Dia da Língua Portuguesa: cidade no interior de SP cria dialeto no qual moradores falam de trás para frente
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Neste domingo (5) é comemorado o Dia Nacional da Língua Portuguesa e o g1 te apresenta o 'sabinês', dialeto de Sabino (SP). Esta é uma das tantas variações do idioma, que é o 5º mais falado no mundo. Cidade no interior de SP cria dialeto no qual moradores falam de trás para frenteUma cidade no interior de SP com pouco mais de cinco mil habitantes tem um jeito próprio de se comunicar. Em Sabino (SP), a língua portuguesa encontra mais uma de suas tantas variações, e o "certo" é falar de trás para a frente.Neste domingo (5) é comemorado o Dia Nacional da Língua Portuguesa. Atualmente, o idioma é a língua oficial de nove países, sendo o 5º mais falado no mundo. Empregado de várias formas, o português apresenta variações que englobam fatores geográficos, socioculturais e temporais. No entanto, se mantém único.Em Sabino, a variação tem nome: "sabinês". Esse dialeto peculiar consiste em falar as palavras de trás para a frente, movendo a posição das sílabas. Guesecon? Ou no tradicional português, consegue? Alguns exemplos de palavras em "sabinês" são: jãofe (feijão), saguinli (linguiça), nerca (carne), javerce (cerveja), dalage (gelada), saca (casa), nhami (minha) e abo (boa).Além das palavras, é possível formar frases completas em "sabinês", como por exemplo: "saca dalage javerce nhami abo?" ("vamos tomar uma cerveja gelada na minha casa?") , "saguinli kilo muarop uoqer" ("quero comprar um quilo de linguiça"), "nerca alomla rof met?" ("tem carne para o almoço?"), entre outras (veja um exemplo de diálogo no vídeo acima).Dialeto de Sabino inverte ordem das sílabas nas palavrasArquivo pessoalOrigem do 'sabinês'Embora a origem do "sabinês" seja incerta, acredita-se que o dialeto tenha surgido como uma brincadeira entre amigos na década de 1950. A ideia era falar as palavras de trás para a frente, como uma forma de se comunicar de maneira diferente e divertida.Com o tempo, a prática se espalhou entre os moradores e passou a ser usada para conversar de maneira discreta em situações em que a privacidade era necessária."Geralmente, cidade pequena tem muita fofoca, então, para o pessoal não ficar sabendo, a gente se comunica de trás para a frente para ver se despista as pessoas", teoriza o farmacêutico João Luiz Gabanella.E o que antes era brincadeira hoje é tido como uma das principais atrações da cidade. Quem garante é o próprio prefeito de Sabino, Éder Ruiz Magalhães de Andrade."É algo diferente das outras culturas municipais. A maioria das pessoas que vem de cidades vizinhas quer entender ou até mesmo aprender. Em virtude disso, como o nosso município é de interesse turístico, nosso projeto foi contemplado para a construção de uma casa invertida, o objeto material que vai simbolizar o 'sabinês'", revela.Projeto de casa invertida irá simbolizar o 'sabinês', em Sabino (SP)Prefeitura de Sabino/DivulgaçãoDe geração para geraçãoPara o professor de português Darvino Concer, o fenômeno é válido na comunicação. "É uma forma inédita de linguagem. Eles têm jeito de dividir em sílabas as palavras para então falar ao contrário. Não existe uma estrutura linguística, mas, por trás, existe uma estrutura de memória, o que é interessante", destaca.Apesar de ser um dialeto único e peculiar, a preservação cultural desse modo de se comunicar depende da adesão das gerações mais novas. Lição que os mais velhos tentam passar adiante."Meu primeiro contato foi no esporte, durante as partidas de futebol. Não demorou muito tempo, pois, no começo, praticava todos os dias para melhorar, conversando com quem sabia. Mas o interesse da geração mais nova hoje não é muito grande. Às vezes até entende uma palavra ou outra", conta Renato Aparecido de Sousa Junior, professor de educação física.Veja mais notícias da região no g1 Bauru e MaríliaConfira mais notícias do centro-oeste paulista: