O delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, Artur José Dian, determinou o afastamento do investigador Rodrigo Barros de Camargo, conhecido como “Rato”, acusado de receber propinas de até R$ 100 mil de funkeiros ligados ao Primeiro Comando da Capital (PCC). O policial foi preso pela Polícia Federal (PF) no dia 12 de dezembro, no âmbito da Operação Latus Actio II.
A investigação atingiu empresários, músicos e influenciadores, entre eles os MCs Paiva, Brisola e GHdo 7, da produtora Love Funk. O grupo teria pago propinas que variavam entre R$ 20 mil e R$ 100 mil a policiais civis para viabilizar a realização de rifas ilegais nas redes sociais, prática proibida pelo Ministério da Fazenda. As rifas, segundo a PF, serviam para a lavagem de dinheiro do PCC.
3 imagensO inquérito sobre o caso afirma que “Rato” recebeu dinheiro para “evitar ou interromper investigações relacionadas às rifas ilegais promovidas por artistas da Love Funk”. O policial seria um dos integrantes principais de uma “rede criminosa que demonstrou estrutura organizada, com divisão de tarefas, uso de empresas para movimentação de recursos e articulação entre empresários, artistas e agentes públicos”.
Os envolvidos são acusados pelos crimes de corrupção ativa, corrupção passiva, lavagem de dinheiro e exploração de jogos de azar. As atividades, segundo a denúncia do Ministério Público Federal (MPF), tinham como objetivo a sonegação de impostos, e o patrimônio de artistas e empresários era ocultado com a compra de carros de luxo, fazendas, adegas e barras de ouro.
Leia também
-
Saúde Caso Daniel Silveira: entenda o que significa creatinina alta
-
Paulo Cappelli Quem é a desembargadora que deu auxílio-ceia de R$ 10 mil a servidores
-
Paulo Cappelli Derrite expulsa policial civil preso pela PF com 63 armas ilegais
-
Paulo Cappelli Justiça decide punir Enel por morte de criança eletrocutada em “gato”
“Rato” atuava no 6º Distrito Policial de Santo André, na Grande São Paulo. Os promotores do caso afirmam que ele e outro agente da mesma delegacia foram citados em conversas de WhatsApp entre os acusados como sendo “articuladores da corrupção passiva para proteger os envolvidos nos crimes de contravenção penal e lavagem de dinheiro”.
Nas conversas encontradas pela PF nos celulares dos suspeitos, eles discutem os pagamentos à polícia. “Eles queriam 1 milhão e meio, já baixamos para 800, depois foi para 500 e agora eu falei para eles que vão mandar um café lá para eles: 50 mil”, diz o empresário Vitor Hugo dos Santos, também investigado. Um MC apontado pelo MPF fala sobre o percentual repassado aos agentes para a realização das rifas: “Polícia, eu pago 7%, porém eu fechei 150 mil”.
Um diálogo entre o MC Brisola e o empresário Victor Hugo, ocorrido em novembro de 2023, mostra a negociação para o repasse de R$ 20 mil a policiais de Santo André, inclusive “Rato”. Brisola envia ao empresário a imagem de um relatório da polícia sobre a rifa de um carro pelo perfil do funkeiro no Instagram. “O que eles querem?”, pergunta Victor Hugo. “R$ 200 mil”, responde Brisola. “Vou pagar 10%”, diz o empresário.
Metropoles