G1 nacional
Lula e a primeira-dama, Janja, ficarão na base naval onde também já se hospedaram Bolsonaro, Temer e Fernando Henrique. Longa praia paradisíaca só pode ser acessada com autorização militar. Entardecer na Restiga da MarambaiaMarcos Serra Lima/G1O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) viajou nesta terça-feira (26) para a Restinga de Marambaia, no Rio de Janeiro, onde ficará durante um recesso de fim de ano. Lula, assim como outros presidentes como Fernando Henrique Cardoso, Michel Temer e Jair Bolsonaro, usará a base naval no litoral fluminense com refúgio para descansar. O local paradisíaco fica em área militar, administrada pelas Forças Armadas – Exército, Marinha e Aeronática – e têm praias de acesso restrito.A restinga, que na verdade é uma ilha, é ligada à Barra de Guaratiba pela Ponte Velha, construída em 1945 e que passa sobre o Canal do Bacalhau. Restinga de MarambaiaReprodução/Google MapsRestinga de Marambaia vista do alto de Barra de GuaratibaJosé Raphael Berrêdo/g1Os 81 quilômetros quadrados da restinga se distribuem por três municípios – a capital, Itaguaí e Mangaratiba – e fazem uma espécie de barreira que separa o mar aberto da Baía de Sepetiba.São 42 quilômetros de praia em uma área total de 81 quilômetros quadrados. O ponto mais alto é o Pico da Marambaia, com 647 metros de altura, e parte da restinga compõe uma Área de Proteção Ambiental (APA).Separa-se do continente pelo canal do Bacalhau, em Barra de Guaratiba, no município do Rio de Janeiro e pela Baía de Sepetiba, entre os municípios do Rio de Janeiro, Itaguaí e Mangaratiba.Senzala de 'engorda''Vim de lá': Marambaia guarda ruínas de senzala e tradições quilombolasAntes de ser área militar, a Restinga de Marambaia pertencia ao comendador Joaquim José de Souza Breves, ou apenas comendador Breves – senhor do café e do tráfico de escravos no Rio no século 19.Africanos trazidos para o Rio, que chegavam aqui subnutricos e fracos, ficavam na Praia do Sino até "engordarem" e, assim, serem vendidos por preços melhores. As ruínas de uma senzala são mantidas no local.Os navios que chegavam eram chamados de "Tumbeiros". A palavra vem de tumba, e tem uma origem mórbida: muitos morriam nos navios antes de chegar ao destino final.Ruínas da senzala 'de engorda' na ilha da Marambaia, no Rio de JaneiroGloboplay/ReproduçãoOs sinos que dão nome à praia anunciavam as embarcações vindas da África. A "senzala de engorda" era o local de recuperação dos sobreviventes."É o que restou da existência dos meus antepassados, elas são as testemunhas e também de onde viemos, os negros que vinham desse processo, de roubos, de tráfico. Aqui eles eram recuperados para trabalhar", contou ao programa "Vim de lá" Vânia Guerra, griô e mestre da história oral do quilombo.Quilombolas vivem na MarambaiaEx-escravos e seus descendentes ficaram na Restinga de Marambaia após o fim da escravidão, e hoje ainda resiste um quilombo no local, Os que hoje vivem lá são todos parentes de uma única mulher: Camila, uma negra que foi escravizada e vendida junto com a fazenda. Camila utilizava um fogão para fazer chás para os que estavam na senzala. Com o tempo, uma árvore nasceu e tomou a estrutura do fogão, tornando-se um local simbólico para os quilombolas da região.Tradições como o jongo, a pesca da tainha e outras atividades permanecem, passadas de geração em geração.