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Fantástico voltou a São Sebastião para reencontrar as vítimas e saber como elas estão reconstruindo a vida, em meio a tantas perdas. Um ano após tragédia de São Sebastião, vítimas da chuva lutam por recomeçoA tragédia das chuvas em São Sebastião, Litoral Norte de São Paulo completa um ano nesta segunda-feira (19). A enchente destruiu ruas, casas, e, num único bairro, deixou 64 mortos - a enxurrada levou tudo o que havia pela frente.O Fantástico voltou a São Sebastião para reencontrar as vítimas e saber como elas estão reconstruindo a vida, em meio a tantas perdas. Veja no vídeo acima.Algumas das vítimas da tragédia são o Levy, de 10 meses, neto da Dona Ângela; a Neusa e o Mário, pais do Márcio; e a Jay, filha de Dona Domingas. Em casa, Domingas não sai de perto do retrato da filha. "Quando eu eu vou comer alguma coisa, ou tomar até um café mesmo, eu fico olhando. Eu fico chorando. Não, como não". Veja como estão as famílias que perderam tudo nas chuvas que deixaram dezenas de mortos no Litoral Norte de São PauloReprodução/TV GloboA casa dela ainda está interditada, mas Domingas segue morando na Vila Sahy, como outras cerca de 50 famílias que não quiseram ir para a moradia popular oferecida pelo estado. É o caso do João, representante dos moradores. "A gente não saiu porque aqui a gente construiu nossa família, aqui nós temos uma vida. E a gente sabe que com tudo isso que está sendo feito, essas drenagem, contenções, barreiras e isso nos dá uma segurança, entendeu? Eu acho que jamais vai acontecer o que aconteceu novamente. A maioria não tem interesse em sair daqui", afirma João Bosco, eletricista.João também diz que a maioria das pessoas não têm o interesse de sair do local. "Sinto seguro na minha casa, entendeu? Como outras pessoas também se sentem, né?", pontua.'Hoje elas correm risco, mas estão mais seguras', diz o governador de SPÀ reportagem, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, falou sobre a segurança das pessoas que continuam vivendo na região da tragédia. Apesar de reconhecer que existem riscos, ele cita avanços que foram feitos para garantir a segurança."Hoje elas correm risco, mas estão mais seguras porque foi feito o treinamento. A gente melhorou a previsão, tem o radar meteorológico, tem a sirene. A sirene toca e as pessoas já sabem o que tem que fazer e, neste momento, a gente está fazendo as estruturas de contenção e as estruturas de drenagem, além da recomposição é da vegetação naqueles locais que foram atingidos ano passado", afirma. Em alguns pontos de deslizamento foram colocadas mantas de fibra de coco que impedem o deslocamento do solo e ajudam no crescimento da vegetação. É uma cobertura imensa. Uma delas, por exemplo, foi instalada pra proteger justamente um dos morros que cercam a Vila Sahy - e com isso garantir um pouco mais segurança aos moradores. Nesta segunda (19), um conjunto habitacional próximo ao local da tragédia deve ser entregue, mas mesmo com imóvel mobiliado e sem custos, grande parte da população resiste em se mudar. "Não está adiantando a gente montar um projeto tal, está aqui o projeto pronto, tem esse imóvel, esse imóvel é assim, eu quero abrigar vocês aqui. Não, a gente vai ter que agora construir algo com eles e ouvi-los", completa o governador. Enquanto isso, na Vila de Passagem, residência temporária para desabrigados em São Sebastião, ao menos 58 famílias ainda esperam encaminhamento para um lar definitivo. "Previsão eles não deram. Ninguém sabe o que é passar o dia inteiro numa célula com 18 m2, sem ventilação", diz a dona de casa, Jessica de Jesus.O Siodamare Alves, que perdeu a perna em um acidente anos atrás, era caseiro de um imóvel que foi interditado após a chuva de 2023. Atualmente ele mora em um cômodo só e um banheiro. "O que me incomoda é este espaço aqui que aqui é quente. É uma prisão", diz o caseiro. A CDHU, Companhia Estadual de Habitação, diz que todos que vivem no local terão moradia definitiva, mas não deu prazo. Informou também que Siodamare deve ser chamado nos próximos dias para se habilitar à mudança.A reconstrução da vida em meio a tantas perdasO Fantástico passou duas semanas no Litoral Norte e visitou as áreas mais atingidas pela tragédia.As câmeras da casa do Seu João registraram a cronologia da chuva, que começa na noite do dia 18 de fevereiro. Horas depois a água chega a baixar, mas volta com força na madrugada. E o morro vem abaixo arrastando tudo. João conta que levou 15 dias para limpar a casa que ficou coberta de barro, água e entulho. "Foi luta", afirma. Ângela Maria de Oliveira perdeu a moradia toda. "Foi dando para 2 horas para frente a casa começou a cair as vizinhanças. Aí ouvia os gritos, 'me ajuda', 'me socorre'. Não tinha como socorrer", diz a faxineira. O neto Levy, que estava em seu colo quando ela caiu e quebrou o pé, acabou escapando de seus braços na enxurrada. Ele não resistiu. "Graças a Deus eu sou forte, muito forte. Não é fácil, mas eu sou forte", afirma. Hoje, Ângela vive em um conjunto habitacional a uma hora de viagem da Vila Sahy. No mesmo ônibus que Ângela usa para fazer o transporte, a reportagem encontrou Cristiam e Miriam - a mulher diz que eles perderam a nora, o filho e a neta de 2 anos. Márcio Oliveira também perdeu familiares soterrados, teve a casa totalmente destruída. Ano passado o Fantástico acompanhou o sofrimento do zelador durante as buscas. "Só no quintal de casa foram 7 vítimas", relembra. A equipe do Fantástico também reencontrou Renata – que ajudava nas buscas na época. Ela relata que depois de dois meses da tragédia ficou muito mal. "Tive choque pós traumático depressão e ansiedade", diz. Ela voltou a trabalhar em dezembro e as duas filhas dela se mudaram em dezembro, com medo de novas tragédias.LEIA TAMBÉM:Vidas do Sahy: assista ao programa especial sobre a tragédia que devastou São Sebastião, no Litoral Norte de SP, há um anoImagens inéditas revelam detalhes da tragédia devastadora que atingiu o Litoral Norte de São PauloOuça os podcasts do FantásticoISSO É FANTÁSTICOO podcast Isso É Fantástico está disponível no g1, Globoplay, Deezer, Spotify, Google Podcasts, Apple Podcasts e Amazon Music trazendo grandes reportagens, investigações e histórias fascinantes em podcast com o selo de jornalismo do Fantástico: profundidade, contexto e informação. Siga, curta ou assine o Isso É Fantástico no seu tocador de podcasts favorito. Todo domingo tem um episódio novo. PRAZER, RENATAO podcast 'Prazer, Renata' está disponível no g1, no Globoplay, no Deezer, no Spotify, no Google Podcasts, no Apple Podcasts, na Amazon Music ou no seu aplicativo favorito. Siga, assine e curta o 'Prazer, Renata' na sua plataforma preferida. BICHOS NA ESCUTAO podcast 'Bichos Na Escuta' está disponível no g1, no Globoplay, no Deezer, no Spotify, no Google Podcasts, no Apple Podcasts, na Amazon Music ou no seu aplicativo favorito.