'O prejuízo é para toda a humanidade, não só para um estado': brigadista passa aniversário combatendo as chamas no Pantanal de MS

.

'O prejuízo é para toda a humanidade, não só para um estado': brigadista passa aniversário combatendo as chamas no Pantanal de MS
Valmir de Araújo Dias, fez 52 anos, nessa segunda-feira (8) e está há 15 dias combatendo as chamas no bioma. Frente fria aliviou o combate aos incêndios florestais no Pantanal

Uma data que era para ser em comemoração a vida, se tornou mais um dia de trabalho e de luta pelo coração do Pantanal, Mato Grosso do Sul. Natural de Brasília (DF), Valmir de Araújo Dias, fez 52 anos, nessa segunda-feira (8) e segue, há 15 dias, jogando água e retirando árvores para evitar a propagação do fogo no bioma.

LEIA TAMBÉM

Queda na temperatura e umidade alta afastam fumaça e focos de incêndios de Corumbá

Fotógrafo Araquém Alcântara registra o horror da destruição dos incêndios

Fogo já destruiu área 6 vezes maior que o Rio

O brigadista conta que durante o combate, é preciso retirar as árvores que estão queimando, devido as fagulhas que podem ser jogadas pelo vento para área verde. "Tem que cortar árvore, uma por uma. Se tivesse ventando, poderia queimar uma raiz dela e o vento joga uma fagulha a 2 metros, a tufa no Pantanal é grande. Caiu na tufa, vai embora", explica Valmir.

Valmir diz ainda que algumas árvores demandam mais de mil litros de água por dia. "Se não manter a área e as matas, a gente vai ter que lutar contra o fogo, porque estamos perdendo muita vegetação e a humanidade vai pagar com a vida".

Valmir de Araújo Silva, de 52 anos, está há 15 dias no Pantanal

Alysson Maruyama/TV Morena

Para o aniversariante, o bioma precisa de um sistema de reflorestamento eficaz e a população precisa aprender a preservar.

"O prejuízo é para toda a humanidade, não só para um estado. Precisamos ter mais responsabilidade com o meio ambiente, precisamos dele para sobreviver, precisamos da fauna e da flora para sobreviver. Se não existir a vegetação, não existe vida humana. Quem vai aguentar um calor de 45?°C todos os dias, 52?°C? É o homem está se autodestruindo."

Incêndio supera o registrado em 2020

O número de focos de incêndios no Pantanal neste ano já supera o registrado no mesmo período de 2020, ano recorde de queimadas em todo o bioma. As queimadas nos seis primeiros meses de 2024 já são 8% maiores em comparação com 2020. Há meses, especialistas alertaram para uma temporada de fogo devastadora.

Em 2020, as queimadas atingiram 4,5 milhões de hectares, em 21 municípios que compõem o Pantanal, conforme relatório técnico elaborado pelos setores de geoprocessamento dos Ministérios Públicos de Mato Grosso e de Mato Grosso do Sul.

Segundo monitoramento feito pelo Inpe, 2020 foi o ano que teve mais registros de fogo no Pantanal desde o fim da década de 1990.

Neste ano, a temporada das chamas, que começaria em julho, chegou mais cedo e com força. O primeiro semestre de 2024 foi o mais devastador para o Pantanal em toda a série histórica de registros do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Nos primeiros seis meses, 3.538 focos de incêndio consumiram 700 mil hectares no bioma, uma área quase seis vezes maior que a cidade do Rio de Janeiro.

Rastro do fogo: imagens de drone mostram antes e depois de destruição no Pantanal

Veja vídeos de Mato Grosso do Sul: