Criado por estudante da Unicamp, guia interativo cataloga borboletas da Serra do Japi

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Criado por estudante da Unicamp, guia interativo cataloga borboletas da Serra do Japi
Com 17 espécies listadas, material será utilizado nas visitas à Reserva Biológica da Serra do Japi para auxiliar nos trabalhos de educação ambiental. Smyrna blomfildia é uma das espécies que ocorre na Serra da Japi, em Jundiaí (SP)

antshrike1 / iNaturalist

No Brasil, podemos encontrar mais de 3.500 espécies diferentes de borboletas. Nesse grupo, mais de 700 vivem na Reserva Biológica da Serra do Japi, um dos últimos fragmentos de Mata Atlântica do estado de São Paulo, localizada no município de Jundiaí (SP).

Há pelo menos 10 anos, trabalhos de monitoramento são realizados na reserva por membros do Laboratório de Ecologia e Sistemática de Borboletas (Labbor) da Unicamp.

Neste mês, o Labbor lançou o "Guia de Borboletas da Serra do Japi", que seleciona algumas espécies comuns e facilmente observáveis do local com para que os visitantes, incluindo adultos e crianças, tentem identificá-las.

De acordo com Júlia Dutra Amaral, graduanda em Ciências Biológicas pela Unicamp e desenvolvedora do projeto, o guia surgiu a partir da necessidade de oferecer um material para educação ambiental para auxiliar nas visitas realizadas por escolas de educação básica de Jundiaí e região.

"Percebemos a necessidade de criar um material que auxiliasse cientistas que trabalham nessa região e a população que participa de atividades na Serra do Japi. Por isso, o guia pode mostrar uma parte da diversidade e permite atividades práticas como 'butterflywatching', com passeios para observação de borboletas", diz Júlia.

Guia conta com um espaço interativo para marcar espécies que foram observadas

LABBOR/Unicamp

Dentro do guia, as borboletas estão divididas em dois grupos, conforme a alimentação desses insetos na fase adulta: as borboletas nectarívoras, que se alimentam do néctar das flores, e as frugívoras, que se alimentam de frutos em decomposição, seiva de árvores, carcaças e fezes.

Além de poder ser usado para educação ambiental, segundo Júlia Dutra, o material se destina a todos os interessados e apaixonados por borboletas, e foi pensado para que os leitores possam identificar e anotar as espécies de borboletas que já avistaram durante passeios na serra.

Patrícia Eyng Gueratto, mestre em Ecologia pela Unicamp e orientadora do projeto, destaca que o guia é apenas uma pequena parcela de um esforço coletivo e contínuo de diversos pesquisadores que há décadas se dedicam ao estudo das borboletas na Serra do Japi e explica como funciona os trabalhos de monitoramento realizados na área.

Borboleta-assenta-pau (Hamadryas amphinome) é azul no dorso e laranja na parte ventral

Tiago Barbosa

"Além dos pioneiros trabalhos do professor Keith Brown Júnior, o Labbor tem um projeto muito importante de monitoramento das borboletas da Serra do Japi. Neste projeto, uma equipe do laboratório vai todos os meses e amostra, com armadilhas, as borboletas que ocorrem lá, anotando dados como quantas espécies foram capturadas e quantos indivíduos", relata.

"As borboletas que são capturadas são aquelas espécies que vão em frutos em decomposição, chamadas de borboletas frugívoras. Elas são ótimos indicadores ambientais, e nos dão informações sobre o estado de conservação da serra", explica a pesquisadora.

A maior dificuldade durante a produção do guia foi a obtenção de fotografias das espécies, por isso, optaram por utilizar imagens de borboletas vivas, em seu ambiente natural, o que implicou em um esforço adicional. Além disso, priorizaram a inclusão de espécies de diferentes grupos de borboletas, visando representar a vasta diversidade existente na Serra do Japi.

Mimoniades versicolor também foi incluída no guia do Labbor

Roger Rittmaster / iNaturalist

"Devido à seleção das espécies mais facilmente avistáveis para este guia, não foram incluídas espécies ameaçadas. Contudo, é crucial destacar que na Serra do Japi estão presentes três espécies de borboletas atualmente classificadas como ameaçadas", ressalta Patrícia.

"Esta constatação nos inspira a considerar a possibilidade de incluir essas espécies em futuras edições do guia, contribuindo assim para uma maior conscientização sobre a importância da conservação desses insetos e de seu habitat", finaliza.

*Texto sob supervisão de Giovanna Adelle

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