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Comunidade Bororó ficou sem recursos hídricos por cinco dias da última vez. Crianças tiveram que implorar por água em vídeo na internet. Prefeitura do município diz que problema estrutural na comunidade indígena é de responsabilidade do governo federal. Crianças imploram por água em comunidade indígena de DouradosIndígenas das comunidades Bororó e Jaguapiru, em Dourados (MS), enfrentam a falta de água com recorrência. Na época de seca, entre agosto e setembro, a situação fica mais crítica, de acordo com os moradores da aldeia. A falta de água mais recente foi na comunidade Bororó. Os indígenas ficaram sem água da sexta (15) até a última quarta-feira (20). Crianças da aldeia fizeram vídeo implorando pelo recurso hídrico e o registro repercutiu nas redes sociais. Assista ao apelo mais acima. No vídeo, crianças imploram por água e pedem alguma ajuda rápida. O g1 apurou e confirmou que registro foi feito por uma professora, na comunidade Bororó, na terça-feira (19), quando os indígenas da aldeia já estavam há cinco dias sem receber água nos poços. Crianças imploram por água em Dourados (MS).Redes sociais/ReproduçãoConforme o cacique da aldeia Bororó, Alex Rodrigues Cavalheiro, a falta de água na comunidade é recorrente. A última interrupção de abastecimento ocorreu por causa da chuva que afetou Dourados no sexta (15). "A chuva veio e a energia caiu. Ficamos sem energia e as bombas não conseguiam puxar água para os poços. A falta de água é uma história antiga. Os poços ficaram cinco dias sem água. Hoje, a situação está sendo normalizada", detalha Alex. O cacique explicou que depois da pressão da comunidade local e quase uma semana sem água, a empresa de energia na região foi ao local e reparou os danos. A professora e membra da Organização Terena da Grande Dourados (OTGD), Késia Valério, trabalha e mora na comunidade Bororó. Késia compartilha das mesmas dores que o cacique Alex. "A questão da água é crítica em toda a comunidade indígena. Essa situação é um empurra empurra dos órgãos pra poder sanar isso. A falta de água é recorrente". Os indígenas de Dourados enfrentam a situação de desabastecimento em meio a onda de calor que afeta todo o estado. Na quarta, quando a água voltou à comunidade Bororó, a máxima foi de 33ºC.O que dizem os órgãos? O g1 entrou em contato com a prefeitura de Dourados, que afirmou que os problemas que ocorrem nas comunidades indígenas do município "requer a autorização e a supervisão do governo federal". Leia a nota do órgão na íntegra abaixo:"As terras indígenas são propriedades da União. Portanto, todo ação dentro da reserva requer a autorização e a supervisão do governo federal. É a Funasa e a Sesai as entidades responsáveis por toda ação estruturante dentro da reserva de Dourados. Ao Estado e município cabe o suporte e o auxílio em todas as situações. A prefeitura de Dourados não pode fazer intervenções na região sem autorização ou monitoramento do governo federal. Mesmo com ações limitadas por lei, o município desenvolve projetos na área da educação, social e saúde, todos eles monitorados por órgãos federais, como o MPF, por exemplo. Essa semana, a prefeitura, por meio da secretaria de obras, solicitou apoio ao governo do Estado, para enviar caminhões pipa para atender de forma emergencial. No entanto, ações estruturantes, requerem decisões e investimentos por parte do governo federal".Em contato com o Distrito Sanitário Indígena em Mato Grosso do Sul (DSEI), que é o órgão responsável pela saúde dos povos originários no estado, o coordenador da pasta, Arildo Alves Alcântara, afirmou que o problema mais recente na comunidade Bororó foi ocasionado pela chuva. "O gerador da energia lá não é compatível com as voltagens das bombas de alguns poços. Quando ligava as bombas, elas eram desligadas. Estão trocando os geradores. Não foi só o problema da falta de água, mas também da energia. Estamos trabalhando para tentar melhorar as situações", detalhou Arildo.A Sanesul, empresa que abastece a água da cidade, também foi procurada pela reportagem. Em nota, a concessionária reafirmou que a responsabilidade na área indígena de Dourados é do governo federal. Leia a nota na íntegra abaixo:"Em que pese a responsabilidade do Governo Federal com as aldeias indígenas, o Governador Eduardo Riedel, sensibilizado com a situação, convocou a Sanesul para fazer um diagnóstico e prover solução técnica para acabar com a falta d'água. Com a proposta técnica pronta, o Governador está solicitando os recursos junto ao Governo Federal para a solução definitiva, pois tanto o Governo do Estado, quanto a Sanesul, não podem intervir no território indígena". Já a Energisa informou que "a falta de energia no poço de água, que atende a aldeia Bororó, foi causada pelos ventos fortes na região de Dourados nessa terça-feira (19/09). As equipes estiveram no local e os reparos foram concluídos".O g1 também buscou retorno do governo de Mato Grosso do Sul, que não respondeu aos questionamentos feitos até a última atualização desta reportagem. Veja vídeos de Mato Grosso do Sul: