Primeiro-ministro de Portugal pede demissão sob suspeita de envolvimento em corrupção

António Costa e outros investigados são suspeitos de irregularidades em contratos de exploração de lítio, usado na fabricação de baterias para carros elétricos e em projetos de hidrogênio verde.

Foto: Reprodução internet

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António Costa e outros investigados são suspeitos de irregularidades em contratos de exploração de lítio, usado na fabricação de baterias para carros elétricos e em projetos de hidrogênio verde. Primeiro-ministro de Portugal renuncia após ser alvo de operação policial

O primeiro-ministro de Portugal pediu demissão. António Costa é suspeito de envolvimento em corrupção.

O próprio primeiro-ministro, António Costa, tornou público o pedido de demissão.

"A dignidade das funções de primeiro-ministro não é compatível com qualquer suspeição sobre a sua integridade, a sua boa conduta e menos ainda com a suspeita prática de qualquer ato criminal", disse.

Horas antes, a polícia portuguesa tinha cumprido mandados de busca e apreensão na casa de António Costa, que negou as acusações. Os policiais também estiveram em ministérios e prenderam, pelo menos, cinco pessoas, incluindo o chefe de gabinete do primeiro-ministro, um consultor empresarial, considerado o melhor amigo de António Costa, e o prefeito de uma cidade do interior.

Outro investigado é o ministro das Infraestruturas, João Galamba. Todos são suspeitos de irregularidades em contratos de exploração de lítio, usado na fabricação de baterias para carros elétricos e em projetos de hidrogênio verde - duas áreas essenciais na transição energética da União Europeia.

Os investigados podem responder por prevaricação, corrupção ativa e passiva e tráfico de influência.

Quem é António Costa, primeiro-ministro de Portugal que renunciou após ser alvo de operação policial

António Costa foi o mais longevo primeiro-ministro português desde a Revolução dos Cravos. Foi nomeado primeiro-ministro em novembro de 2015, depois de um pacto inédito do Partido Socialista, do bloco de esquerda e do Partido Comunista. Em 2022, venceu as eleições com maioria absoluta.

Apesar de ter equilibrado as contas públicas de Portugal, o governo de António Costa já vinha se enfraquecendo com denúncias de corrupção, a crise habitacional e a inflação.

A queda de um governo socialista, depois de oito anos no poder, pode abrir caminho para os sociais democratas, de centro-direita. Os especialistas temem que a extrema-direita ganhe espaço com pautas, por exemplo, anti-imigração.

Com essa demissão, que já foi aceita, cabe, agora, ao presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, convocar novas eleições antecipadas para a formação de um novo governo. Enquanto isso não acontece, António Costa fica vai se manter como governante interino.