PM Joaquim Pereira que matou tenente na frente do filho no trânsito é condenado a 21 anos e 9 meses de prisão

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PM Joaquim Pereira que matou tenente na frente do filho no trânsito é condenado a 21 anos e 9 meses de prisão
Tenente Kleber dos Santos Santana, de 42 anos, foi morto a tiros em 24 de fevereiro do ano passado após discussão no trânsito. Joaquim Pereira deverá ainda pagar R$ 80 mil em dados morais à viúva da vítima. Julgamento de Joaquim Pereira da Silva iniciou nesta segunda-feira (23)

Jorge Júnior/Rede Amazônica

O major da reserva remunerada da Polícia Militar (PM) , Joaquim Pereira da Silva, réu confesso pela morte do tenente Kleber dos Santos Santana, de 42 anos, foi condenado pelo crime de homicídio com pena de 21 anos e 9 meses de prisão. A decisão foi lida pela juíza Rosalia Bodnar, madrugada desta terça-feira (24), no fórum de Macapá.

O assassino foi condenado ainda a pagar R$ 80 mil em danos morais à viúva da vítima. Ele não poderá recorrer em liberdade.

Kleber dos Santos Santana foi morto na frente do filho durante uma briga de trânsito em 24 de fevereiro de 2022, no cruzamento da Rua Odilardo Silva com a Avenida Cora de Carvalho, no Centro de Macapá. O réu confessou a autoria do assassinato.

Julgamento

O julgamento, que era aguardado há quase 2 anos pela família, iniciou por volta das 8h30 da manhã de segunda e durou mais de 15h, chegando ao fim na madrugada desta terça.

O Conselho de Jurados foi formado por 7 pessoas sorteadas, sendo 4 homens e três mulheres.

Ao todo foram ouvidas 6 testemunhas e a sétima participou apenas como ouvinte porque segundo entendimento confirmou relação de amizade com o acusado.

Um testemunha importante é o homem que foi o primeiro a se aproximar do carro após o PM ser baleado. Ele narrou que resgatou o filho da vítima de dentro do veículo e a entregou nos braços da mãe.

Com um relato rápido, mas emocionante, ele contou como foi a própria dinâmica em meio aos tiros. Confira o relato clicando aqui.

Testemunha interrompeu ataque a tiros e resgatou criança do carro após tenente Kleber morrer baleado no AP:

TJAP/Divulgação

O réu começou a ser interrogado por volta das 18h. Ele novamente confessou o crime, mas alegou legítima defesa. Pereira da Silva disse que foi ameaçado com uma arma e por isso atirou.

"Num dado momento, um carro pareou com o meu, lateralmente. O cidadão gesticulando com a arma em punho [...] eu olhei lateralmente e naquele momento não identifiquei quem era, não perguntei, ningué me falou o que estava acontecendo ali, não sabia se ia atirar ou não. Eu tirei o pé do acelerador do meu veículo, 'belisquei' no freio já com meu armamento, eu ando com minha arma e é registrada, eu tenho porte de arma, e disparei os 4 disparos", disse.

Após o término do interrogatório do réu, o Ministério Público do Amapá apresentou a tese de acusação.

Em seguida foi a vez dos advogados de Joaquim apresentarem a tese de defesa onde foi alegada a legítima defesa.

Relembre o caso e o andamento das investigações

Carro do tenente Kleber após tiros

Núbia Pacheco/g1

Kleber dos Santos Santana, de 42 anos, tenente da Polícia Militar, foi assassinado a tiros após discussão no trânsito com outro militar, um major aposentado, conhecido como Pereira da Silva, que fugiu do local. O caso acontece no cruzamento da Rua Odilardo Silva com Avenida Cora de Carvalho, no Centro de Macapá.

O automóvel do tenente Kleber foi alvo de 4 disparos, após o que teria sido um desentendimento no trânsito. Um dos tiros atingiu a cabeça da vítima e o crime foi presenciado pelo filho do tenente, um menino de 4 anos, que estava no banco de trás do veículo.

Policial militar Kleber Santana, morto a tiros por major aposentado, com o filho de 4 anos; Macapá; Amapá

Reprodução

O crime foi gravado por câmeras de segurança da região. As imagens mostram que os veículos do investigado e da vítima ficaram "emparelhados" por cerca de um quarteirão até o momento em que o carro do tenente é atacado. No dia 5 de março, as polícias Civil e Científica (Politec) realizaram a reconstituição do crime.

Pereira da Silva se apresentou à polícia no dia seguinte ao crime, e na ocasião alegou legítima defesa. Após depor na delegacia, ele foi liberado.

Homicídio do tenente Kleber dos Santos Santana

Rede Amazônica/Reprodução

No mês seguinte, o MP pediu a prisão preventiva do acusado. Pereira da Silva se apresentou à Policia Civil no dia 23 de março na Delegacia de Homicídios (Decipe). O processo da prisão preventiva tramitou sob segredo de justiça.

Na decisão da prisão preventiva do PM, a juíza Lívia Simone Cardoso, do Tribunal do Júri de Macapá, considerou a possibilidade do investigado cometer novos crimes.

"Embora a defesa alegue que o investigado tenha entregue sua arma de fogo à autoridade policial, tal fato não afasta a possibilidade de cometer outros ilícitos utilizando-se de outros instrumentos. Na ação penal [...] utilizou o próprio carro para ofender a integridade física alheia e provocar danos no veículo da vítima, abalroando-lhe duas vezes, além de ter utilizado um extintor de incêndio para ameaçá-la", escreveu a magistrada na decisão.

Homicídio de policial militar no Centro de Macapá

Núbia Pacheco/g1

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