Blocos de CG: 'Capivara Blasé' sai do tablado improvisado e se consolida como realeza do Carnaval de rua

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Blocos de CG: 'Capivara Blasé' sai do tablado improvisado e se consolida como realeza do Carnaval de rua
Em 2024, o bloco que é sinônimo de democracia completa 10 anos de muita alegria, purpurina e amor à cultura. Com público cativo, o 'Capivara Blasé' puxa o bando e reúne a família toda durante a folia. 'Capivara Blasé' comemora 10 anos com muita folia e sendo sinônimo de democracia

Uma tenda como casa e um pequeno tablado como palco. Assim que "Capivara Blasé" nasceu, lá no início do ano de 2014. Atualmente, a casa é outra e o palco, bem maior. Com residência fixa pelos ladrilhos da Esplanada Ferroviária de Campo Grande, o bloco, que arrasta multidões, se consolidou como realeza no Carnaval da capital. Assista ao vídeo acima.

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Ao longo desta semana que antecede o Carnaval de 2024, o g1 MS preparou uma série de reportagens que relata as histórias dos principais blocos de rua de Campo Grande. Nesta quinta-feira (9), o bando da capivara garante espaço e mostra o motivo do amor e paixão pela folia em Campo Grande.

Capivara Blasé é para todos!

Vaca Azul/Reprodução

????????Do sonho à realidade: O bloco começou pequeno, em 2014. O "Capivara Blasé" foi fundado por uma companhia de teatro, que atualmente chama "Urgente Companhia". Os produtores culturais, artistas e atores queriam brincar, se divertir no Carnaval de Campo Grande. As opções na capital não eram tantas.

Angela Montelvão, de 32 anos, é quem conduz o g1 pela história do bloco que saiu do tablado improvisado para um dos maiores palcos do Carnaval de Campo Grande nos últimos anos. A produtora cultural e atriz lembra do desejo do grupo de atores para a criação do "Capivara Blasé".

"O pessoal queria fazer a sua própria produção para poder curtir o Carnaval com uma qualidade técnica de som bacana, com um estilo musical animado, com respeito, com muita cultura. Mas foi criado de uma forma muito despretensiosa. Era para atender ali a companhia de teatro, alguns amigos mais próximos, e o bloco foi crescendo a cada ano", comenta.

O sonho despretensioso ganhou seguidores, um verdadeiro bando. Com uma produção cultural afinada, o "Capivara Blasé" se propõe a apresentar um bloco com excelência técnica e artística aos foliões.

Bloco reuniu mais de 50 mil pessoas em 2023.

Vaca Azul/Reprodução

Nos primeiros anos, de uma forma improvisada, a folia foi em uma tenda e um tablado, como Angela relembra. O dinheiro para pagar as despesas e cachês dos artistas foi angariado pela venda de cervejas.

"No primeiro ano, o bloco atendeu entre 250 e 300 pessoas em uma única tenda, na qual se dividiu: metade era o palco, metade era o bar pra vender a cerveja pra pagar os artistas desse palco. Não era uma palco não, aliás, era um 'tabladinho', no chão mesmo. Hoje atingimos uma média de 50 mil pessoas por noite", comemora Angela.

????????O bando da capivara só cresce: No ano passado, o "Capivara Blasé" levou mais de 50 mil pessoas às ruas durante o Carnaval. Angela, que entrou na organização do bloco em 2017, lembra que o bando só cresce, ano após ano.

Uma das medidas para o crescimento foi a inclusão de proporcionar um bloco pensado em toda família: das "capivarinhas" às "capivaras já formadas".

"Em 2017 foi o ano também em que nós fundamos a área capivarinhas, que é a área destinada às crianças. O 'Capivara Blasé' entende que a rua, a folia, é pra todos. Inclusive pais e mães de crianças pequenas que muitas vezes ficam excluídos dos eventos sociais e culturais por não ter espaços que comportem a nova realidade de adaptação, de inclusão das crianças, por exemplo", assegura a atriz e produtora cultural.

Angela Montelvão é uma das organizadores do bloco.

Vaca Azul/Reprodução

O pensamento pedagógico do bloco faz com que a semente do Carnaval seja plantada e brotada entre os pequenos foliões. A acessibilidade aos pais e mães é inegociável, como Angela fala em conversa com o g1.

