Vítima que perdeu R$ 31 mil em golpe de 'trava antifraude' em Batatais, SP, lamenta situação: 'zerado para contas'

Dinheiro seria utilizado para trocar moto, que já estava negociada. Golpista chegou a dizer que transferência era 'simulação' e valor seria devolvido. Homem de 60 anos perdeu R$ 30 mil após cair em um golpe em Batatais (SP)

Marcelo Moraes/EPTV

Vítima de um golpe que prometia instalar uma 'trava antifraude' nos aplicativos bancários do celular, o homem de 60 anos que perdeu R$ 31 mil tem passado os últimos dois dias tentando entender como caiu na conversa de uma falsa atendente.

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O caso aconteceu na quarta-feira (6), em Batatais (SP), e foi registrado como estelionato na delegacia da cidade.

"Estou mal, muito mal, péssimo. É uma mistura de sentimento, porque as pessoas não usam essa técnica para fazer o bem, só pra extorquir pessoas que trabalharam a vida inteira, desde criança, na roça, com muita luta, com muito sacrifício, conquistando um pouquinho no dia a dia e, de repente, levam tudo de uma vez".

Contato foi feito via celular e golpista informou que instalaria uma 'trava antifraude' para vítima de 60 anos em Batatais (SP)

Marcelo Moraes/EPTV

Depois de perder o dinheiro acreditando que estava protegendo as contas bancárias de fraudes, o homem diz que não sobrou nada, nem para pagar as contas do mês.

"Estou zerado de grana até para pagar as contas do mês. Queria trocar moto, na segunda-feira [4] fui ver, estava praticamente negociada. O valor [que eu tinha] dava para pagar as contas do mês e financiar [a moto]. É um sentimento de impotência".

A vítima, que pediu para não ser identificada, contou que só percebeu que caiu em um golpe ao ouvir a voz de uma criança ao fundo da ligação.

"Logo em seguida, fui correndo atrás dos bancos que fiz a movimentação, contestei, está em análise, porém até agora estou zerado".

Golpe prometia 'trava antifraude'

O golpe aconteceu na quarta-feira (6), quando o homem recebeu uma ligação pelo celular, onde uma gravação avisava sobre uma compra indevida em uma loja de departamentos e informava que, se não reconhecesse a movimentação, era para falar com uma atendente, que 'a ajudaria a resolver o problema'.

"Era uma compra que eu desconhecia e chegou essa ligação. Logo depois, fui direcionado para outra pessoa e, na sequência, uma ligação explicando o passo a passo do que eu tinha que fazer, me dando as dicas. Como eu não tenho muita experiência com tecnologia, fui só seguindo o passo a passo do outro lado, que falava muito bem, tinha a técnica realmente de alguém que seria de banco".

Em ligação, golpista finge ser atendente e orienta vítima a cancelar compra em Batatais (SP)

Reprodução/EPTV

Durante a conversa, a vítima foi informada que precisaria instalar um aplicativo para proteger as contas bancárias dela contra fraudes. A golpista explicou que, para a ação, era necessário transferir valores via Pix, como uma 'simulação de transferência' e disse que o dinheiro que estava saindo da conta seria devolvido.

"A pessoa disse que eu tinha que entrar nas outras contas minhas de banco falando o saldo e fazendo a transferência para ela proteger as minhas outras contas. Fui entrando nos aplicativos e ela foi me dando o passo a passo, porque, supostamente, faria uma trava contra fraude, pro dinheiro não sair da conta sem autorização".

Foram quatro transferências em dois bancos virtuais diferentes:

três delas nos valores de R$ 12 mil, R$ 5,2 mil e R$ 4.468

e uma no valor de R$ 10 mil

Vítima de Batatais (SP) fez três transferências via Pix em um banco virtual de quase R$ 22 mil

Reprodução/EPTV

Vítima de Batatais (SP) também transferiu R$ 10 mil a golpista via Pix

Reprodução/EPTV

Voz de criança despertou alerta em vítima

À EPTV, afiliada da TV Globo, o homem revelou que só percebeu que se tratava de um golpe quando, ainda durante a ligação com a suposta atendente, ouviu a voz de uma criança no fundo.

Todo o dinheiro, no entanto, já tinha sido transferido.

"Só descobri que cai em uma fraude quando, bem mais no final [da ligação] ouvi uma voz de criança, um resmungo de criança. Foi que eu me toquei, falei 'nossa, cai numa fraude'".

Um boletim de ocorrência foi registrado pelo crime de estelionato. O caso deve ser investigado, mas o homem ainda não conseguiu reaver o dinheiro.

Bancos não pedem transações

Segundo o advogado Matheus Franco, um dos alertas para não cair em golpes é que nenhum banco pede que o cliente faça qualquer transação.

"Nenhuma instituição financeira vai ligar na sua residência, no seu telefone, e pedir para que você faça transações, operações bancárias, principalmente, transferindo dinheiro. Ligou na sua casa, pediu operação, você deve desconfiar. Na dúvida, desligue o telefone, procure a instituição financeira oficial".

Ele diz que, em muitos casos, reaver o dinheiro é difícil, porque golpistas são rápidos.

"Quando o dinheiro cai na instituição de destino, ele automaticamente, praticamente em tempo recorde, é pulverizado ou sacado ou destinado para outras contas".

Ainda segundo o Franco, algumas dicas podem evitar que mais pessoas caiam em golpes parecidos:

não fornecer dados sigilosos, como nome completo, CPF ou senha

não fazer operações

quando alguém ligar, ir até a instituição financeira oficial ou acessar o aplicativo, sem fornecer dados a ninguém

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