No sul gaúcho, aumenta a preocupação com a subida no nível da Lagoa dos Patos

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No sul gaúcho, aumenta a preocupação com a subida no nível da Lagoa dos Patos
A prefeitura de Pelotas já pediu aos moradores de áreas de risco que não retornem para casa. No sul gaúcho, aumenta a preocupação com a subida no nível da Lagoa dos Patos

Jornal Nacional/Reprodução

As cidades do sul gaúcho já estão inundadas, mas vivem uma aflição adicional. A água que sai do Guaíba, na Grande Porto Alegre, está chegando a Lagoa dos Patos e vai aumentar a extensão dos alagamentos.

As águas que provocaram enchentes em Porto Alegre descem pela Lagoa dos Patos e já se aproximam da região. A maré alta e a direção do vento podem contribuir para ainda mais inundações.

"Vai ser um vento de nordeste que pode fazer com que essas águas cheguem com mais velocidade e temos previsão de chuva forte na quarta-feira. Um volume bem significativo de pelo menos 50 milímetros. A gente está bem preocupado com essa semana. Talvez seja a semana mais crítica que a gente vá enfrentar", diz Paula Mascarenhas, prefeita de Pelotas.

Alguns municípios ampliaram as áreas de risco vermelhas, o nível de alerta máximo que requer a saída dos moradores de casa, mas muitos resistem. O pescador Fábio Teixeira está vivendo na casa cheia d'água há 11 dias.

"Eu tenho meu Sobradinho, e não pode abandonar também. Abandonar o pouquinho que a gente tem fica difícil. Tem que cachorros e tem pets também que não podem ser levados para os centros, os maiores", explica Fábio.

"O convencimento realmente é difícil. As pessoas só passam a acreditar quando a água começa a subir, o que dificulta demais o nosso trabalho", afirma Luiz Eduardo Tejada, coordenador da Defesa Civil em Pelotas.

Mais de 6 mil famílias estão fora de casa na região.

"Perdi tudo, tudo que eu tinha eu perdi. Achei que não ia vir tão alta a água não tirei nada de casa, fui tentar salvar lá e não deu para salvar nem a cama, sai com a roupa do corpo só", conta o pescador Fabrício Souza.

O Fabricio está no único abrigo da Colônia de Pescadores, que está com quase 80% do território alagado. Uma das regiões de Pelotas com a situação social mais grave.

São mais de 600 famílias fora de casa, um bairro inteiro vivendo no improviso. O primeiro abrigo ali da região foi na Igreja Nossa Senhora dos Navegantes e rapidamente ficou cheio. Agora, as famílias que chegam montam acampamento com barracas de lona no gramado, na parte de fora.

"A minha mãe pegou uma gripe bem braba por questão de frio. Antes a gente conseguia essas lonas grossas, a gente estava com uma lona bem fina e passava muito vento, então ela está com febre. Está bem complicado, bem difícil", diz a desempregada Alessa da Luz.

O abrigo se mantém com trabalho voluntário e doações que chegam, mas não em volume suficiente.

"A gente fica com o coração na mão, é uma das coisas que está fazendo assim o coração da gente ficar esperando essa dúvida para o dia de amanhã. A cabeça da gente fica pensando muito na hora de dormir no travesseiro, se deitar e saber que amanhã a gente não tem a certeza se vai ter o alimento", compartilha um homem.

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