"As crianças são a garantia da continuidade dessa cultura. Então o nosso futuro do bloco está ali garantido na área Capivarinhas. Nós oferecemos também algumas cadeiras de apoio à amamentação, descanso, fraldário, banheiros de uso exclusivo para crianças, enfim, uma estrutura de conforto para permitir que tanto adultos que têm filhos possam curtir o carnaval sem a exclusão, e também a continuidade desse conforto para que as crianças sejam inseridas nessa cultura do carnaval de rua".

????????Carnaval é cultura, democracia e identidade: Todos os anos o "Capivara Blasé" se mostra mais inclusivo e intrínseco à cultura campo-grandense.

"Uma das nossas prioridades é conseguir atender com excelência técnica, artística, cultural, porque Campo Grande merece! Campo Grande merece um bloco digno, um bloco bem produzido, os nossos foliões merecem curtir o carnaval com essa excelência que o Capivara sempre se preocupa", compartilha Angela entre um e outro compromisso envolvendo o bloco.

A produtora cultural é categórica ao dizer que o Carnaval é patrimônio cultural, sim! Inclusive em Campo Grande. Como mensagem, o "Capivara Blasé" leva a palavra da democracia e amor à cultura.

"Entre as manifestações da cultura popular, o Carnaval é uma das mais democráticas, porque acontece na rua, onde todos podem participar. É um movimento genuíno da nossa alegria, do nosso festejar. Lembrando que a alegria é uma tecnologia brasileira, inclusive de resoluções de problemas. Então, o brasileiro tem por característica essa alegria, inclusive para resolver conflitos, para amenizar situações, para encontrar soluções criativas, e o Carnaval é muito simbólico, muito representativo disso tudo".

Folia é para curtir em família.

Vaca Azul/Reprodução

????????Pedido de urgência: É nesta tentativa de deixar escancarado a mensagem do Carnaval a toda sociedade, que o "Capivara Blasé" apela para que as autoridades e gerentes de órgãos públicos olhem com mais atenção aos blocos de rua.

"Nós precisamos, por exemplo, urgentemente, de um protocolo público de Carnaval para atendimento dessa demanda da cidade, que é uma demanda muito importante, não só em termos culturais, porque eu poderia ficar aqui horas falando do valor cultural do carnaval de rua, mas, inclusive, de importância econômica para a própria cidade. O quanto de dinheiro que gira na nossa capital em torno do movimento dos blocos de rua, o quanto de dinheiro que deixa de sair daqui porque os nossos moradores deixam de passar esse feriado em outras localidades, e também como potencial turístico".

Festa vai ser realizada nos dias 11 e 12 de fevereiro deste ano.

Vaca Azul/Reprodução

Para além do valor cultural, Angela lembra da importância econômica para a sociedade. A questão da adequação é uma demanda da nova realidade que Campo Grande vive durante a folia.

"Precisam se adequar a essa nova realidade, essa demanda, que é uma demanda expressiva do povo, genuína do povo. Um movimento que surgiu pela iniciativa popular, que cresce pela iniciativa popular, e que já não tem como desassociar da identidade da cultura de Campo Grande", sugere a produtora cultural.

'Capivara Blasé' comemora 10 anos em 2024.

Vaca Azul/Reprodução

????????Bodas de estanho: Neste ano, o "Capivara Blasé" comemora 10 anos de existência com muita purpurina e festa boa. O bloco volta às ruas da Esplanada Ferroviária de Campo Grande nos dias 11 e 12 de fevereiro, a partir das 14h.

Angela antecipa como a festa será neste ano. Toda a folia será voltada para a comemoração da primeira década do bloco que se consolida entre os maiores de Campo Grande.

"Anteriormente o movimento do Carnaval, que era quase inexpressivo, chegou hoje a um patamar entre os maiores movimentos de rua de todo o Centro-Oeste. Vamos levar muita alegria e, é claro, com aquele acolhimento que o bloco sempre proporciona. O Carnaval tem que ser comemorado por todos. Todos são muito bem-vindos no nosso bando. Todos, todas, todes, todas as idades", convida a produtora cultural.

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