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Julio Cesar Vieria Gomes se envolveu no escândalo das joias de Bolsonaro, quando tentou liberar o mimo do governo saudita, contrariando procedimentos técnicos da própria Receita. Tanto que responde a sindicâncias sobre sua gestão. Julio Cesar Vieira Gomes Reprodução/Gov.brNem tudo que batia na mesa do ex-secretário de Receita Federal Julio Cesar Vieira Gomes merecia um olhar atento, uma revisão ou até mesmo uma revogação. Porém, em outubro de 2022, algo brilhou os olhos dele — e supostamente de sua equipe também. À época, o secretário Adjunto da Receita, Sandro de Vargas Serpa — número de 2 de Vieira Gomes —, assinou a portaria 1.911 para conceder um elogio ao Vieira Gomes "por sua dedicação e competência, honrando as funções de servidor público federal no desempenho de suas atividades, em especial de Secretário Especial da Receita Federal". "(...) Com zelo, profissionalismo, eficiência, espírito de responsabilidade e alto grau de comprometimento com a missão e os valores da Secretaria Especial da Receita Federal". E determina que o elogio conste dos assentamentos funcionais do servidor". Porém, a portaria pegou muito mal entre os servidores, que espalharam memes onde aparecem duas imagens de Julio Cesar: um colocando medalha no outro. Isso porque a portaria — ou suposto reconhecimento — foi vista como um autoelogio. Porém, há pedras no caminho da trajetória de Vieira Gomes. O ex-secretário, por exemplo, se envolveu no escândalo das joias de Bolsonaro, quando tentou liberar o mimo do governo saudita, contrariando procedimentos técnicos da própria Receita. Além disso, ele foi o chefe da Receita do governo Bolsonaro que, em junho de 2022, emitiu uma decisão que isentou líderes religiosos de pagarem Imposto de Renda - medida essa que está no radar do presidente Lula (PT), já que a há cinco dias, a Receita anulou a isenção. E dois meses depois do autoelogio, o ex-presidente Hamilton Mourão designou Julio Cesar para trabalhar em uma função recém-criada em Paris. O posto também foi revogado nesse governo, mas agora, pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Tanto que Vieira Gomes está respondendo a sindicâncias sobre sua gestão. Apesar do autoelogio — ou portaria — não ter sido revogada.