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PCC

Derrite exalta protagonismo da PM na guerra ao PCC e revolta delegados

São Paulo — O protagonismo dado pelo secretário estadual da Segurança Pública, Guilherme Derrite, à Polícia Militar (PM) no combate ao Primeiro Comando da Capital (PCC) tem revoltado delegados da Polícia Civil paulista, que foi escanteada das duas últimas megaoperações contra a maior facção criminosa do país.


Foto: Jovem Pan

São Paulo — O protagonismo dado pelo secretário estadual da Segurança Pública, Guilherme Derrite, à Polícia Militar (PM) no combate ao Primeiro Comando da Capital (PCC) tem revoltado delegados da Polícia Civil paulista, que foi escanteada das duas últimas megaoperações contra a maior facção criminosa do país.

Durante evento no qual a Polícia Militar lançou uma “diretriz de combate ao crime organizado”, na última terça-feira (16/4), Derrite, que é capitão da reserva da PM, exaltou a atuação da corporação em parceria com Ministério Público de São Paulo (MPSP) e não fez menção ao trabalho da Polícia Civil.

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Trechos do discurso, feito para uma plateia de policiais militares em um auditório na zona oeste da capital paulista, foram postados pelo secretário em seu perfil nas redes sociais (assista abaixo), provocando a ira de delegados.

“A gente não vai só assumir, junto com o Ministério Público, o protagonismo no combate ao crime organizado, como a gente vai falar que existe um serviço de inteligência da Polícia Militar, existe um Centro de Inteligência, que produz muita análise no combate ao crime organizado”, disse Derrite no evento.

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Derrite foi condenado a pagar indenização de R$ 20 mil à família do encanador Ismael Moreira Mônica Andrade/Governo do Estado de SP

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O secretário da Segurança, Guilherme Derrite, recebendo medalha Marcelo S. Camargo / Governo do Estado de SP

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Meme irônico compartilhado entre delegados Reprodução/WhatsApp

Comandante geral PM SP

Comandante da PM de São Paulo Reprodução/Instagram

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Nico conversando com Derrite e Tarcísio Governo do Estado de São Paulo

O governador Tarcísio de Freitas e o secretário Guilherme Derrite

O governador Tarcísio de Freitas e o secretário Guilherme Derrite Governo do Estado de São Paulo/Divulgação

Guilherme Derrite

O secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite Governo do Estado de São Paulo/Divulgação

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A cúpula da Segurança Pública de SP Governo do Estado de São Paulo

Derrite em anfiteatro

Reprodução/Instagram

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O vídeo compartilhado por Derrite foi criticado pelo Sindicado dos Delegados de São Paulo, no fim da tarde de quarta-feira (17/4). A presidente da entidade, delegada Jacqueline Valadares, pontuou que as duas forças “precisam trabalhar em sintonia”, respeitando as atribuições de cada uma delas, “e não confundir todo o trabalho”.

“À PM cabe o trabalho nas ruas, de patrulhamento ostensivo e preventivo. Quando o Estado passa a transferir atribuições da Civil para a Militar, a própria PM fica sem fazer o que, prioritariamente, é de sua alçada. Isso pode fragilizar ainda mais a estrutura policial como um todo. Sem contar que, a ponta, que é a população, que tanto clama por segurança, será prejudicada”, disse Jacqueline.

Outro delegado ouvido pelo Metrópoles, sob condição de anonimato, afirmou que a fala de Derrite “mostra o menosprezo” dele pela Polícia Civil, que tem a prerrogativa constitucional para investigar crimes.

“Não é de hoje que a coisa está enveredando para uma questionável militarização da Segurança Pública. Isso se torna o carro chefe dessa política amplamente equivocada”, afirmou o delegado.

Vídeo

Acúmulo de críticas

Como mostrou o Metrópoles, a Associação de Delegados de São Paulo já manifestou indignação após a Polícia Civil ser escanteada na megaoperação contra um suposto esquema de lavagem de dinheiro do PCC por meio de empresas de ônibus que operam na capital, deflagrada na semana passada pelo MPSP, em parceria com a Receita Federal e a PM paulista.

Ao todo, a Operação Fim da Linha cumpriu quatro mandados de prisão e 52 de busca e apreensão na capital, no interior e no litoral paulista. Na mira dos investigadores estavam sócios de duas empresas de ônibus, a Transwolff e a UpBus, acusadas de lavar dinheiro da facção criminosa.

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Policiais recebem orientações antes de participar da Operação Fim de Linha, do MPSP, que mira empresas de ônibus suspeitas de ligação com o PCC Divulgação/MPSP

Operação ônibus PCC SP

Divulgação/Refeita Federal

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Acessórios e produtos de beleza apreendidos em operação do MPSP Divulgação/MPSP

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Promotor Lincoln Gakiya fala a policiais antes do início da Operação Fim de Linha, que mira empresas de ônibus suspeitas de ligação com o PCC Divulgação/MPSP

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Viaturas policiais a postos para participar da Operação Fim de Linha, do MPSP, que mira empresas de ônibus suspeitas de ligação com o PCC Divulgação/MPSP

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Viaturas policiais a postos para participar da Operação Fim de Linha, do MPSP, que mira empresas de ônibus suspeitas de ligação com o PCC Divulgação/MPSP

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Operação Fim de Linha, do MP, apreendeu armas e dinheiros com dirigentes de empresas de ônibus Reprodução/TV Globo

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Operação Fim de Linha, do MP, apreendeu armas e dinheiros com dirigentes de empresas de ônibus Reprodução/TV Globo

Operação ônibus PCC SP

Agentes da receita em garagens de ônibus

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Luiz Carlos Efigênio Pandolfi, o Pandora, dono da Transwolff Reprodução/Redes Sociais

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Presidente da associação de delegados, André Santos Pereira classificou a operação como "ilegal" e disse que “tal conduta" também "traz instabilidade às instituições" e "prejudica a população", sobretudo pelo possibilidade de a Justiça “declarar a ilegalidade da operação”.

"Com conhecimento das autoridades máximas do estado, vimos a afronta à ordem constitucional com a operação", afirmou, em comunicado para contestar a ausência da Polícia Civil na linha de frente da operação.

Conduzida pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do MPSP, a Operação Fim da Linha é o resultado de mais de quatro anos de investigação que começaram por inquéritos justamente da Polícia Civil. As ações forma detalhadas em coletiva de imprensa do MPSP, da qual participaram Derrite e o comandante-geral da PM, coronel Cássio Araújo de Freitas.

Na ocasião, o Metrópoles procurou a Secretaria da Segurança Pública para saber por que a Polícia Civil deixou de participar da operação, mas a pasta não respondeu. O espaço segue aberto para manifestação.

A mesma situação se repetiu na operação realizada na última terça-feira (14/4), contra um cartel articulado pelo PCC para fraudar contratos públicos com prefeituras e câmaras municipais em diferentes cidades da Grande São Paulo, do interior e do litoral. Treze suspeitos foram presos e dois estão foragidos. Mais uma vez, a Polícia Civil não apareceu na foto.

Diante das críticas, Derrite postou um vídeo na noite desta quarta-feira (17/4), em frente ao 30º DP (Tatuapé), na zona leste, para tentar acalmar os ânimos. Ao lado do titular da delegacia, Marcos Casseb, e do delegado-geral, Artur Dian, o secretário parabenizou o trabalho “intenso” e eficaz” da Polícia Civil no “combate ao crime organizado”.

Metropoles

São Paulo PCC Ssp Polícia Civil De São Paulo

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