G1
Comitiva do Ministério dos Povos Indígenas (MPI) chegou, em Douradina (MS), no fim da manhã desta terça-feira (6). Ao todo, 11 pessoas ficaram feridas em confrontos no último fim de semana. Ministra Sonia Guajajara visita território em conflito, em Douradina (MS).Thalyta Andrade/TV MorenaA ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, visitou à área de confronto entre guaranis kaiowás e fazendeiros, em Douradina (MS), nesta terça-feira (6). A representante do governo federal veio a Mato Grosso do Sul quase um mês após o início do conflito e 11 pessoas se ferirem em disputa no último fim de semana.A comitiva da ministra é composta por membros do próprio Ministério dos Povos Indígenas (MPI) e Fundação dos Povos Indígenas (Funai). Durante a visita, Sonia conversou com representantes dos guarani kaiowá e afirmou encaminhar soluções para o conflito por meio do diálogo."Nós estamos aqui enquanto representação deste governo. É uma área que não será afetada pelo Marco Temporal. Queremos escutar os povos e levar, tanto para o governo federal e para o Supremo Tribunal Federal, para que juntos possamos dar celeridade a este processo. Não é possível ficar convivendo com estes conflitos e riscos de morte diariamente. As pessoas ficam em situação de insegurança permanente. Queremos garantir a segurança dos povos nas suas áreas", pontuou Sonia Guajajara.Clique aqui e entenda o que motivou o conflito por terra em DouradinaConforme apurado pelo g1, uma equipe do MPI visitou um jovem indígena, de 20 anos, que segue internado, em Dourados, com uma munição alojada na cabeça. Segundo o ministério, o rapaz foi vítima do confronto nesse sábado, quando cinco guaranis foram encaminhados feridos para atendimentos médicos."Viemos prestar essa solidariedade e trazer a presença do Estado Brasileiro. Nós estamos aqui como Funai e Ministério dos Povos Indígenas para trazer este apoio a este povo que está acampado e lutando pelo direito territorial. Primeiro, prestar solidariedade. Depois, precisamos destravar o processo dessa área que está com relatório feito e publicado pela Funai, que foi paralisado por uma decisão judicial", detalhou a ministra sobre a disputa fundiária.Conflito por terraNovo confronto entre indígenas e produtores rurais deixa 6 feridos em área de disputa fundiária em MSHá 24 dias, indígenas e produtores rurais estão em conflito por uma terra na área rural de Douradina, a 245 km de Campo Grande. No último fim de semana, a escalada de violência aumentou e 11 pessoas ficaram feridas após confronto entre ruralistas e indígenas do povo guarani kaiowá.A área ocupada pelos indígenas tem 12.196 hectares e foi delimitada pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) em 2011, mas ainda não houve demarcação porque o processo foi judicializado.Entre os dias 13 e 15 de julho, os indígenas começaram a retomar outros quatro territórios na mesma região. Os fazendeiros montaram um acampamento em frente ao dos indígenas e a tensão aumentou.De um lado, indígenas reivindicam a área como terra tradicional. Do outro, produtores rurais alegam serem proprietários legais da terra, utilizada para produção de commodities agrícolas.Vídeo mostra momento em que motorista em caminhonete atira contra indígena em MSO Conselho Indigenista Missionário (Cimi) afirma que os indígenas que estão na área de conflito são ameaçados por capangas armados. O Ministério dos Povos Indígenas (MPI) confirma que dois indígenas foram feridos por armas com munição de borracha nestes últimos dias de conflito.O MPI e a Defensoria Pública da União (DPU) afirmam que a área em disputa já foi delimitada pela Funai, em 2011. Entretanto, o processo de demarcação ainda não foi finalizado, pois há ações na Justiça que impedem seu andamento.A coordenadora geral do departamento de mediação e conciliação de conflitos fundiários do MPI, Daniela Alarcon, esteve em Douradina logo no início do conflito. A representante do ministério destaca a atuação para prevenir confrontos."A terra não foi demarcada, por causa do processo. Porém, não há nenhuma determinação de reintegração de posse por parte da Justiça. Mesmo não sendo concluída a demarcação, as etapas de delimitação e análises das contestações foram superadas, com a publicação do relatório de identificação e delimitação da área, que é uma etapa fundamental. No momento, ações judiciais impedem que o processo termine. Não é uma invasão. O Estado brasileiro já estudou e indicou que esta área é de ocupação tradicional", explica Daniela.Veja vídeos de Mato Grosso do Sul: