DHPP investigará morte de aposentado por PM após atrito entre polícias

São Paulo – A Polícia Militar não apresentou em nenhuma delegacia a ocorrência na qual o sargento Roberto Márcio de Oliveira atirou e matou o aposentado Clóvis Marcondes de Souza, de 70 anos, em 7/5 no Tatuapé, zona leste de São Paulo.

Foto: Gazeta de São Paulo

Foto: Gazeta de São Paulo

São Paulo – A Polícia Militar não apresentou em nenhuma delegacia a ocorrência na qual o sargento Roberto Márcio de Oliveira atirou e matou o aposentado Clóvis Marcondes de Souza, de 70 anos, em 7/5 no Tatuapé, zona leste de São Paulo.

O caso só começou a ser investigado pelo Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) quatro dias depois, nesse sábado (11/5), após o crime ser notificado pelo Ministério Público de São Paulo, à Polícia Civil, no dia anterior.

“É importante destacar que a análise técnico-jurídica por um delegado de polícia tem ainda maior relevância em caso de homicídio praticado por policial militar contra um civil”, observou o delegado Murillo Salles Freua, do DHPP, em relatório obtido pelo Metrópoles.

Ele destaca que a PM não apresentou o caso em uma Delegacia de Polícia, mas à Polícia Judiciária Militar do 8º Batalhão da PM, no qual está lotado o 1º sargento da Força Tática que matou o aposentado. O PM está preso preventivamente no presídio militar Romão Gomes, na zona norte de São Paulo.

Homem branco, de cavanhaque a cabelos grisalhos, usando óculos e camiseta do Palmeiras, em arquibancada de estádio - Metrópoles Aposentado 70 anos morto PM

Clóvis Marcondes de Souza, de 70 anos, foi morto por PM Reprodução/Facebook

Homem branco, de cavanhaque e cabelos brancos, com camiseta retrô do Palmeiras, em frente à TV ligada transmitindo partida de futebol - Metrópoles Aposentado 70 anos morto PM

Aposentado era torcedor fanático do Palmeiras Reprodução/Facebook

Homem branco, de cavanhaque a cabelo grisalhos, sem camisa em dia ensolarado ao ar livre - Metrópoles Aposentado 70 anos morto PM

Ele morava há sete anos no bairro, onde foi assassinado Reprodução/Facebook

Homem branco, de cabelo curto, usando terno, abotoado,, e gravada - Metrópoles Aposentado 70 anos morto PM

Vítima era casada e deixa filhos e netos Reprodução/Facebook

Homem branco, sem barba, de camisa social em palco de teatro usado em concertos musicais - Metrópoles Aposentado 70 anos morto PM

Clóvis pretendia ir à farmácia, quando foi mortalmente ferido na cabeça Reprodução/Facebook

Homem branco, sem barba, com camisa social sem gravada, paletó, apoiando queixo na mão direita, em frente a uma tela de computador - Metrópoles Aposentado 70 anos morto PM

Clóvis foi morto quando PM abordava dois homens em uma moto Reprodução/Facebook

Reprodução de câmera de monitoramento, mostrando movimentação em calçada, com foto de idoso em destaque, no lado esquerdo - Metrópoles Aposentado 70 anos morto PM

Câmera de monitoramento registrou momento em que idoso é atingido na cabeça Reprodução/Câmera de Monitoramento

Homem branco, sem barba, sorri com boca aberta e usando óculos em sala de casa - Metrópoles Idoso morto tiro cabeça por PM

Clóvis Marcondes de Souza, de 70 anos Reprodução/Facebook

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Com intenção de matar

No último dia 7, terça-feira, por volta das 16h30, a equipe liderada pelo sargento abordou dois ocupantes de uma moto, na Rua Platina, 840.

A arma de Roberto disparou, por motivos ainda a serem esclarecidos, e atingiu a cabeça do aposentado Clóvis Marcondes, que caminhava pela calçada. Ele morreu no local.

Uma cópia dos autos, feitos pela Justiça Militar, só foi entregue ao DHPP três dias depois do crime, por intermédio da Promotoria paulista.

Antes de a Polícia Civil iniciar as investigações, a Justiça Militar relaxou o flagrante do sargento e converteu a prisão dele para preventiva, ou seja, por tempo indeterminado, por homicídio culposo (sem intenção de matar).

Mesmo com os trabalhos prejudicados, por causa do atraso decorrente da intervenção da PM, o DHPP reuniu elementos para mudar a tipificação do homicídio para doloso, ou seja, com intenção de matar, contra o sargento Roberto.

“Não houve qualquer homicídio decorrente de oposição à intervenção policial, especialmente em relação à vítima fatal [um civil], que apenas passava pelo local dos fatos e, inicialmente, não tinha qualquer relação com a ocorrência policial que antecedeu a sua morte”, argumenta do delegado do DHPP.

A Polícia Civil requisitou a imagens das câmeras corporais, dos policiais que participaram da ocorrência, para esclarecer detalhadamente como a arma do PM disparou. Testemunhas também serão ouvidas, para ajudar a entender a dinâmica da ocorrência.

Leia também

“Investigação” da Justiça Militar

A Secretaria da Segurança Pública (SSP) de São Paulo, cujo titular é o policial militar da reserva Guilherme Derrite, admitiu ao Metrópoles, por meio de nota, que o DHPP iniciou as investigações “a pedido do MPSP”.

“A apuração por parte da Polícia Civil não interfere na investigação que já estava sendo conduzida pela Justiça Militar. Todas as circunstâncias do caso são apuradas pelas duas instituições”.

