Diretor do Inca critica indústria do tabaco: "Conjunto de inverdades"
O diretor geral do Instituto Nacional do Câncer (Inca), Roberto Gil, fez duras críticas à indústria do tabaco nessa quarta-feira (29/5), durante o lançamento de uma campanha para a prevenção do uso de cigarros eletrônicos por crianças e adolescentes.
O diretor geral do Instituto Nacional do Câncer (Inca), Roberto Gil, fez duras críticas à indústria do tabaco nessa quarta-feira (29/5), durante o lançamento de uma campanha para a prevenção do uso de cigarros eletrônicos por crianças e adolescentes.
“Não dá para a gente estabelecer nenhuma confiabilidade em uma indústria que pensa no seu lucro acima de qualquer coisa. É muito difícil”, disse o oncologista clínico. “Essa é uma indústria que, quando olho o conjunto de inverdades, elas só se somam”, continuou.
A campanha Proteção das crianças contra a interferência da indústria do tabaco foi lançada pelo Ministério da Saúde e o Inca para chamar atenção para a iniciação precoce de produtos criados para atrair esse público.
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que novos produtos, como os cigarros eletrônicos, e informações enganosas da indústria levam à uma iniciação ao tabagismo cada vez mais precoce.
As crianças e adolescentes que usam cigarros eletrônicos têm pelo menos duas vezes mais probabilidade de fumar cigarros mais tarde na vida, segundo o Ministério da Saúde.
Experimentação de cigarros eletrônicos por estudantes
A última Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE) mostra que, em 2019, 16,8% dos estudantes com idades entre 13 a 17 anos já haviam experimentado o cigarro eletrônico. Desses, 13,6% estavam na faixa dos 13 a 15 anos e 22,7% na dos 16 e 17 anos.
A maior prevalência é entre os rapazes, com 18,1% dos entrevistados do sexo masculino afirmando já teram experimentado contra 14,6% das mulheres. Os dados estão disponíveis no portal do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Leia também
-
Brasil -
Brasil Apreensão de cigarros eletrônicos sobe 25% e chega a 1,3 milhão
-
Saúde Como o cigarro eletrônico mudou a forma como se fuma
-
Saúde Estudo compara efeitos do cigarro eletrônico com os do convencional
Ao olhar para o cenário nacional, os pesquisadores observaram uma variação regional, com maior experimentação do cigarro eletrônico nas regiões Centro-Oeste (23,7%), Sul (21,0%) e Sudeste (18,4%), ficando menor do que a média nacional na Região Nordeste (10,8%) e Norte (12,3%).
Houve ainda aumento dos estudantes de 13 a 17 anos que declararam o consumo de cigarros nos 30 dias anteriores à data da pesquisa. O percentual subiu de 5,6%, em 2013, para 6,8%, em 2019.
“Focar nas crianças é crucial, pois são especialmente vulneráveis e representam o futuro. Ao educá-las e fortalecê-las contra a pressão do tabagismo, investimos na saúde de amanhã. Além disso, ao envolver as crianças, impactamos suas famílias e comunidades, ampliando nosso alcance na prevenção do tabagismo", considerou Gil.
Fumantes passivos
Todos os anos, 603 mil pessoas morrem por complicações do tabagismo passivo em todo o mundo. Destas, 168.840 (28%) são crianças.
“A indústria, até hoje, tenta desconstruir o conceito do fumante passivo. E a gente vê que ela insiste na desconstrução, sempre coloca algum viés para garantir sempre a escravidão pela nicotina”, afirma Gil.
Siga a editoria de Saúde no Instagram e fique por dentro de tudo sobre o assunto!