Em três anos, gestão Ricardo Nunes deixou de gastar quase R$ 1,5 bi em verbas de combate a enchentes em SP

Embora o prefeito do MDB seja o mais eficiente entre as últimas três gestões na destinação e liquidação de verba para esse fim na cidade, os dados apontam que, entre 2021 e 2023, Nunes conseguiu liquidar apenas 74% dos R$ 5,65 bilhões do que orçou no cargo. Alagamentos na Avenida Luiz Ignácio de Anhaia Mello, na Vila Prudente, Zona Leste de SP.

Rodrigo Rodrigues/ g1

Dados fornecidos pela própria Prefeitura de São Paulo mostram que, nos últimos três anos, a gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB) deixou de gastar mais de R$ 1,47 bilhão em verbas orçadas para o combate às enchentes na cidade.

Embora o prefeito do MDB seja o mais eficiente entre as últimas três gestões na destinação e liquidação de verba para esse fim na cidade, os dados apontam que entre 2021 e 2023, Nunes conseguiu gastar apenas 74% de tudo que orçou para combater o transtorno que, ano a ano, afeta os paulistanos.

Em três anos, foram R$ 5,65 bilhões orçados pela prefeitura, mas apenas R$ 4,18 liquidados no mesmo período, segundo os dados.

Por meio de nota, a Prefeitura de SP afirmou que teve um salto de 20,6% entre o orçamento inicial previsto e o valor liquidado na cidade durante os três últimos anos da gestão Nunes, passando de R$ 3,4 bilhões para R$ 4,1 bilhões.

Ponto de alagamento na esquina da rua General Jardim com a avenida Amaral Gurgel, na Vila Buarque, centro de São Paulo, durante o temporal que voltou a atingir a cidade na noite desta quarta-feira (10).

TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO CONTEÚDO

Segundo o órgão, "os valores empenhados em obras iniciadas e ainda não concluídas durante o ano são lançados em resto a pagar e liquidados quando da conclusão dos trabalhos, conforme prevê a legislação".

"A Prefeitura informa que os investimentos em ações de combate a enchentes nos anos de 2021, 2022 e 2023 tiveram um salto de 20,6% entre o orçamento inicial previsto e o valor liquidado. Passou de cerca de R$ 3,4 bilhões para R$ 4,1 bilhões. Uma média anual de quase R$ 1,4 bilhão. Em relação à execução orçamentária, os valores empenhados em obras iniciadas e ainda não concluídas durante o ano são lançados em resto a pagar e liquidados quando da conclusão dos trabalhos, conforme prevê a legislação", disse a nota.

Em entrevista ao Bom Dia SP na manhã desta sexta (12), Nunes afirmou que nos últimos três anos conseguiu fazer muitos investimentos que diminuíram a quantidade de pontos de alagamentos na cidade.

"Ainda bem que a gente conseguiu fazer bastante obras na cidade. Senão, a gente teria, com esse volume de água tem caído, e não é só em São Paulo, é no Brasil inteiro e no mundo inteiro, a gente poderia ter uma situação muito pior. Nós estamos muito empenhados em melhorar essa situação, melhorar a drenagem da cidade e fazer as ações necessárias", declarou.

"A questão da mudança climática nos trouxe um outra realidade. O volume de chuva muito maior num espaço menor de tempo", completou (veja vídeo acima).

Comparação 2013 x 2023

Os últimos quatro prefeitos da cidade de SP: Ricardo Nunes (MDB), Bruno Covas (PSDB), João Doria (PSDB) e Fernando Haddad (PT).

Montagem/g1/Divulgação

Na comparação, a gestão João Doria/Bruno Covas (PSDB) gastou 59% de tudo que orçou, enquanto a gestão Fernando Haddad (PT) conseguiu liquidar apenas 42% da verba orçada em quatro anos de gestão.

No geral, os quatro últimos prefeitos deixaram de investir mais de R$ 5 bilhões em verbas contra enchentes desde 2013.

Pelos números, a gestão Haddad deixou de gastar R$ 2,37 bilhões entre 2013 e 2016, enquanto a gestão Doria/Covas (PSDB) deixou de liquidar R$ 1,17 bilhão entre os anos de 2017 e 2020.

No total, os quatro últimos prefeitos gastaram apenas R$ 7,5 bilhões dos R$ 12,6 bilhões que foram orçados desde 2013 para o combate ao problema na capital paulista.

Os números da execução orçamentária de combate às enchentes na cidade de SP, fornecidos pela Prefeitura de SP.

Reprodução

Números da gestão Nunes

De acordo com os dados obtidos pela TV Globo, o primeiro ano da gestão Covas/Nunes os investimentos em combate à enchentes foram de pouco mais de R$ 538 milhões.

Embora naquele ano a gestão tivesse orçado cerca de R$ 908 milhões para os programas contra enchentes, ao menos R$ 370 milhões deixaram de ser liquidados. Ou seja, apenas 59% da verba total foi gasta no mesmo exercício.

Os números da execução orçamentária de combate às enchentes na cidade de SP, fornecidos pela Prefeitura de SP.

Reprodução

Já no ano seguinte, 2022, o atual prefeito conseguiu liquidar 81% de toda a verba de R$ 2,38 bilhões que havia orçado para o ano. Foram poucos mais de R$ 1.94 bilhão gastos no ano.

Neste ano de 2023, o prefeito havia orçado R$ 2.36 bilhões e gastou pouco mais de R$ 1,7 bilhão. Pouco mais de 72% do total.

Gestão João Doria / Bruno Covas

Governador João Doria e o prefeito Bruno Covas anunciam investimentos em SP

Reprodução/TV Globo

A gestão João Doria e Bruno Covas (PSDB) foi a que menos destinou dinheiro para o programa de combate a enchente nominalmente.

Em quatro anos foram R$ 2,87 bilhões destinados a esse tipo de medida, mas apenas R$ 1,68 bilhão foi realmente liquidado.

No total, os dois prefeitos gastaram apenas 59% de tudo que haviam orçado para medidas contra os alagamentos. Pelo menos R$ 1,17 bilhão deixou de ser gasto pela dupla de prefeitos tucanos.

Os números da execução orçamentária de combate às enchentes na cidade de SP, fornecidos pela Prefeitura de SP.

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Fernando Haddad (PT)

O ex-prefeito de São Paulo e atual ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), em foto de 28 de agosto de 2023

REUTERS/Adriano Machado/File Photo

Já na gestão do ex-prefeito Fernando Haddad (PT) - atual ministro da Fazenda do governo Lula, foram orçados R$ 4 bilhões para medidas as medidas contra as enchentes, mas apenas R$ 1,69 bilhão foram liquidados, segundo os dados fornecidos pela atual gestão do MDB.

No total, o petista conseguiu liquidar apenas 42% de tudo que foi destinado no orçamento para essas ações. Ou seja, pelo menos 2,37 bilhão deixaram de ser gastos pela gestão petista na cidade, entre 2013 e 2016.

Os números da execução orçamentária de combate às enchentes na cidade de SP, fornecidos pela Prefeitura de SP.

Reprodução