Com sete espécies diferentes, caboclinho encanta observadores do sul de Minas Gerais

Ave é conhecida por seu canto melodioso e por migrar por longas distâncias para se reproduzir. Caboclinho (Sporophila bouvreuil) registrado em Pouso Alegre (MG)

Afonso Carlos

De canto alegre e cores variadas, o caboclinho (Sporophila bouvreuil) é uma ave migratória do gênero Sporophila, o mesmo do qual fazem parte a coleirinha e o bigodinho, aves também conhecidas por seus cantos. Segundo o Wikiaves, o nome do gênero em grego quer dizer "amigo das sementes".

Na cidade de Pouso Alegre, sul de Minas Gerais, o dentista e observador de aves José Nélio Miranda já observou sete espécies diferentes: caboclinho-coroado - a espécie das mais comum -, caboclinho-de-barriga-preta, caboclinho-de-barriga-vermelha, caboclinho-de-papo-branco, caboclinho-de-papo-escuro, caboclinho-de-chapéu-cinzento e caboclinho.

Segundo o biólogo do Terra da Gente, Luciano Lima, os machos são os principais "cantores" da espécie, pois fazem uso do canto para atrair fêmeas e defender o próprio território. No entanto, acabam atraindo também pessoas que gostam de ter pássaros em gaiolas.

"Muita gente gosta de capturar os caboclinhos de diferentes espécies para colocar na gaiola e a gente sabe que pássaro na gaiola não canta, lamenta. Especialmente os caboclinhos, que fazem migrações incríveis. Imagina você confinar um passarinho que precisa se deslocar em milhares de quilômetros", declara o especialista.

José Nélio conta que a espécie chega em Pouso Alegre em meados de outubro e ficam até o fim de dezembro, com exceção do caboclinho-coroado que costuma ficar mais tempo. Nesse período, eles cantam muito e se movimentam em bandos mistos, o que confunde os observadores.

Caboclinho-coroado (Sporophila pileata) é diferente do caboclinho comum

José Nélio Miranda

Migração e reprodução

Para quem acha que o caboclinho e o caboclinho-coroado são o mesmo, Luciano faz uma ressalva importante: não são a mesma espécie, um se chama Sporophila bouvreuil e o outro Sporophila pileata, respectivamente. Antes de ser revista, a literatura costumava mesclar o registro dos dois.

Conforme o biológo, a área de reprodução do caboclinho-coroado vai do Sul de Minas até sul do Brasil e norte da Argentina, enquanto a do caboclinho inclui interior de Minas e de São Paulo, mas a maioria se reproduz na região Central e Nordeste do país. A época de reprodução de ambos vai de setembro a março, aproximadamente.

Como a maioria das aves da ordem dos Passeiformes, eles provavelmente elas migram de noite. "O que acontece é que quando está começando a escurecer, eles levantam voo, pegam um pouco de altitude e vão durante boa parte da noite. Quando está começando clarear, pousam", explica Luciano.

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