A cantora, compositora, instrumentista, produtora e escritora Anelis Assumpção falou sobre a sua relação com a maconha em uma entrevista à revista Breeza, que irá ao ar nesta semana. A coluna Fábia Oliveira teve acesso a um trecho da conversa.
Anelis é filha do cantor e compositor Itamar Assumpção (1949 – 2003), um dos grandes nomes da chamada vanguarda paulistana. “O meu pai sempre fumou muita maconha. Um maconheiro nato”, declarou ela.
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Na entrevista, a artista contou que sempre naturalizou a cannabis, já que era algo presente em sua casa. De acordo com ela, em determinado momento, ela passou a questionar sobre o pai usar algo considerado proibido.
“Bom, a minha história com a cannabis começa na minha casa, com meu pai sendo um usuário que nunca escondeu, que sempre naturalizou muito isso para as crianças, para mim e para minha irmã, os amigos, enfim, até chegar no momento em que a gente questionou: ‘Mas não é proibido? Mas será que a gente tem que ter medo porque o meu pai faz uma coisa que é proibida?'”, disse ela.
Anelis relembrou uma história envolvendo a situação. “Eu vou só contar isso para contextualizarÂ… A minha irmã chegou em casa muito brava e falou para mim: ‘Você sabia que o papai fuma maconha?’. A gente era muito pequena, sei lá, 9 e 6 anos. ‘Porque o pai do Júlio falou que o papai fuma maconha e agora estou morrendo de vergonha na escola’ e não sei o quê. E lá fomos falar com ele. Fizemos um motinzinho das crianças e falamos: “Pai, o pai do Júlio falou que você fuma maconha’ e ele falou: “Ah, senta aí, chegou a hora'”, lembrou.
Para a cantora, a conversa do pai sobre a maconha foi algo inesquecível.
“Não esqueço como foi tão bonito isso dele falar, mesmo a gente sem entender muito bem, mas ele falar politicamente daquilo, e que ele não era um criminoso por fumar. Ele era criminalizado. E foi quando eu entendi a diferença das duas coisas, quer dizer, não foi quando eu entendi, foi quando eu ouvi, e depois eu fui elaborando isso, entendendo a diferença entre, né?”, disparou.
Anelis Assumpção relembrou outras pessoas públicas que, assim como Itamar Assumpção, foram criminalizadas por usarem a maconha, como Bob Marley e Peter Tosh.
“Porque relacionavam a imagem dele a um criminoso. Obviamente, era um homem retinto que fumava baseado, fazia arte, que trabalhava com música, que era um artista independente, que não se corrompia para o sistema. Então ele, assim como o [Bob] Marley, assim como [Peter] Tosh, assim como muitos outros, era criminalizado, mas nada do que ele fazia era crime. Nada”, falou ela.
A artista ainda abriu o jogo e contou que foi com o pai a primeira vez que fumou. Na ocasião, ela tinha 16 anos.
“Então acho que essa foi a coisa mais forte da minha relação com a maconha. Obviamente foi com meu pai a primeira vez que eu fumei. Eu tinha 16 anos e foi demais”, revelou.
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