Reeducação de agressores de mulheres é uma das iniciativas da Justiça para reduzir casos de feminicídio

Os homens agressores - com ajuda de psicólogos e assistentes sociais - refletem, analisam sobre o porquê praticaram a violência contra mulher.

Foto: Reprodução internet

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Os homens agressores - com ajuda de psicólogos e assistentes sociais - refletem, analisam sobre o porquê praticaram a violência contra mulher. Em todo o país, são 159 grupos. Reeducação de agressores de mulheres é uma das iniciativas da Justiça para reduzir casos de feminicídio

A reeducação de agressores de mulheres é uma das iniciativas da Justiça para reduzir casos de feminicídio.

É preciso coragem para cruzar a porta. Foi na Delegacia de Grupos Vulneráveis que a mulher deu um basta ao drama que vivia em casa.

"Deu de soco na cabeça. Aí eu tentei correr, ele veio e me segurou por trás, pegou meu pescoço e foi quando eu me soltei. Aí corri", conta a mulher.

Pela Lei Maria da Penha, em casos de ameaça, violência psicológica - como humilhação - ou ainda na lesão corporal que causa escoriação, a Justiça pode aplicar, entre outras penalidades, a obrigação de o homem frequentar grupos reflexivos.

"O simples encarceramento desses homens não muda a mentalidade dos mesmos. Então, os grupos reflexivos têm essa finalidade. São encontros em que os homens participam com o objetivo de mudarem a maneira de ver a vida, a masculinidade tóxica. É uma desconstrução desse homem e uma construção de um novo homem", diz juíza Jumara Porto Pinheiro, coordenadora da mulher do TJ-SE.

As reuniões acontecem em salas, uma vez por semana. Durante cerca de duas horas, os homens agressores - com ajuda de psicólogos e assistentes sociais - refletem, analisam sobre o por quê praticaram a violência contra mulher. Que mais que isso, eles passam a entender que não devem voltar a cometer esse tipo de crime.

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Em todo o país, são 159 grupos. Em Aracaju, mais de 500 homens já passaram pelo projeto e, desde que foi implantado em 2015, menos de 30 voltaram a agredir às mulheres.

"A gente consegue promover uma troca que fará com que essas pessoas consigam perceber, afastar esse contexto do machismo que é tão prejudicial para ele e para as mulheres de uma forma geral", afirma o psicólogo João Paulo Feitosa.

Reflexões que motivaram um homem.

"Violência não leva homem a lugar nenhum", afirma.

Vivendo um segundo casamento, adotou lições que servem para uma vida toda.

"Eu era uma pessoa agressiva. Não queria ouvir, só queria falar. E, hoje, eu primeiro escuto para depois falar", conta.

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