A pasta do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) não respondeu aos questionamentos enviados pela reportagem sobre o motivo para o caso não ter sido apresentado pela PM à Polícia Civil, além de não informar se encaminhou as imagens das câmeras corporais solicitadas pelo DHPP.

Crise institucional

Como mostrado pelo Metrópoles, a ausência de registro sobre a morte do aposentado é mais um capítulo das desavenças entre a Polícia Militar e a Polícia Civil do estado de São Paulo.

"É um absurdo, claramente isso é inconstitucional", disse um delegado da velha guarda da Polícia Civil da capital à reportagem, em sigilo. "Não há discussão. Ainda que o registro sobre a morte seja feito junto à Polícia Militar, é preciso fazer um boletim de ocorrência".

"Isso acontece em um contexto de tentativa de ampliar os poderes da Polícia Militar. No contexto de nós termos um capitão no comando da Secretaria da Segurança Pública", complementa o delegado.

"Isso não existe", disse um delegado da região metropolitana de São Paulo ao Metrópoles. "O policial mata e ele mesmo conclui que o tiro foi acidental? Nunca vi algo assim. Isso impossibilita a investigação, a instauração de inquérito por parte da Polícia Civil. Quem vai dizer se o disparo foi ou não acidental é o delegado, é a equipe de investigação."

Em nota, a Ouvidoria das Polícias de São Paulo diz que está acompanhando o caso com "crescente preocupação" e que as abordagens policiais "tem apresentado uma escalada que compromete o bom trabalho de policiais comprometidos com a proteção das pessoas em nosso estado".

PM Foto colorida do governador Tarcísio de Freitas apertando a mão do secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite, com policiais militares ao fundo no Batalhão da Rota da Polícia Militar - Metrópoles PM tarcísio e derrite na rota

Governador Tarcísio de Freitas e o secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite Francisco Cepeda/Governo de SP

PM secretário da Segurança Pública (SSP), Guilherme Derrite PM secretario da Seguranc?a Publica (SSP), Guilherme Derrite

Secretario da Seguranc?a Publica (SSP), Guilherme Derrite Câmara Municipal de Sorocaba

Imagem colorida mostra Guilheme Derrite, homem branco, grisalho, de terno azul e gravata vermelha - Metrópoles derrite-ssp

O secretário Guilherme Derrite Francisco Cepeda / Governo do Estado de SP

Imagem colorida de homem de lado, em plenário, de terno escuro, cabelo curto grisalho, com o olhar para baixo Guilherme Derrite SP

Guilherme Derrite Reprodução/Instagram

Imagem colorida mostra Guilherme Derrite, homem branco, de cabelo ralo e claro, vestindo terno cinza, camisa branca e gravata avermelhada, falando no microfone em um púlpito do governo de SP - Metrópoles derrite

Derrite foi condenado a pagar indenização de R$ 20 mil à família do encanador Ismael Moreira Mônica Andrade/Governo do Estado de SP

Imagem colorida mostra Guilherme Derrite, homem grisalho, branco, de terno cinza, recebendo uma medalha de um oficial fardado da PM - Metrópoles Guilhere derrite

O secretário da Segurança, Guilherme Derrite, recebendo medalha Marcelo S. Camargo / Governo do Estado de SP

Imagem colorida mostra Osvaldo Nico conversando com o secretário Derrite e o governador Tarcísio nico-derrite-tarcisio

Nico conversando com Derrite e Tarcísio Governo do Estado de São Paulo

Imagem colorida mostra guilherme derrite, homem branco, grisalho, de cabelo ralo, de terno e gravata, falando ao microfone em um púlpito derrite

O secretário Guilherme Derrite Marcelo S. Camargo / Governo doEstado de SP

Foto colorida de homens sentados em anfiteatro - Metrópoles Derrite em anfiteatro

Reprodução/Instagram

Em foto colorida homem de terno escuro e gravada está no canto esquerdo da imagen, com as mãos cruzadas, com banner do governo do estado de São Paulo ao fundo; ele é Guilherme Derrite, titular da Secretaria da Segurança Pública de SP - Metrópoles abre-rsz_1derrite

Secretário da Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite Divulgação/Marcelo Camargo/Governo do Estado de SP

PMs Imagem colorida do governador de São Paulo Tarcísio de Freitas sentado ao lado do secretário de Segurança Pública Guilherme Derrite. Os dois estão vestidos de terno e gravata PMs O governador Tarcísio de Freitas e o secretário Guilherme Derrite

O governador Tarcísio de Freitas e o secretário Guilherme Derrite PMs Governo do Estado de São Paulo/Divulgação

Imagem colorida de Guilherme Derrite, um homem branco, com cabelos ralos, vestindo um terno azul marinho e uma camisa branca sem gravata, segurando um microfone - Metrópoles guilherme derrite

Guilherme Derrite, secretário da Segurança Pública de SP Divulgação/Governo de SP

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Ampliação de poderes da PM

O registro da ocorrência junto à Polícia Militar acontece semanas após o Metrópoles revelar que a Secretaria da Segurança Pública trabalhava para dar à Polícia Militar o poder de investigar de realizar investigações sobre crimes de menor potencial ofensivo.

Uma ordem preparatória à qual o site teve acesso aponta que o governo pretendia instituir o Termo Circunstanciado Policial Militar (TC/PM), que dava margem para que PMs apreendessem provas e realizassem oitivas.

O plano da pasta irritou delegados e provocou uma crise na cúpula da Polícia Civil. O governo do estado acabou recuando e criou um grupo de trabalho para discutir o TC/PM.