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Menino, de 17 anos, foi encontrado perdido por outras duas estudantes da escola a quase um quilômetro de distância da unidade de ensino em Itanhaém (SP). Mãe diz que processará o estado. Adolescente, de 17 anos, com autismo e cegueira 'escapa' de escola, em Itanhaém (SP), e é achado perdido por duas estudantesArquivo PessoalO adolescente, de 17 anos, com Transtorno do Espectro Autista (TEA), cegueira em um dos olhos e não verbal - não se comunica com a fala - que escapou da escola e foi encontrado por duas adolescentes em Itanhaém, no litoral de São Paulo, ficou traumatizado após a situação e passou a apresentar comportamento agressivo, segundo a mãe. Ela afirmou que irá processar o estado. Em nota, a Secretaria Estadual da Educação disse apurar o caso (veja abaixo). ? Clique aqui para seguir o novo canal do g1 Santos no WhatsApp.A autônoma Paula Maria Cruz contou ao g1 ter ficado desesperada ao receber a ligação de duas adolescentes contando que o filho dela havia escapado da escola Escola Estadual Professor Jon Teodoresco, no bairro Mosteiro. Horas antes, ela havia entrado em contato com a diretora para reforçar como seria o esquema da saída do estudante, que voltaria para casa em uma van municipal. "[No dia seguinte] acordou mais estressado, continua sem querer sair no quintal, sem querer abrir as janelas e a porta. Vem tendo comportamento cada dia mais agressivo, não comigo, mas com o padrasto dele", contou a mãe.O adolescente, que sempre teve um bom relacionamento com o padrasto, chegou a mordê-lo e arranhá-lo em uma das crises após ter se perdido ao escapar da escola. "Quando chego perto e falo que não pode bater. Ele me abraça e chora compulsivamente. Sempre foi uma criança muito doce, obediente e tranquila. Não é agressivo, e isso me dói muito,. Ele nunca agrediu ninguém". Mãe diz que adolescente mudou comportamento e até mordeu (à esq) e arranhou o pescoço (à dir.) do padrastoArquivo PessoalCom o filho sem querer sair para a rua e muito menos para o quintal da própria casa, a mãe conseguiu agendar uma consulta de urgência com psicóloga para investir se ele está enfrentando algum episódio de estresse pós-traumático. "A gente não sabe o que aconteceu com ele na rua no período em que ficou perdido [...]. Não sei o que aconteceu, não ficou com nenhuma marca, mas ele ficou agressivo desde então, um comportamento que ele não tinha e passou a ter". A mãe reforçou: "Era extremamente calmo".Pressão por transferênciaPaula contou que a diretora da escola está pressionando para que ela faça a transferência do filho para outra unidade. "Eles arrumaram outra vaga em uma escola mais longe e fala comigo como se fosse uma oferta imperdível. Ela quer que eu entre em contato com a outra escola e eu faça a transferência dele", disse. No entanto, a autônoma quer uma garantia de que o filho não perderá todos os benefícios que possui, como o direito a assistente e cuidador no ambiente escolar e o transporte especial. "Quando questiono sobre os direitos, ela [diretora] fala que a transferência independe da minha vontade. Ele está sendo praticamente obrigado a se retirar da escola". Desde o ocorrido, o adolescente não tem ido mais à escola e isso preocupada a mãe, que recebe o bolsa família. Segundo Paula, o secretário afirmou que ela precisa conseguir um atestado médico para que as faltas sejam abonadas. "Fica bem claro o quanto eles me pressionam para que eu continue mandando ele nas mesmas condições que ele tinha, que é o que a escola podia oferecer, ou seja, segurança nenhuma, sem assistente, sem auxiliar de classe", finalizou.Processo contra o EstadoAdolescente, de 17 anos, com autismo e cegueira que 'escapou' de escola, em Itanhaém, não quer sair de casa e nem ir ao quintalArquivo PessoalA advogada da família, Marina Moreira, afirmou que ingressará com o processo de reparação dos danos causados pela responsabilidade civil por causa das falhas na prestação do serviço público e omissão. "Os agentes que atuam em nome do estado [...] que estavam ali naquela unidade escolar neste [naquele] dia eram responsáveis pela custódia escolar do aluno, então eles falharam". Na mesma ação, a advogada pedirá uma medida liminar para que a escola forneça as imagens das câmeras de monitoramento com o momento em que o adolescente escapou da escola, além de solicitar que o estado forneça uma assistente para acompanhá-lo durante o período de estudo. PosicionamentoProcurada, a Secretaria Estadual de Educação, por meio da Diretoria de Ensino (DE) de São Vicente, lamentou o ocorrido e disse que designou um supervisor para apurar a conduta da escola no caso, e que a DE dialoga com os responsáveis para definição do atendimento ao estudante, de forma a garantir a continuidade dos estudos, sem prejuízo educacional. Entenda o casoMãe irá processar o Estado após o filho com autismo e cegueira ter 'escapado' de escola, em Itanhaém, SPReprodução e Arquivo PessoalA mãe passou por momentos de desespero ao receber ligações e mensagens de duas adolescentes informando que o filho dela estava na rua e perdido no dia 11 de março. "Falaram que estavam perto de um posto de gasolina, mas, na hora do desespero, eu não sabia onde era [o posto] e elas [estudantes] se ofereceram a levar ele [o filho] de volta à escola".Quando a autônoma chegou na escola, o filho não havia retornado, pois, segundo as adolescentes, estavam a aproximadamente um quilômetro de distância da unidade escolar. Ela aproveitou para perguntar aos funcionários da unidade de ensino o que ocorreu, mas ouviu que a situação, infelizmente, acontece.As adolescentes não estudam na mesma sala do filho de Paula, que está no 1° ano do Ensino Médio. Apesar disso, conseguiram o contato no colar de girassol que o adolescente usava. Segundo a mãe, ninguém da escola se preocupou com a saúde do menino."Meu sentimento é de indignação. Como pode tratar essas crianças com necessidades especiais como uma escória da sociedade? Como acontecia em tempos atrás? [...] Eles tornam as crianças invisíveis, tão invisíveis a ponto do meu filho sair da escola sozinho, sem ninguém ver", disse.O caso, que ocorreu em 11 de março, foi registrado como abandono de incapaz na Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), mas foi encaminhado ao 1° DP, onde será investigado.Paula está indignada que a escola, em Itanhaém (SP), tenha deixado o filho com autismo e cegueira sair sozinho da unidadeArquivo PessoalVÍDEOS: g1 em 1 Minuto Santos