Após soltura de soldado israelense, Hamas libera mais 2 reféns em Gaza

A soldado israelense Agam Berger, 20 anos, que estava detida na Faixa de Gaza, foi libertada nesta quinta-feira (30/1), após quase 16 meses no enclave.

Foto: RFI

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A soldado israelense Agam Berger, 20 anos, que estava detida na Faixa de Gaza, foi libertada nesta quinta-feira (30/1), após quase 16 meses no enclave.

Gadi Moses, 80 anos, e a jovem Arbel Yahud, de 29 anos, sequestrados durante o ataque ao Kibutz Nir Oz, em 7 de outubro de 2023, também foram entregues em Khan Younis, no sul do território.

Esta é a terceira troca de reféns por prisioneiros palestinos desde o início do acordo de cessar-fogo entre Israel e o Hamas, em 19 de janeiro.

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Agam Berger “atravessou a fronteira e está em território israelense, protegida por membros das forças especiais", de acordo com um comunicado divulgado pelas Forças Armadas israelenses. A jovem, capturada em 7 de outubro de 2023 pelo Hamas enquanto cumpria o serviço militar perto da Faixa de Gaza, foi entregue pelo movimento islâmico palestino à Cruz Vermelha em Jabalia, no norte do território.

“Graças a Deus, este momento chegou e Agam, nossa heroína, foi devolvida a nós depois de 482 dias nas mãos do inimigo”, escreveu a família em um comunicado divulgado após o reencontro entre Agam e seus pais. “Agam e nossa família podem agora começar o processo de cura, que não estará concluído até que todos os reféns voltem para casa”, acrescentou o texto.

Arbel Yehud, uma civil de 29 anos feita refém no Kibutz Nir Oz com a família de seu noivo, e um alemão-israelense de 80 anos, Gadi Moses, também teriam sido libertados, mas Israel ainda não confirmou a informação. Um porta-voz do grupo armado palestino disse que os reféns foram entregues, em uma mensagem publicada no Telegram.

Agam, Arbel e Gadi devem ser internados em três hospitais diferentes em Israel. A libertação de cinco tailandeses também foi confirmada – a negociação ocorreu paralelamente ao acordo de trégua.

Os três reféns israelenses foram trocados por 110 palestinos detidos por Israel, incluindo 32 que cumpriam penas de prisão perpétua, de acordo com uma ONG palestina. Os prisioneiros libertados, 20 dos quais serão exilados, devem chegar a Ramallah, na Cisjordânia ocupada, por volta do meio-dia.

Três reféns homens, todos vivos, também devem ser soltos no sábado (1°), de acordo com o cronograma anunciado na quarta-feira por Israel. Mas o Hamas acusa Israel de atrasar a entrada de ajuda humanitária em Gaza, e disse que isso pode comprometer a entrega de outros reféns. Os israelenses começaram a se reunir na quinta-feira no centro de Tel Aviv, no que se tornou a Praça dos Reféns, onde as famílias dos sequestrados em 7 de outubro protestam há meses.

Ajuda humanitária

A família de Gadi Moses, um fazendeiro que foi um dos fundadores do Kibutz Nir Oz e perdeu sua namorada no ataque do Hamas, expressou sua “emoção” em um comunicado na quarta-feira e agradeceu “ao povo israelense por seu apoio”.

Na segunda-feira, o grupo armado já havia divulgado imagens de Arbel, vestida com um moletom com capuz e visivelmente angustiada. No vídeo, ela pediu ao primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e ao presidente dos EUA, Donald Trump, que fizessem todo o possível para libertar os reféns. Sete mulheres israelenses já foram soltas contra 290 palestinas, em 19 e 25 de janeiro.

O acordo de cessar-fogo prevê a libertação de 33 reféns em troca de cerca de 1.900 palestinos durante uma fase inicial de seis semanas. Mas as autoridades israelenses alertaram que este primeiro grupo inclui oito mortos.

O cessar-fogo permitiu a entrada da ajuda humanitária internacional no território sitiado por Israel. Na quarta-feira, autoridades do Hamas acusaram o país de dificultar a entrega de “combustível, tendas, caravanas, maquinário pesado”, e alertaram que isso poderia “afetar o curso normal da implementação do acordo, incluindo trocas de prisioneiros”.

Contatado pela AFP, o COGAT, órgão do Ministério da Defesa israelense responsável pelos assuntos civis nos Territórios Palestinos Ocupados, denunciou “notícias falsas”.

De acordo com o COGAT, “3.000 caminhões entraram em Gaza” entre 26 de janeiro e o meio-dia de quarta-feira. Embora quase todos os 2,4 milhões de habitantes do território tenham sido deslocados pela guerra, milhares deles começaram a retornar ao norte desde segunda-feira, caminhando quilômetros em meio às ruínas.

Etapas do cessar-fogo

Durante esta primeira fase da trégua, serão discutidos os detalhes da segunda etapa, que visa a libertação dos últimos reféns e o fim definitivo da guerra. A etapa final inclui a reconstrução de Gaza e o regresso dos corpos dos últimos reféns mortos.

A guerra em Gaza foi desencadeada pelo ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023, que resultou na morte de 1.210 pessoas do lado israelense, a maioria civis, de acordo com uma contagem da AFP baseada em dados oficiais israelenses.

Das 251 pessoas sequestradas, 87 ainda estão sendo mantidas como reféns e pelo menos 34 morreram de acordo com o Exército israelense. A ofensiva de Israel na Faixa de Gaza matou pelo menos 47.317 pessoas, a maioria civis, de acordo com dados do Ministério da Saúde do governo do Hamas, que a ONU considera confiáveis.