Comando Militar do Sudeste passa a investigar 27 militares em caso de furto de metralhadoras do Exército

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Comando Militar do Sudeste passa a investigar 27 militares em caso de furto de metralhadoras do Exército
Deste grupo, 20 militares respondem procedimento disciplinar e 7 são suspeitos de envolvimento com o sumiço das armas. Nenhum deles foi punido até o momento. Metralhadoras furtadas do Exército recuperadas no RJ

Leslie Leitão/TV Globo

Mais sete militares do Exército estão sendo investigados no caso das 21 metralhadoras furtadas do Arsenal de Guerra de São Paulo, segundo informações do Comando Militar do Sudeste. Há dois dias, eram 20, de acordo com apuração do g1 e da TV Globo.

20 militares respondem um procedimento disciplinar (esfera administrativa)

7 militares são suspeitos de envolvimento com o furto (esfera criminal)

Também segundo o texto, no contexto da apuração criminal, os possíveis crimes cometidos, segundo o Código Penal Militar, e que serão qualificados pelo Ministério Público Militar, são:

furto;

peculato;

receptação;

desaparecimento, consunção ou extravio.

"Paralelamente à apuração criminal, na esfera disciplinar, as possíveis punições são: advertência; impedimento disciplinar; repreensão; detenção disciplinar; e prisão disciplinar (até 30 dias)", diz a nota.

Cerca de 480 militares foram 'aquartelados' depois que 21 metralhadoras foram furtadas do Exército em Barueri, Grande São Paulo

Reprodução/TV Globo e Exército brasileiro

Liberação dos aquartelados

Nesta terça-feira (24), o Exército informou que "soltou" os sete militares suspeitos de participar diretamente do furto das 21 metralhadoras. Assim, não há mais nenhum militar "aquartelado" em Barueri, na Grande São Paulo. "Todos os militares da organização militar cumprem o expediente normalmente", diz o comunicado.

O grupo estava impedido de deixar o Arsenal de Guerra desde 10 de outubro, quando o crime foi descoberto durante inspeção. Apesar disso, esse impedimento não era considerado prisão. A medida é chamada de "aquartelamento".

Desse grupo de sete militares, três deles seriam os responsáveis pelo furto, de acordo com a investigação: um teria aberto o paiol, outro pegou as armas e um terceiro transportou num caminhão militar para fora do quartel.

O objetivo do aquartelamento era o de ouvir os depoimentos deles para ajudar na busca pelas armas que sumiram. Inicialmente, 480 militares ficaram impedidos de sair. Depois esse número foi reduzido para 160. E até a última segunda-feira (23) era de 40. Todos chegaram a ter os celulares confiscados quando estiveram "aquartelados".

Caso os responsáveis pelo sumiço das armas sejam punidos, quem contribuiu indiretamente com ele (por ter falhado na fiscalização e segurança) pode receber penas administrativas aplicadas pelo CMSE que vão da advertência, impedimento disciplinar, repreensão, detenção disciplinar, e prisão disciplinar por até 30 dias.

Aqueles que tiveram envolvimento direto com o desaparecimento das metralhadoras (seja pela invasão do paiol, retirada das armas e transporte delas) podem ser punidos criminalmente pela Justiça Militar a penas que vão de 1 ano a 38 anos de prisão, se somadas.

Nos próximos dias, o Exército deverá pedir à Justiça Militar a prisão dos envolvidos no desaparecimento das metralhadoras do quartel de Barueri. O pedido passará antes por análise do Ministério Público Militar (MPM).

A pedido do responsável pelo IPM, a Justiça Militar quebrou os sigilos telefônicos, telemáticos e bancários dos sete militares investigados por suspeita de participarem diretamente do furto das 21 metralhadoras. Segundo o Exército e as polícias, as armas iriam ser negociadas com facções criminosas, como o Comando Vermelho (CV), no Rio, e o Primeiro Comando da Capital (PCC), em São Paulo.

Até a última atualização desta reportagem, nenhum militar investigado pelo sumiço das metralhadoras havia sido punido. Quem for preso poderá ir para o 2º Batalhão de Polícia do Exército, que fica em Osasco. Após a prisão é possível que ocorra m processo de expulsão deles da instituição.

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Armas recuperadas

Até esta terça, 17 metralhadoras foram encontradas. Oito delas (quatro metralhadoras calibre .50 e quatro metralhadoras calibre 7,62) foram localizadas pela Polícia Civil no Rio de Janeiro. Elas tinham sido abandonadas num carro. Mais nove armas (cinco .50 e quatro 7,62) foram encontradas pela Polícia Civil em São Roque, interior paulista. Dois suspeitos de guardar o armamento trocaram tiros com os policiais, mas fugiram e o abandonaram num lamaçal.

8 metralhadoras foram encontradas pela Polícia Civil do Rio (foto à esquerda); e 9 armas acabaram achadas pela polícia de Carapicuíba, Grande São Paulo, em São Roque. Todas as 17 foram furtadas do quartel do Exército em Barueri, região metropolitana

Leslie Leitão/TV Globo e Polícia Civil/Divulgação

Nas duas operações, o Exército passou informações do seu serviço de inteligência para as polícias buscarem as metralhadoras. As autoridades ainda estão procurando outras quatro armas (todas .50).

Segundo o Instituto Sou da Paz, as 21 metralhadoras furtadas do quartel em Barueri representam o maior desvio de armas da história do Exército brasileiro desde 2009, quando sete fuzis foram roubados e depois recuperados pela polícia de um batalhão em Caçapava, interior de São Paulo. Suspeitos foram presos à época, entre eles um militar.

Metralhadoras recuperadas pelo Exército e pela Polícia Civil do RJ

Reprodução

Apesar de o Exército informar que as armas furtadas, que são de meados dos anos 1960 e 1990, serem "inservíveis" e estarem passando por manutenção, não compensando financeiramente recuperá-las, especialistas disseram à reportagem que elas podem voltar a funcionar. Principalmente se caírem nas mãos de criminosos.

Nove das 21 metralhadoras furtadas de quartel do Exército são encontradas na lama em SP

Por causa do desaparecimento das armas, o tenente-coronel Rivelino Barata de Sousa Batista, diretor do Arsenal de Guerra, foi exonerado na semana passada pelo Exército. Ele será transferido para outro quartel e continuará na ativa. Em seu lugar, assume o novo diretor, o coronel Mário Victor Vargas Júnior, que comandará a base em Barueri.

Metralhadoras furtadas do Exército recuperadas no RJ

Leslie Leitão/TV Globo

Nove armas foram encontradas na lama em São Roque, interior paulista, segundo a polícia

Divulgação/Polícia Civil

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