada escola previamente pede uma quantidade de empurradores e paga pelo trabalho da terceirizada.O g1 conversou com quatro trabalhadores que vivem uma verdadeira maratona nas horas de desfile. Os grupos de empurradores trocam de camisetas ao fim de cada dispersão de escola e retornam para a concentração com as novas cores da agremiação seguinte. Carlos Roberto Bezerra Junior, de 26 anos, é da capital paulista, mas é a primeira vez que pisa no Sambódromo."É muito empolgante, muita euforia, muito gratificante. Já saí em alguns bloquinhos por aí, mas nada tão esbanjado igual aqui. Bem emocionante. Me chamaram ontem para trabalhar hoje, amanhã e até o final do carnaval. Todo mundo com documentação certinha para poder dar o sangue", diz.Carlos Roberto Bezerra Junior, 26 anosCarlos Henrique Dias/g1Ele trabalha como ajudante-geral, tem um filho de 4 anos e, com o carnaval, esperar ganhar até R$ 200 em uma noite."Eu vou atrás do meu. Preciso dar tudo de bom para o meu filho. Se não é a gente aqui [empurrando], eles não entram na avenida. Dá para sair com uns R$ 200. Amanhã cedo já levo pãozinho para casa, para a família", comemora.Magno Luiz, de 49 anos, de Taubaté, no interior de São Paulo, afirma que trabalha na coleta de lixo e neste ano decidiu apostar na proposta."Selecionaram a turma lá e puseram eu no meio da turma. E eu aceitei. Vou em umas quatro ou cinco escolas. Preparar eu já me preparo já, né? Porque eu já faço a coleta (de lixo). É o dia inteiro correndo, varrendo rua. Quase 50 é anos de idade, eu estou forte ainda."Muller Gerriel de Oliveira, de 24 anos, é de Montes Claros, Minas Gerais. Está em São Paulo há cerca de quatro meses."Eu só via [o carnaval] pela televisão. Agora eu tenho a honra de estar aqui. Eu vim conhecer São Paulo, gostei, fiquei um tempo. Comecei a arrumar uns empregos, e arrumei isso aqui agora. Um amigo meu que me indicou", conta o mineiro, que há dois dias foi chamado para o serviço."Trabalho com carga e descarga, com eventos. Já trabalhei aqui já, mas foi montando um palco. Pelo menos já estou treinado de pegar e carregar peso", brinca.Mullher trabalhou empurrando carros no carnavalCarlos Henrique Dias/g1Muller está sozinho em São Paulo e pretendia ir embora com até R$ 100 nos bolsos. A ideia é retornar no domingo.Wendel Mauricio Souza Santos, de 24 anos, também mineiro, nunca tinha visto a festa carnavalesca paulistana. O rapaz trabalha como desentupidor e descarrega cargas em São Paulo."Ainda sem serviço fixo. Não tenho nenhum ainda, mas está dando para sobreviver, está tudo ótimo. Eu curto carnaval, gosto de carnaval desde criança. Eu desfilava lá nas escolas em Minas. Desfilei na bateria, na alegoria."