Dia da Astronomia: apaixonado pelo céu, fundador da Bramon cria observatório no interior de SP
.
Observatório, que faz parte de um projeto do clube Astrocan, em Nhandeara (SP), foi criado neste ano. Fundador, Renato Poltronieri, foi premiado por suas descobertas científicas. Observatório Astrocan em Nhandeara (SP)Astrocan/DivulgaçãoNhandeara, uma pequena cidade do interior de São Paulo com pouco mais de 11 mil habitantes, abriga um observatório de astronomia, criado neste ano por uma família apaixonada pelos mistérios do cosmos, com o objetivo de transportar os entusiastas para além dos limites da atmosfera terrestre. Em homenagem ao Dia da Astronomia, celebrado neste sábado (2), o g1 foi conhecer o observatório que faz parte de um projeto do clube Astrocan, uma combinação de Astronomia e Clube de Astronomia de Nhandeara, criado em 2010 pelo astrônomo amador Renato Cássio Poltronieri, após um pedido da filha dele, Laíse.Renato Poltronieri criou a Astrocan junto com sua filha, Laíse, e esposa, Cristiane em Nhandeara (SP)Desirèe Assis/g1O espaço abriga uma sala de exposições com uma coleção de meteoritos, rochas e minerais, fósseis e certificados de cursos de astronomia e astrofísica, além de microscópios e telescópios, banners e um computador conectado a câmeras de monitoramento de meteoros. A parte superior será reservada para um telescópio que permitirá a observação noturna e visitação durante o dia. Sua localização proporciona o cenário ideal para observações. Interior do Observatório Astrocan em Nhandeara (SP)Astrocan/DivulgaçãoCom a inauguração do observatório, Nhandeara se torna um ponto de referência para os amantes da astronomia. O clube Astrocan também leva os telescópios de observação para todo o país e acumula uma legião de descobertas. "Desde a criação, começamos a aumentar o número de eventos, em cidades vizinhas, já atendemos mais de 60 no estado de SP, Paraná e Mato Grosso do Sul. Chegamos nas estrelas com esses eventos", relata Renato. Observatório Astrocan é como um museu de astronomia, por possuir fragmentos de meteoros, fósseis e rochas em Nhandeara (SP)Desirèe Assis/g1'Janela para o cosmos'O trabalho em prol da ciência não para por aí. Renato também é co-fundador da Rede Brasileira de Monitoramento de Meteoros (Bramon), uma organização aberta e coletiva, mantida por voluntários e colaboradores, sem fins lucrativos, criada em 2014. A missão, segundo Renato, é desenvolver e operar uma rede para o monitoramento de meteoros, com o objetivo de produzir e fornecer dados científicos à comunidade por meio da análise dessas capturas, feitas por meio de estações mantidas pelos membros. Renato Poltronieri é o co-fundador da Bramon e possui diversos prêmios científicos em Nhandeara (SP)Desirèe Assis/g1A paixão pelo céu, que surgiu ainda na infância, fez com que Renato convidasse outros astrônomos para integrarem a organização, que atualmente tem integrantes em 20 estados do país e mais de 165 descobertas científicas brasileiras. "A astronomia é uma coisa que fascina a gente. Em 1986, eu comprei uma luneta de papelão para observar o céu. Cortava vidro e bolinha de gude para tentar fazer a lente. Na escola, quando eu descobri os livros, eu me apaixonei. Subia no telhado para observar e desenhar as constelações nos cadernos". Desde sua fundação, a Bramon já registrou centenas de meteoros em todo o país. O trabalho, inclusive, já rendeu a Renato prêmios e descobertas científicas. Em 2015, o astrônomo participou da descoberta de um novo meteorito que caiu em Porangaba (SP). Renato e Maria Zucolotto averiguam local onde rocha caiu em Porangaba (SP)Renato Poltronieri/Arquivo pessoalNaquele ano, os moradores de uma propriedade rural escutaram uma explosão vinda do céu. Com oito centímetros, aproximadamente 400 gramas e cerca de 4,56 bilhões de anos, a rocha espacial recebeu o nome da cidade.Segundo Renato, as buscas pelo meteorito na cidade só foram possíveis depois que outro astrônomo amador da Bramon calculou a provável posição de queda de um meteoro que atravessou o interior paulista.Renato posa com o meteorito que caiu em Porangaba, em 1Arquivo Pessoal/ Renato PoltronieriJá em 2017, a Bramon anunciou as primeiras chuvas de meteoros descobertas por brasileiros. As duas chuvas, intituladas Epsilon Gruids e August Caelids, conforme Renato explicou, foram reconhecidas pela União Astronômica Internacional (UAI). Os respectivos nomes se justificam porque a chuva de meteoros Episilon surgiu próximo à constelação do Grou (Gruids, em latim), que fica ao lado da estrela Epsilon Crucis. Já os meteoros da August Caelids parecem surgir da constelação do Cinzel (Caelids, em latim) e, como ocorrem em agosto, ganhou o nome do mês em latim."Conquistamos aquilo que sonhei lá atrás. Então, prezo muito pelas descobertas e ciências do Brasil e valorizo nosso trabalho daqui", salienta Renato. Meteoro Epsilon Gruids, descoberto por astrônomos amadores da Bramon, em 2017Bramon/DivulgaçãoO primeiro prêmio de Renato foi no Concurso Internacional nos Emirados Árabes, no qual debutou em 5º lugar com a foto do primeiro dia da Lua crescente em agosto de 2011, com premiação de 200 dólares no Crescent Without Borders Photography Compitition-2011.Também foi premiado com primeiro lugar no 10º EPAST (Encontro Paranaense de Astronomia) com a foto da ocultação de Júpiter pela Lua (veja a foto abaixo). "É um trabalho bem feito e gratificante. Para mim é uma honra, é uma realização pessoal. A gente não imaginava chegar onde chegamos, vamos deixar um legado para o município e para a história. Agora, o que a gente quer é viajar de foguete para o espaço." Astrofotografia registrada por Renato Poltronieri em Nhandera (SP)Renato Poltronieri/Arquivo pessoalVeja mais notícias da região em g1 Rio Preto e Araçatuba.