Recorde de exportações impulsiona outros números da economia do Brasil, dizem especialistas

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Recorde de exportações impulsiona outros números da economia do Brasil, dizem especialistas
No acumulado de 2023, a diferença entre o que o país vendeu e o que comprou chegou a quase US$ 90 bilhões - o patamar mais alto da série histórica. Recorde de exportações impulsiona outros números da economia do Brasil, dizem especialistas

Jornal Nacional/ Reprodução

O Brasil nunca exportou tanto como em 2023.

No ano em que o planeta bateu recorde de calor, viu eventos climáticos extremos e viveu conflitos que abalaram sistemas de abastecimento, economias encontraram no Brasil as matérias-primas de que precisavam.

No acumulado de 2023, a nossa balança comercial está com saldo positivo. De janeiro a novembro, as exportações brasileiras passaram de US$ 310 bilhões, e as importações somaram US$ 221 bilhões. A diferença entre o que o país vendeu e o que comprou chegou a quase US$ 90 bilhões , o patamar mais alto da série histórica.

"Por causa da guerra da Ucrânia, está exportando muito milho. Segundo, seca na Argentina aumentou muito nossa produção de soja e terceiro a piora das relações Estados Unidos e China também abriu espaço para nossas exportações", explica o professor de economia da FGV Marcelo Kfoury Muinhos.

Balança comercial do Brasil em 2023

Jornal nacional/ reprodução

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"A nossa atividade tem por característica ser altamente empregadora de mão de obra. Por isso que nesses próximos seis meses, a gente vai contratar mais essas 600 pessoas", conta Antônio Augusto de Toni, diretor de exportação.

Economistas veem ganhos além da geração de empregos.

"Um crescimento não só do PIB, mas em específico das exportações, um pouco mais sólido. Então, provavelmente em anos em que a gente não tenha tanta competitividade, a gente ainda assim vai ter parcerias comerciais que talvez garantam aí um resultado melhor", diz Juliana Inhasz, professora de economia da Insper.

Se, por um lado, a atividade econômica ganhou ritmo ao longo dos anos com os aumentos de produção e de área plantada e mais produtividade, por outro, setores da indústria ainda não conseguiram encontrar espaço para a entrada do produto brasileiro mundo afora nem avançar na participação no mercado internacional.

"Carga tributária muito elevada, infraestrutura obsoleta e ruim, e também não se fechou muitos acordos comerciais nesse período", comenta Kfoury.

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"É uma dificuldade que nós temos achar a forma de exportar. Quando a gente consegue exportar é como se a gente abrisse em outro país. É como se eu tivesse dobrado a minha empresa porque eu estou aqui, estou lá também", explica César Guimarães, diretor da empresa.

Depender demais da exportação de produtos básicos é um risco na visão de economistas.

"Não por todos os ovos na mesma cesta. Isso pode conferir muitos ganhos quando os mercados estão bons, mas isso pode fazer com que as economias fiquem muito mais vulneráveis e um risco muito elevado de, em eventuais choques, você não ter abastecimento no mercado interno", analisa Juliana Inhasz.

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