Pai de professora realiza sonho de retomar estudos e conclui ensino médio aos 73 anos em AL: 'Nunca é tarde para voltar a estudar'
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Professora de língua portuguesa em escola estadual, Renatha de Carvalho Santos incentivou o pai José Eduardo a voltar à escola. Professora Rhenata de Carvalho Santos incentivou o pai, José Eduardo, a voltar à escola e concluir ensino médio aos 73 anos em ALAna Paula/Ascom Seduc-ALJosé Eduardo dos Santos Filho, alagoano da cidade de Flexeiras, abriu mão do sonho de concluir os estudos aos 14 anos para trabalhar como cortador de cana-de-açúcar. O tempo passou e ele sempre incentivou a única filha, Rhenata, a estudar. A filha cresceu, se tornou professora de escola pública e incentivou o pai a retomar os estudos e concluir o ensino médio aos 73 anos por meio da Educação de Jovens e Adultos. Renatha de Carvalho Santos Morais é professora de língua portuguesa na Escola Estadual Padre Cabral, no bairro de Fernão Velho, em Maceió. Ela relembra que o pai mudou o horário do trabalho para levá-la às aulas quando ela ainda era estudante. "Quando comecei a cursar o Magistério na Escola Estadual Bom Conselho, em Bebedouro, ele mudava o seu horário de trabalho, pois fazia questão de me levar. Quando me formei em Letras, ele não conteve as lágrimas de emoção. Com os netos, é do mesmo jeito. Ao ver nosso sucesso, ele se sente realizado", disse Renatha.Professora Rhenata deu aulas ao pai, José Eduardo, e o incentivou a concluir o ensino médio aos 73 anos em ALAna Paula/Ascom Seduc-ALQuando o Programa Vem que dá Tempo, da Secretaria de Estado da Educação (Seduc), chegou à escola em que Rhenata trabalha como professora, ela viu a chance de ajudar a realizar o sonho do pai de voltar à sala de aula. Por meio do programa, jovens e adultos que abandonaram a escola podem retomar os estudos. Eles fazem uma prova para receber o certificado de conclusão do ensino fundamental e, se forem aprovados, ganham o certificado e o benefício de R$ 500.O estudante também é convidado a dar continuidade aos estudos por meio da Educação de Jovens e Adultos, podendo concluir o ensino médio em pouco mais de um ano. A filha professora ajudou o pai a se inscrever no programa e ele voltou a estudar na escola em que ela trabalha dando aulas. Além de pai e filha, eles se tornaram aluno e professora.Com o certificado do ensino fundamental em mãos, José Eduardo se matriculou na Educação de Jovens e Adultos na mesma escola e concluiu o ensino médio aos 73 anos. "Fiz muitos amigos, ganhei mais conhecimento. Nunca é tarde para voltar a estudar, vale muito a pena se matricular na EJA", afirma José Eduardo. A filha tem muita orgulho de falar da dedicação do pai e aluno. "Ele era o primeiro a chegar às aulas e sempre foi muito participativo em todas as atividades. Já escutei muitas pessoas na faixa etária dele dizerem que se arrependem de não terem se matriculado na EJA. Voltar a estudar também ajuda a tirar o idoso do sedentarismo, pois ele socializa e aprende coisas novas. São muitos ganhos", afirmou a professora Renatha.Os diretores da Padre Cabral, Aléssia Pontes e Erisvaldo Pedrosa, confirmam que José Eduardo foi um aluno exemplar."Percebemos que o senhor Eduardo e nossos demais estudantes idosos são muito focados e comprometidos, pois sabem o quanto a educação fez falta na sua vida quando eram mais jovens. O estudo torna a vida mais plena e ajuda a reabrir as portas que, no passado, estavam fechadas", pontua Erisvaldo.A dedicação do pai da professora fez dele referência para os mais jovens da turma. "Em uma turma cuja média de idade era de 23 a 24 anos, ele era um exemplo, dificilmente faltava", lembra o professor de língua portuguesa Plínio Claudenes.EJA na rede estadualAtualmente, 293 unidades de ensino ofertam a EJA na rede estadual de ensino. Dados preliminares do Censo Escolar 2023, divulgados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), no último dia 18, apontam que a rede estadual de Alagoas contava, até maio deste ano, com 31.420 alunos matriculados, sendo 1928 na EJA fundamental e 29.492 na EJA Médio. São 3.553 estudantes a mais do que a modalidade tinha de matrículas em 2022.