Ataques entre Hezbollah e Israel desalojaram 150 mil pessoas
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Os ataques israelenses ao sul do Líbano já mataram 270 militantes do Hezbolllah e cerca de 50 civis, segundo a agência de notícias Reuters. Ataques entre Hezbollah e Israel desalojaram 150 mil pessoasReprodução/TV GloboEm uma outra frente do conflito, na fronteira entre o norte de Israel e o sul do Líbano, os combates entre o exército israelense e o grupo extremista Hezbollah já tiraram milhares de pessoas de casa.Dos dois lados da fronteira, cidades fantasma. Desde o início da guerra em Gaza, os ataques entre Hezbollah e Israel desalojaram 150 mil pessoas de vilas israelenses e libanesas. Do lado libanês, 90 mil tiveram que deixar suas casas. Do lado de Israel, foram 60 mil.A cidade israelense de Metula é um alvo frequente de foguetes do Hezbollah e, agora, está com ruas vazias e cheia de destroços. Uma casa de Metula foi atingida por um foguete logo no início de janeiro. A família que morava lá já havia saído da cidade, então, não houve vítimas. Mas o lar ficou completamente destruído. O segundo andar está cheio de destroços. Uma das janelas dá direto para paisagem libanesa. Outras vilas ao longo da fronteira também foram abandonadas. O chefe de segurança da cidade de Kyriat Shmona diz que, antes da guerra em Gaza, não acreditava que as ameaças do Hezbollah fossem se concretizar. Mas a invasão do Hamas a Israel no dia 7 de outubro, que analistas acreditam ter sido inspirada num plano de uma unidade do Hezbollah, mudou sua visão."Precisamos eliminar a ameaça", diz Ariel Frisch, chefe de segurança de Kyriat Shmona. "Não temos outra escolha."O cento da cidade de Kyriat Shmona, que também fica perto da fronteira com o Líbano. Não tem ninguém ali. Um silêncio completo que só é quebrado pelos sons da guerra.Desde a guerra de 2006, Israel e Hezbollah trocam ataques ocasionais. Com a atual guerra em Gaza, os ataques se intensificaram.Sarit Zahavi, do Centro de Pesquisas Osraelense Alma, acredita que o Hezbollah queira arrastar Israel para a guerra.Nicholas Blanford, consultor da organização americana Atlantic Council, mora na capital libanesa, Beirute. Ele explica que o Hezbollah tem o poder de ditar a paz ou a guerra no país, mas que nem o grupo, nem o governo querem guerra."O Hezbollah não deveria estar presente no sul do rio Litan. Lá só deveriam estar as forças da ONU, mas não é isso que acontece. Eles estão fortemente armados lá. Da mesma forma, os israelenses estão ocupando parte de uma vila que fica do lado libanês do território desde 2006, e todos os dias sobrevoam o espaço aéreo libanês com jatos e drones", afirma Blanford.O pesquisador afirma que a popularidade dos militantes do Hezbollah ainda é forte, mas pode cair à medida que mais libaneses forem vendo suas casas destruídas e vidas interrompidas. A brasileira Inez Gomes vive numa cidade que já foi atacada duas vezes, mas fora de onde o conflito está concentrado. Ela ouve ataques com frequência."Nosso dia a dia aqui, no sul do Líbano, é viver um dia de cada vez. O Hezbollah está em todo o sul do Líbano, e ele está sendo alvo de ataques cirúrgicos, então você, por exemplo, está na rua e não sabe quem é o alvo que tá na frente do seu carro. Ou atrás de você. E se você está andando, não sabe qual a hierarquia que aquela pessoa que tá do seu lado tem na organização. Isso tudo deixa a gente muito tenso. Todo bombardeio que é feito de avião se escuta perfeitamente. Tem hora que você fica em estado de pânico total", conta a brasileira. Os ataques israelenses ao sul do Líbano já mataram 270 militantes do Hezbolllah e cerca de 50 civis, segundo a agência de notícias Reuters.O alvo é uma área, onde, segundo a resolução da ONU, o Hezbollah não deveria estar mais. É uma zona rural, com plantações de tabaco, oliveiras e frutas cítricas.Do lado de Israel, o Hezbollah já matou dez soldados e sete civis israelenses.Os Estados Unidos têm demonstrado preocupação com a possibilidade de Israel iniciar uma guerra maior contra o Hezbollah, que poderia arrastar todo o Oriente Médio para o conflito. Enviados do presidente americano já visitaram Beirute e Tel Aviv para conversar com os envolvidos.O governo do Líbano, que não toma decisões pelo Hezbollah, já disse que não quer uma guerra.O Hezbollah afirma que vai manter os ataques enquanto a guerra em Gaza contra o Hamas continuar.E Israel já abriu a possibilidade de uma guerra maior.